Lições que Lesly (13 anos), que sobreviveu na selva amazônica por 40 dias, nos traz.
Lesly (13), Soleiny (9), Tien Noriel (5) e Cristin (1), crianças indígenas colombianas, conseguiram a façanha espetacular de sobreviver na selva amazônica colombiana por mais de 40 dias, depois que o avião, em que viajavam em companhia da mãe e de um líder indígena, caiu. Os adultos – o piloto do monomotor, o líder indígena e a mãe das crianças – faleceram.
Uma versão deu conta de que a mãe das crianças ainda sobreviveu por quatro dias depois da queda do avião e, antes de falecer, ela incentivou que os filhos fossem procurar o pai e orientou-os a não ficarem paradas junto aos destroços do avião. Ela sabia que não teria possibilidade de deslocar-se e nem de sobreviver.
A floresta amazônica é fechada. Não se consegue enxergar a mais de 10 metros à frente. Troncos de árvores, cipós, árvores menores e galhos se entrelaçam, dificultando a visão.

Não se consegue ver o céu; a copa das árvores encobre o céu e torna a floresta tremendamente escura à noite. Não se vê o sol, nem estrelas, nem a lua.

O ambiente é úmido e abafado. Chuvas intensas. Proliferam animais, mosquitos e serpentes.
Os ruídos são causados por pássaros e outros animais.
Não se consegue fogo.
Como encontrar água? Como e onde obter comida? As crianças comeram maraca (fruto parecido com o cacau que tem propriedades terapêuticas) e ovos de tracajá (espécie de cágado de carapaça, de pele negra com manchas amarelas na cabeça). Lesly havia aprendido sobre a floresta com seus pais e avós. Ela entendeu a floresta e sabia viver dentro dela.
Como Lesly conseguiu cuidar de si e, principalmente, de seus irmãos Tien, de 5 anos, e Cristin, de 1 ano? Como ela, mal alimentada, conseguiu alimentar, carregar, acalmar e cuidar de seus irmãos?
Como dormiram? Como se agasalharam? Como se aqueceram?
Houve boa sorte de não haverem se defrontado com animais ferozes ou Lesly soube evitá-los?
Somente ela poderá contar sua história e responder a essas perguntas.
Contudo, o fato permite uma conclusão: Lesly soube transformar o ambiente hostil da floresta em ambiente amigo e dele extrair aquilo que a floresta podia oferecer-lhe para sobreviver.
Se nós, urbanos e moradores de grandes cidades, nos víssemos perdidos na Amazônia, possivelmente não resistiríamos 3 ou 4 dias. Além da dificuldade de obter água, alimentos e abrigo, ainda haveria o medo do desconhecido. Desconhecendo os segredos da selva e daquilo que ela pode oferecer, não obteríamos comida.
Lesly conhecia a selva e a explorou em seu benefício e no de seus irmãos.
A selva não é amiga e nem inimiga; ela está lá, com água, animais, alimentos, árvores, frutas venenosas e frutas nutritivas. Há que conhecer o ambiente da selva para explorá-lo.

“Eles são filhos da floresta e sabem como sobreviver na selva”, disse Fidencio Valencia, indígena de 47 anos.
Para sobreviver, tanto na selva como na selva de pedra, temos que conhecer o ambiente em que vamos atuar. Temos de torná-lo nosso aliado para sabermos explorar suas potencialidades a nosso favor.
O mercado e o mundo dos negócios é terreno hostil, com disputas acirradas e lutas ferozes pela sobrevivência. Para sobreviver, você tem que conhecer o ambiente, os adversários, as regras, os amigos (fornecedores e parceiros).
Sun Tzu ensinou que “se você conhecer o inimigo e a si mesmo, sua vitória não será posta em dúvida. Mas se, além disso, se você conhecer o Céu (o clima e o tempo) e a Terra (o terreno onde se dará o combate), você tornará sua vitória completa”.
2 Comentários
Corretos comentários sobre o ambiente de selva tropical e destaco que contra a selva não se reage e, com paciência, alia-se.
Muito bons seus comentários, como sempre. Eu aqui em Manaus, apesar de não estar imerso na selva, já consigo me beneficiar de muita coisa que ela oferece e das poucas vezes que me meti turisticamente n mata me assustei com seu aspecto. Parabéns pelos oportunos comentários.