Todos nós sentimos, consciente ou inconscientemente, a presença de nossos antepassados em nossas vidas. As práticas ancestrais estão em nossa memória celular e influenciam nossa aparência física, nossos comportamentos e emoções. É importante refletir sobre isso para entender até que ponto essa presença tão vívida nos afeta positiva ou negativamente.
Certamente você já se questionou sobre o porquê de estar repetindo certos padrões negativos, os quais muitas vezes estão presentes em outros membros da família também. Essa compreensão pode ser alcançada através do Xamanismo. Engana-se quem classifica o Xamanismo como a religião dos índios. Trata-se, na verdade, de uma prática milenar de silenciar e sentir o poder da natureza de curar, reequilibrar e fortalecer nosso físico, mental, emocional e espiritual, despertando dentro de nós mais compaixão e compreensão sobre todos os seres que por aqui habitam ou já habitaram.
A conexão com a natureza é uma forma de reconectar-se com os ancestrais para resgatar um conhecimento aparentemente perdido. Com o passar dos anos, o desenvolvimento das civilizações foi nos afastando de práticas que nos trazem evolução e oferecem a oportunidade de nos transformamos sem perder nossas origens.
Nosso papel, portanto, é evoluir com a força e os ensinamentos dos nossos antepassados, aproveitando essa herança genética e memória subconsciente para avançar e romper com padrões negativos. E nossos ancestrais contribuem para que isso aconteça porque também querem a cura da nossa linhagem. Os índios fazem isso com maestria. Por meio do Xamanismo eles resgatam e honram os ancestrais, praticando a valorização da natureza como meio de obter mais consciência sobre os erros e acertos que nos fizeram sermos quem somos hoje.
Sendo assim, quando você se pergunta ‘Por que estou aqui?’, a resposta certamente virá se você passar a praticar atitudes simples e libertadoras. Atos como reunir pessoas ao redor de uma fogueira, contemplar e sentir a energia da natureza, contar histórias do passado ou meditar podem aproximá-lo dos ensinamentos ancestrais. O mesmo ocorre com as cerimônias que trabalham as medicinas das florestas, como Rapé, Ayahuasca, Sananga, tabaco e outras.
Nossos ancestrais faziam uso dessas práticas, por isso através do Xamanismo ficamos de frente para o passado, com a presença viva dos espíritos, e podemos aprender e nos libertar. Todos somos descendentes de povos xamânicos e há criaturas anteriores a humanidade que nos trazem muita sabedoria. Sabedoria sobre o ritmo da terra, pois todos viemos de uma só fonte.
O primeiro passo nessa jornada é levar a sério essa conexão ancestral e aprender a honrar e perdoar eventuais erros do passado, para depois curar padrões negativos e seguir adiante. E comece perdoando a si mesmo. Todos somos xamânicos e todos temos a capacidade de nos curarmos para evoluir. Basta aceitar e trabalhar nisso com respeito, disciplina e amor.
O Xamanismo
Xamanismo é um conjunto de manifestações, ritos e práticas presentes em inúmeras sociedades humanas e centralizadas na figura do xamã. Xamã é a figura tribal que exercia múltiplas funções – de sacerdote e curandeiro, pesquisador do poder de cura das plantas, a músico e poeta, narrador e guardião dos mitos e histórias de seu povo. O termo original saman vem justamente do verbo “conhecer” na língua siberiana manchu-tungus, significando “aquele que conhece” ou, simplesmente, “feiticeiro”. Em português (ou melhor, tupi) o exato equivalente seria “pajé”. A definição clássica de Xamanismo – “técnicas arcaicas de êxtase” – pertence ao filósofo romeno Mircea Eliade (1907-1986), especialista em História das Religiões. Muitos historiadores, arqueólogos e antropólogos acreditam que a origem do xamanismo está na Europa do final da Idade da Pedra, entre 30 000 e 20 000 anos atrás. A evidência principal estaria nas magníficas pinturas rupestres encontradas em cavernas da Espanha e da França.
1 comentário
Matéria muito esclarecedora principalmente para quem não tem o conhecimento ou a vivência, julgando previamente de forma preconceituosa.