Em sua coluna semanal no jornal O Estado de São Paulo, a jornalista Patrícia Ferraz conta interessante caso de empreendimento que merece ser replicado, pois contém ensinamentos valiosos.
A coragem de empreender, a determinação do empreendedor, a prevalência da qualidade do produto sobre luxo e ostentação, a superação, o aproveitar da oportunidade, tudo isso você encontrará na história do Razan Cozinha Árabe.
Ela fala do Razan Cozinha Árabe, restaurante simples, instalado numa garagem no bairro Ipiranga, que abre somente nos finais de semana e tem serviço amador. O que destaca o restaurante são a qualidade da comida e os baixos preços. Sua origem também é interessante pois, segundo a jornalista, teve origem com uma senha de Wi-Fi.
Razan e seu marido, Mouhamad, sírios, chegaram a São Paulo em 2014, como refugiados de guerra.
A Guerra Civil Síria começou em 2011 com grandes protestos populares e progrediu para luta armada no mesmo ano. A oposição alega estar lutando para destituir o presidente Bashar al-Assad; o governo sírio diz estar combatendo terroristas armados que visam desestabilizar o país. A luta intensificou-se, passou também a abranger aspectos de natureza sectária e religiosa e espalhou-se para a região.
Metade do fluxo anual de refugiados no mundo são sírios, que deixam o país por causa dos conflitos internos, guerras, perseguições políticas, ações de grupos terroristas e violência.
Ao chegar ao Brasil, Razan nunca havia trabalhado e estava grávida; Mouhamad era funileiro. Tempos difíceis para o casal.
Num dia qualquer, uma vizinha ofereceu ao casal compartilhar a senha de Wi-Fi e, para agradecer-lhe, Razan preparou pratos de comida árabe para ela.
A vizinha gostou tanto que sugeriu a Razan vender para os demais moradores do edifício e anunciou o produto no grupo de Whatsapp dos moradores. Sucesso.
Depois, o casal comprou uma casinha no bairro paulista do Ipiranga e conseguiu equipar a cozinha com ajuda de amigos. Montou o restaurante na garagem da casa.
Mouhamad faleceu em 2022 e Razan, com 3 filhos pequenos, seguiu com o restaurante com disposição, determinação e boa mão para a cozinha.
O site do restaurante diz que, ao lado da família, Razan Suliman buscou o Brasil para recomeço e se reergueu com a venda de comida árabe.