Por Simone Hillbrecht
“Cisnes Selvagens: três filhas da China”, publicado em 1991, nos transporta para a China do século 20 em um cenário turbulento, marcado por profundas transformações sociopolíticas. O livro escrito por Jung Chang narra a vida de três gerações de mulheres que tentam preservar sua humanidade em meio a uma sociedade tradicional e opressiva.
Narrado em primeira pessoa, a autora conta a história da China através da história de sua própria família. O enredo se desdobra revelando a jornada de três gerações de mulheres. A avó, oferecida como concubina a um poderoso militar, enfrentou opressão e solidão em um ambiente de tradição milenar; a mãe, destacada membro do Partido Comunista, viveu a ocupação japonesa na Manchúria, atravessando períodos de idealismo e desilusão. Jung Chang testemunhou a Revolução Cultural e buscou sua voz através da escrita, mostrando como as mudanças políticas afetaram diretamente as vidas das pessoas.
Cada personagem reflete as complexidades e desafios enfrentados por mulheres em diferentes épocas naquele país. A avó representa a tradição e a submissão feminina, a mãe simboliza a luta por ideais políticos em um regime opressivo, enquanto Jung Chang personifica a busca pela identidade e liberdade pessoal em um contexto de mudanças radicais.
O livro tem início coma queda da China imperial, momento em que aquele território passa a ser uma república feudal comandada por caudilhos. Jung Chang guia o leitor por todos os grandes eventos políticos e sociais que aconteceram na época, desde o fim do Império Chinês até a Revolução Comunista, as atrocidades da Revolução Cultural e a ascensão do Partido Comunista Chinês ao poder. Finaliza com a morte de Mao Tsé-Tung e a prisão do “Bando dos Quatros” (1976), onde um dos líderes é Madame Mao [a temida esposa de Mao Tsé-Tung que chegou a se tornar a mulher mais poderosa da China comunista].
A interconexão das histórias das três protagonistas do livro revela a evolução histórica e social daquele país, destacando as transformações e os conflitos enfrentados por elas em meio a tumultuadas transformações.
“Cisnes Selvagens: três filhas da China” foi um dos primeiros relatos da China comunista. Leitura essencial para quem busca entender a essência do maoísmo e conhecer a história recente da China
Mais do que um relato pessoal, a obra captura o drama humano vivido no período. A trajetória das principais personagens – a avó, a mãe e a própria Jung Chang – reflete não apenas a luta pela sobrevivência em um contexto adverso, mas também a busca por identidade e liberdade numa época de grandes mudanças. Um livro sobre resiliência e coragem.
A autora vive atualmente em West London com o seu marido, o historiador britânico Jon Halliday. Ela visita a China regularmente para ver a sua família, com a permissão das autoridades chinesas. “Cisnes Selvagens: três filhas da China” foi traduzido para 30 idiomas e vendeu mais de 10 milhões de cópias. O livro de Jung Chang foi banido da China.
Editora : Companhia de Bolso; Edição de bolso (4 julho 2006)
Idioma : Português
Capa comum : 648 páginas
ISBN-10 : 8535908625
ISBN-13 : 978-8535908626
1 comentário
Excelente dica. Tenho visto muitos livros sobre histórias verídicas (e muito tristes) de mulheres chinesas. Tenho vontade de colocar em minha lista de futuras leituras, para aprender sobre um país tão diverso e também agradecer pela bolha na qual. Vou anotar essa dica.