Este livro, lançado originalmente em 2009, deu aos brasileiros uma nova imagem de Clarice Lispector e consagrou sua obra no exterior. Se hoje Clarice é uma figura mítica das letras brasileiras – bela, misteriosa e brilhante -, sua vida foi recheada de percalços que a tornam mais complexa do que mostra a imagem oficial. Ao empreender uma síntese inédita entre vida e obra de uma autora clássica, Benjamin Moser deu uma contribuição de extrema importância para a cultura brasileira.
Infiel: a História de uma Mulher que Desafiou o Islã
Ayaan Hirsi Ali, Companhia das Letras.
“Em novembro de 2004, o cineasta Theo van Gogh foi morto a tiros em Amsterdã por um marroquino, que em seguida o degolou e lhe cravou no peito uma carta em que anunciava sua próxima vítima: Ayaan Hirsi Ali, que fizera ao lado de Theo o filme Submissão, sobre a situação da mulher muçulmana. E assim essa jovem exilada somali, eleita deputada do parlamento holandês e conhecida na Holanda por sua luta pelos direitos da mulher muçulmana e por suas críticas ao fundamentalismo islâmico, tornou-se famosa mundialmente. No ano seguinte, a revista Time a incluiu entre as cem pessoas mais influentes do mundo.
Como foi possível para uma mulher nascida em um dos países mais miseráveis e dilacerados da África chegar a essa notoriedade no Ocidente? Em Infiel, sua autobiografia precoce, Ayaan, aos 37 anos, narra a impressionante trajetória de sua vida, desde a infância tradicional muçulmana na Somália, até o despertar intelectual na Holanda e a existência cercada de guarda-costas no Ocidente. É uma vida de horrores, marcada pela circuncisão feminina aos cinco anos de idade, surras frequentes e brutais da mãe, e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio. É também uma vida de exílios, pois seu pai, quase sempre ausente, era um importante opositor da ditadura de Siad Barré: a família fugiu para a Arábia Saudita, depois Etiópia, e fixou-se finalmente no Quênia. Obrigada a frequentar escolas em muitas línguas diferentes e a conviver com costumes que iam do rigor muçulmano da Arábia (onde as mulheres não saíam à rua sem a companhia de um homem) à mistura cultural do Quênia, a adolescente Ayaan chegou a aderir ao fundamentalismo islâmico como forma de manter sua identidade.
Mas a guerra fratricida entre os clãs da Somália e a perspectiva de ser obrigada a casar com um desconhecido escolhido por seu pai, conforme uma tradição que ela questionava, mudaram a sua vida e ela acabou fugindo e se exilando na Holanda. Ayaan descobre então os valores ocidentais iluministas da liberdade, igualdade e democracia liberal, e passa a adotar uma visão cada vez mais crítica do islamismo ortodoxo, concentrando-se especialmente na situação de opressão e violência contra a mulher na sociedade muçulmana.”
Catarina, a grande: Retrato de uma mulher
Robert K. Massie, Rocco.
“Uma obscura princesa alemã é levada para a Rússia aos 14 anos de idade para casar-se com Pedro III, herdeiro do trono. Prisioneira de um casamento infeliz, Catarina conduz um golpe que irá depor o marido, além de levá-la à coroação, dando o primeiro passo para entrar na história como uma das mais poderosas e marcantes personalidades femininas de todos os tempos. Dona de uma mente brilhante e de uma curiosidade insaciável, Catarina governou por 34 anos, desvendando os mistérios e intrigas da corte. Grande leitora dos pensadores iluministas, manteve uma correspondência com Voltaire e buscou pôr em prática os ideais de um despotismo benevolente, como pregava Montesquieu. Enfrentou rebeliões domésticas, guerras e as mudanças políticas que culminaram na Revolução Francesa. Catarina foi determinante na modernização do império russo, na promoção das artes, no ensino e no alargamento de fronteiras. Sua família, amigos, damas de companhia, inimigos e diversos amantes são vivamente retratados nesta biografia, assim como as amarguras do casamento com Pedro, mais interessado em brinquedos e fardas do que na mulher, que por nove anos permaneceu intocada por ele.”
Historiador e pesquisador, Robert K. Massie soma anos de dedicação à história russa. Famoso pela biografia de Nicolau e Alexandra, os últimos Romanov, neste livro ele revela passagens dos diários e de cartas da czarina, pintando um retrato fascinante de Catarina, a Grande. Vencedor do Prêmio Pen/Jacqueline Bograd Weld 2012 de melhor biografia.
Katharine Graham. Uma História Pessoal
Katharine Graham, DBA.
“Autobiografia da primeira CEO e publisher de um grande jornal americano. Em 1963, Katharine Graham, inesperadamente, vira dona do periódico The Washington Post. Com dificuldades para ser levada a sério por seu pai, que escolhe seu marido como seu sucessor do Post, ela enfrenta diversos obstáculos. Seu livro é franco, e relata de forma comovente, a história com seu marido, com sua família e de seu jornal. Katharine foi muito mais do que a primeira mulher a comandar um dos maiores veículos de comunicação. Foi uma gigante líder, colecionando atos famosos e ousados, como a decisão de publicar informações dos Documentos do Pentágono e, mais tarde, também esteve presente na revelação do escândalo de Watergate. Parte dessa história foi retratada no filme The Post: a Guerra Secreta.”
Rita Lee: outra biografia
Rita Lee, Globo Livros.
“(…) quando decidi escrever Rita Lee: Uma autobiografia (2016), o livro marcava, de certo modo, uma despedida da persona ritalee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica.”
Rita Lee
Rita pode ter tido de tudo, menos uma “vidinha besta”. E os últimos anos foram, sim, desafiadores. Ao mesmo tempo que o mundo passava por uma pandemia, ela foi diagnosticada com câncer no pulmão. Em um texto franco, ora cru e chocante, ora cheio de ironias, ora sutil e amoroso, Rita Lee não poupa detalhes de seu tratamento. Fala também da rotina, dos avisos do Universo, de seres de luz e dos caminhos que a vida tomou.
Com franqueza e honestidade — marcas registradas de sua escrita —, ela pariu um novo livro autobiográfico que vai mexer profundamente com o leitor. Nossa compositora maior está, sem dúvida, no panteão literário entre os grandes escritores. Ao nos entregar este livro, Rita é tomada de uma coragem que só não é superior ao amor que tem por seu público. Afinal, ela quis contar a ele, tim-tim por tim-tim, o que se passou. Viva Rita!
Phantom, março de 2023
GOLDA
Elinor Burjett, Editora Larousse.
“Integrante do pequeno grupo dos soldados de Israel, Golda Meir foi a principal arquiteta da infraestrutura socialista de seu país, tornando-se posteriormente sua mais tenaz defensora no front internacional. Uma das mulheres mais influentes da história moderna, como primeira-ministra de Israel foi a primeira chefe de estado no mundo ocidental. Sua devoção à criação e defesa da pátria judaica ante inimigos obstinados e aliados instáveis, surpreendeu até os mais céticos políticos contemporâneos pela firmeza e liderança, e influenciou a política no oriente médio por décadas.”
Joana d’Arc: A surpreendente história da heroína que comandou o exército francês
Helen Castor, Gutenberg.
“Ao contrário das tradicionais narrativas, com relatos já moldados pelo que conhecemos a respeito de quem Joana d´Arc se tornaria, a aclamada historiadora Helen Castor nos leva de volta à França do século XV, em plena Idade Média. Em vez da personagem icônica, ela nos apresenta uma jovem vibrante, que confronta os desafios da fé e da dúvida, e que, ao lutar contra os ingleses, toma partido em uma sangrenta guerra civil.
Por essa rica e intensa narrativa, conhecemos uma extraordinária jovem em meio aos eventos tumultuados de seu tempo, onde ninguém – nem ela e nem as pessoas ao seu redor, como príncipes, bispos, soldados ou camponeses – imaginava o que aconteceria a seguir.”
Em busca de mim
Viola Davis, Best Seller.
“A internacionalmente aclamada atriz Viola Davis narra em sua biografia, Em busca de mim, tudo o que viveu desde a infância difícil até o estrelato. Nesta biografia você vai conhecer uma garotinha chamada Viola, que fugia de seu passado até tomar a transformadora decisão de parar de fugir para sempre.
Em busca de mim conta a minha história, de um apartamento caindo aos pedaços na cidade de Central Falls, em Rhode Island, para os palcos de Nova York e além. Este é o caminho que percorri em busca de propósito e força, mas também para me fazer ser ouvida em um mundo que não me percebia. Enquanto escrevia Em busca de mim, pensei no quanto nossas histórias nem sempre recebem a devida atenção. São reinventadas para serem encaixadas em um mundo louco, competitivo e crítico. Escrevi este livro para aqueles que se sentem excluídos, que estão em busca de uma forma de entender e superar um passado complicado e encontrar autoaceitação no lugar da vergonha. Escrevi para quem precisa se lembrar de que a vida só vale a pena ser vivida se a encararmos com honestidade radical e coragem de abandonar as máscaras e apenas ser… você.
Em busca de mim é uma reflexão profunda, uma promessa e uma declaração de amor a mim mesma. Espero que minha história o inspire a revolucionar sua vida de forma criativa e a redescobrir quem você era antes que o mundo tentasse defini-lo.”
“Elizabeth Gilbert estava com quase trinta anos e tinha tudo o que qualquer mulher poderia querer: um marido apaixonado, uma casa espaçosa, o projeto de ter filhos e uma carreira de sucesso. Mas em vez de sentir-se feliz e realizada, sentia-se confusa, triste e em pânico. Enfrentou um divórcio, uma depressão debilitante e outro amor fracassado. Até que decidiu tomar uma decisão radical: livrou-se de todos os bens materiais, demitiu-se do emprego, e partiu para uma viagem de um ano pelo mundo – sozinha. Este livro é a envolvente crônica desse ano. Seu objetivo era visitar três lugares onde pudesse examinar aspectos de sua própria natureza, tendo como cenário uma cultura que, tradicionalmente, fosse especialista em cada um – o prazer mundano, a devoção religiosa e os verdadeiros desejos.”
Se você leitora, recomenda alguma outra biografia, compartilhe a sua sugestão!
Leia também aqui na Dica Cultural:
- Herege: Por que o Islã precisa de uma reforma imediata [Ayaan Hirsi Ali]
- Timoneiras – Assumindo o leme da vida com o passar da idade [Mary Pipher]
- Mulheres que correm com os lobos– Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem [Clarissa Pinkola Estés]
- As Mulheres Essenciais da Liberdade [Fraser Institute]
- A casa das jovens viúvas – A vida das mulheres no Estado Islâmico [Azadeh Moaveni]
- O diário de Anne Frank
- Mulheres sem nome [Martha Hall Kelly]
- Jane Eyre [Charlotte Brontë]
- Ana Bolena [Alison Weir]
- A filha da fortuna [Isabel Allende]
- A amiga genial [Elena Ferrante]
- O conto de aia [Margareth Atwood]
- As boas mulheres da China [Xinran Xue]
- Ao Farol [Virginia Woolf]
- Primeiro eu tive que morrer [Lorena Portela]
- O segredo do anel: o legado de Maria Madalena [Kathleen McGowan]
- Véspera [Carla Madeira]
- O lugar [Annie Ernaux]
- The Wild Iris [Louise Glück]
- A guerra não tem rosto de mulher [Svetlana Alexievitch]
- Beethoven era 1/16 negro [Nadine Gordimer]
- Desejo [Elfriede Jelinek]