A COP30 em Belém tende a ser grande fiasco.
A COP
COP, sigla para Conference of the Parties (Conferência das Partes) criada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou UNFCCC, na sigla em inglês), é o encontro anual que reúne os países signatários do UNFCCC para debater medidas contra as mudanças climáticas.
As COPs funcionam como órgão de decisão a fim de garantir que os países cumpram suas obrigações para amenizar os efeitos das mudanças do clima e conter o aquecimento do planeta.
A COP de 2025, a de número 30, será realizada em Belém, PA, de 10 a 21 de novembro.
COP 30 no Brasil
O governo brasileiro se propôs a sediar a COP30 e realizar o encontro na cidade de Belém, PA. A escolha do lugar teve um único aspecto favorável, qual seja o simbolismo que a cidade de Belém oferece como porta de entrada da floresta amazônica. Será a oportunidade para que os representantes dos países sobrevoem a floresta e a conheçam do alto.
Mas os aspectos desfavoráveis de Belém predominam, evidenciando falta de planejamento e falta de visão sobre o suporte necessário para encontro de tamanha envergadura, que envolve representantes dos 198 países signatários da UNFCCC.
Falta de estrutura de Belém
O saneamento básico em Belém (PA) é crônico, com cobertura de esgoto inferior à média nacional. Apenas cerca de 20% da população de Belém são atendidos com esgotamento sanitário; mais de 1 milhão de pessoas não é atendido com coleta de esgoto.
Belém é considerada uma das cidades com piores sistemas de água e esgoto do país.

Essas considerações não visam depreciar Belém, mas a mostrar que a cidade não tem estrutura para sediar o encontro que tenha por objetivo debater mudanças climáticas e providências necessárias para proteger o planeta.
A culpa é de quem decidiu fazer a COP em Belém sem verificar se a cidade tem estrutura para receber delegações.
Rede hoteleira
Outro aspecto deficiente em Belém é a rede hoteleira.
A pouco mais de dois meses para o início da COP30, apenas 47 países, cerca de um quarto dos países signatários da UNFCCC, confirmaram presença na conferência.
Normalmente os países confirmam presença com antecedência, porque há muitos aspectos a serem preparados: número de pessoas da delegação, autoridades que estarão presentes, hospedagem, transporte, alimentação e segurança.
Belém não oferece hotéis em quantidade para receber as delegações da COP30. A lei da oferta e procura funcionou plenamente na cidade com os hotéis elevando absurdamente o preço das diárias. O Hotel Nota 10 mudou o nome para Hotel COP30 e elevou o preço da diária em 3.000%.

Os proprietários estão exigindo que os inquilinos deixem os imóveis a fim de alugá-los por preço bem mais alto durante a conferência.
O preço médio das diárias em Belém durante a COP30 é de 350 dólares. A ONU subsidia 140 dólares de diária para os países participantes. A conta não fecha e gerou um impasse: a ONU quer que o Brasil subsidie e amplie a hospedagem e o Brasil quer que a ONU banque a hospedagem por inteiro.
Há expectativa de que os preços aumentem à medida que se aproximar a data do vento.
COP esvaziada
Países pobres da África e Oceania não podem suportar gastos elevados de hospedagem e estão cancelando a participação. A Áustria desistiu de vir para economizar o dinheiro de seus pagadores de impostos. Polônia e Holanda avisaram que participarão com equipe reduzida.
Não faz sentido construir hotéis em Belém, pois a cidade não tem fluxo de turistas normalmente e os hotéis ficariam ociosos depois da COP.
Arrisca-se ter a COP30 esvaziada, fato que depõe contra o Brasil. Tudo indica que será grande fiasco.
A ONU propôs trocar Belém por outra cidade, mas o governo brasileiro não aceitou.
Planejamento
Logística e planejamento não admitem improvisos nem falta de preparação. Tanto faz se para empresas, negócios ou encontros da ONU.
O evento será realizado em Belém em razão do mandonismo imperial do presidente da República sem que tivesse havido análises, planejamentos e estudos sobre as condições de Belém.
