“Aja como se o que você faz fizesse a diferença, porque faz.”.
William James
O início da pandemia e uma cirurgia complexa a que fui submetida na mesma época me afastaram da prática do trabalho voluntário, atividade que realizo desde jovem e sempre foi importante para mim. Descobri cedo que essa forma de viver, compartilhar e ser útil, acrescentava sentido a minha vida.
Voluntário é aquilo que é feito de forma espontânea, jamais por obrigação, mas que escolhemos conscientemente fazer; trabalhar de forma voluntária significa realizar atividades de interesse social, doar tempo e talento sem receber nada em troca. É a solidariedade posta em prática. O voluntariado existe a partir da percepção de que o Estado é insuficiente e que precisamos fazer alguma coisa enquanto sociedade em auxílio de quem mais necessita. Atualmente, diversas organizações se utilizam do trabalho voluntário de milhares de pessoas, no Brasil e em todo o mundo, como por exemplo a Cruz Vermelha, Lions Clubs International, Rotary International, Médicos Sem Fronteiras, e tantas mais. Algumas dessas atividades requerem maior especialização por serem realizadas em hospitais, clínicas e escolas, por exemplo, mas várias outras independem de qualificação, basta boa vontade e iniciativa.
Todos os aspectos de nossas vidas melhoram quando praticamos o voluntariado e não me refiro apenas ao fato de nos tornarmos mais tolerantes e empáticos frente a dificuldade alheia, mas como essa atividade tão gratificante pode impactar também a vida profissional. O trabalho voluntário, hoje em dia, pode ser colocado no currículo e se transformar em um diferencial importante no processo seletivo: sinaliza habilidades diversificadas por parte do candidato, como a flexibilidade, a capacidade de trabalhar em equipe, assumir vários tipos de funções, o estímulo a colaboração, o senso de comprometimento e, além disso, cada vez mais as empresas estão investindo em trabalhos sociais. Acredito que se temos o privilégio de viver em melhores condições, podemos contribuir de alguma forma, seja qual for a razão que nos impulsione.
Percebo que muitas pessoas gostariam, mas não sabem como colocar isso em prática. Vale lembrar que auxiliar o próximo não diz respeito apenas a suprir necessidades materiais, porque cada um oferece aquilo que pode. Já visitei abrigos onde passei o dia fazendo maquiagem para melhorar a autoestima das adolescentes e outros em que emprestava os olhos para ler livros de poesia e mensagens de autoajuda. Já fiquei simplesmente “batendo-papo” com homens e mulheres em situação vulnerável que aguardavam na fila para receber a refeição. Na verdade, o que eu estava oferecendo ali era o meu tempo, a minha atenção, até porque muitas vezes tudo o que se quer é ter alguém com quem conversar. Saber ouvir é essencial. Lembro de ter saído desses lugares muito melhor do que entrei, com a alma lavada e a sensação de ter feito algo que ia além do meu universo pessoal. É primordial que essa atividade proporcione prazer e faça sentido para você. Fazia sentido para mim e me deixava feliz.
Falando em felicidade, concordo com a autora de The Power of Meaning: Crafting a Life That Matters, Emily Smith, quando argumenta que encontrar sentido na vida pode ser ainda mais gratificante que buscar a felicidade propriamente dita, tão enfatizada pela nossa cultura. Vidas significativas dizem respeito a contribuir com algo maior do que você e não apenas buscar aquilo que lhe faça sentir bem, mas se conectar e realizar algo que valha a pena, que torne o mundo a sua volta um lugar melhor.
Não faço trabalho voluntário pensando em carreira e estou longe de ter vocação para Madre Teresa, mas tudo isso me ajuda a manter a perspectiva com a realidade. O cotidiano é cheio de distrações e tende a nos tornar alheios ao que acontece ao redor.
Uma coisa é certa: não há como fazer algo de bom para outra pessoa sem trazer algo de bom para si, sem agregar um significado maior a sua vida, nem que seja o de profunda gratidão por tudo o que tenho, no sentido mais amplo. Não sei quem é o maior beneficiado nessa história, mas desconfio a cada dia que passa que seja eu mesma.
Quem pratica o trabalho voluntário entende que estamos todos conectados. Invoque a parte mais elevada do seu ser, escolha um projeto social e comprometa-se.
Confira algumas plataformas de trabalho voluntário:
https://plan.org.br/voluntariado/
https://voluntariosgb.com.br/ong/youth-action-hub
https://doador.msf.org.br/doacao-doador-sem-fronteiras-ads/
http://www.cruzvermelha.org.br/pb/contato/seja-um-voluntario/
https://www.lionsclubs.org/pthttps://www.rotary.org/pt
https://fiesc.com.br/pt-br/euvoluntario
https://www.basecolaborativa.org/
https://www.acnur.org/portugues/trabalhe-no-acnur/voluntariado-das-nacoes-unidas/
https://aacd.org.br/voluntariado
4 Comentários
Excelente seu texto…um alerta para que a gente se agilize e Faça alguma coisa pra melhorar a vida de alguém, e consequentemente a nossa. Parabéns!
Texto perfeito, Simone, parabéns
Parabéns Simone. Quando realizamos trabalho voluntário achamos que estamos dando, mas na verdade estamos recebendo. É onde encontramos vitalidade para sobreviver a esse caos chamada vida, em que alternamos momentos de alegria, de tristeza e alguns de incertezas perante tantas injustiças que presenciamos.
Texto perfeito, Simone, parabéns