Já que vamos conversar sobre café, nada mais justo que começar pela história. Segundo a Abic, o Brasil é o maior produtor mundial de café e o segundo maior consumidor do mundo, perdendo somente para os Estados Unidos. Isso justifica nosso interesse pelo tema, concordam? Sendo assim, sirvam uma boa xícara, sentem-se à vontade e vamos prosear.
De fatos e lendas podemos traçar o caminho feito pelo café no mundo e, embora faltem algumas informações, o roteiro percorrido e as histórias da bebida popular que ganhou o gosto da população mundo afora são as mais cativantes. Mesmo sem saber ao certo a origem, as duas variedades de café mais conhecidas e comercializadas no mundo, Arábica e Robusta, remetem ao Sudão do Sul, Etiópia e à África Ocidental.
Antes de ser consumido como conhecemos hoje, nos métodos tradicionais de extração, o café era usado na alimentação do rebanho. Ao perceberem que misturar as folhas da planta café influenciava o comportamento do rebanho, deixando-o mais enérgico, os pastores itinerantes da África começaram a misturar grãos com gordura e temperos durante as viagens longas ou em rituais religiosos. Outro método de consumo comum era a infusão com as folhas da casca das cerejas, que produzia uma bebida rica em cafeína.
As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez no Yemen, tendo sido levado por escravos africanos. No Século XV, os sufis bebiam um chá preto com as cerejas de café chamado de quishr, ou vinho das Arábia, pelo seu poder revigorante. Já o nome café é originário da palavra árabe qahwa, que significa vinho.
Foi nessa época que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaceh Kanes. Eram locais onde comerciantes podiam beber e conversar sobre negócios – hábito que ganhou o mundo e perdura até hoje, diga-se de passagem.
Foi somente no Século XVI que os árabes passaram a torrar e moer os grãos em um processo semelhante ao atual. Os árabes, os primeiros a comercializarem o produto, julgavam-no tão importante que cozinhavam o café para que ninguém mais pudesse cultivá-lo. Tinham total controle sobre o cultivo e a preparação da bebida. Era terminantemente proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações. Somente a semente fora do pergaminho, que não brotava mais, poderia ser levada para fora do País. Mas, num determinado momento da história, o café acabou espalhando-se pela Turquia, Egito e Norte da África.
Nessa época, os alemães, franceses e italianos buscavam de todas as formas desenvolver o plantio em suas colônias. No Século XVII um sufi contrabandeou sementes do Iêmen para a Índia, e um comerciante Holandês para Amsterdã. A partir daí, a bebida tornou-se um hábito entre os europeus, com a abertura de inúmeras cafeterias.
No final do Século XVII já estava sendo cultivada nas colônias holandesas e na Indonésia também. Junto com os portugueses e franceses, os holandeses e suas colônias transportaram o café para a América.
As colônias do Caribe e da América do Sul iniciaram no começo do Século XVIII. Os holandeses cultivaram no Suriname e deram mudas de presente aos franceses, que levaram ao Haiti, à Martinica e à Guiana Francesa. Os britânicos, por sua vez, trouxeram o café do Haiti para a Jamaica.
Em 1727, da Guiana Francesa para o Brasil. Segundo consta, após um oficial da Marinha Brasileira não conseguir trazer as sementes, ele seduziu a esposa do governador local, que as contrabandeou em um buquê. Da América do Sul ao Caribe, o café espalhou para a América Central e para o México. No final do Século XIX as mudas de café também eram desenvolvidas nas colônias da África.
Como vocês podem ver, a bebida é praticamente uma joia. Rendeu muita disputa e espionagem industrial pelo mundo. Hoje, contudo, é presença certa nos melhores momentos de nossas vidas, seja em família ou no trabalho. Como é prazeroso acordar com um bom café consumido ao lado de quem se ama. O mesmo acontece na esfera profissional. O café muitas vezes está ali quando fechamos aquele bom negócio. Concordam? Se a resposta for sim, certamente vamos nos ver novamente para continuar essa prosa. Então, até a próxima rodada!
Cronologia
1600
Do Iêmen à Holanda
Do Iêmen à India
Da Holanda à Índia, Java, Suriname e França
1700
Da França ao Haiti, Martinica, Guiana Francesa e Ilha Reunião
Da Reunião às Américas Central e do Sul
Da Martinica ao Caribe e Américas Central e do Sul
Do Haiti à Jamaica
Da Guiana Francesa ao Brasil
1800
Do Brasil ao Leste da África
Da Ilha Reunião ao Leste da África.