Ainda no mês que tem o dia consagrado à mentira, é oportuno publicar o resultado de estudo feito pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, a respeito da mentira e de dizer mentiras.
O estudo feito, com 110 pessoas ao longo de dez semanas, mostrou que as pessoas, que conseguiram reduzir o número de mentiras que contam no dia a dia, relataram melhora na saúde física e mental.
O depoimento delas diz que, ao contarem menos mentiras, passaram a sentir-se menos tensas e melancólicas e até passaram a sentir menos problemas físicos tais como dores de cabeça e de garganta.
Contar mentira gera ansiedade e estresse. Ao dizerem mentiras, a consciência acusa, as pessoas sentem-se incomodadas, precisam lembrar-se do que disseram, precisam justificá-las ou até precisam contar mentiras adicionais para manter a original. É bem mais estressante que dizer a verdade que é uma só.
Richard Whately (1787 – 1863, filósofo e teólogo inglês) fez belo diagnóstico do confronto da verdade com a mentira. Disse ele que “cada um deseja ter a verdade do seu lado; mas poucos desejam estar do lado da verdade”. Dois pesos e duas medidas: um para a forma de ser tratado, e outro para a forma de tratar.
A autora do estudo da Universidade de Notre Dame, Anita Kelly, diz que, ao longo do dia, uma pessoa mente 11 vezes em média. Segundo ela, ser honesto é um processo, por meio do qual a pessoa deve educar-se para ser sincera e honesta, sem querer agradar a quem quer que seja. Se for mentir para agradar, que se prefira ficar calado.
O escritor Robert S. Feldman diz que as pessoas mentem muito, entre 2 e 3 vezes numa conversa de apenas dez minutos.
A prática e a educação levam a pessoa a se educar para dizer a verdade. Só que as pessoas não se livram de maus hábitos de uma vez, como se os atirassem da janela facilmente. Livrar-se de maus hábitos é um processo, como descer uma escada: desce-se degrau por degrau, um de cada vez. Assim é que a pessoa consegue educar-se e fortalecer o caráter.
Segundo a pesquisa, a recompensa de dizer a verdade é grande. A pessoa se torna mais humilde, aprende a falar e a silenciar, aprende a controlar ímpetos, aprende a falar menos superfluidades e inutilidades e se torna mais aberta ao aprendizado.
Ser sincero faz aproximar de pessoas decentes e sinceras, com quem é mais fácil lidar; há maior confiança e empatia. Ser sincero afasta pessimistas e pessoas falsas. Essas atitudes acabam por refletir-se na saúde física e mental.
Certa vez, foram contar um fato ao filósofo Sócrates. Antes que a pessoa lhe dissesse algo, Sócrates disse que o fato, a ser narrado, precisava passar pelo crivo de três filtros.
O primeiro filtro é o da BONDADE; ele somente desejaria ouvir coisas bondosas. O segundo filtro é o da UTILIDADE; ela desejava ouvir coisas úteis, que lhe servissem ao amadurecimento cultural e espiritual. O terceiro filtro é o da VERDADE; ele não queria ouvir coisas por ouvir falar, deduções ou julgamentos.
Esses três filtros ajudam a descer os degraus do processo de educação e fortalecimento do caráter.