Por Cláudio Duarte
Nosso último artigo abordou a atuação das mulheres na Sexta-Feira da Paixão ao lado de Cristo. Vejamos a atuação das mulheres quando da Sua ressurreição.
Cristo morreu no meio da tarde de uma sexta-feira. Depois que Ele morreu na cruz, José de Arimateia foi à Fortaleza Antônia pedir a Pilatos o corpo de Jesus. Pilatos manda chamar o comandante da guarda do Gólgota para confirmar a morte de Cristo. O comandante vai até Pilatos e confirma a morte de Cristo. Autorizado a sepultar o corpo de Cristo, José de Arimateia passa por Jerusalém, compra o linho, no qual o corpo de Cristo seria enrolado, e retorna ao Gólgota. Era final da tarde de sexta-feira, quase anoitecendo.
A lei judaica proibia que se fizessem trabalhos aos sábados, dia consagrado ao Senhor. Havia até mesmo lei que limitava o número de passos que a pessoa podia caminhar no sábado.
O sábado começava ao anoitecer da sexta-feira: quando surgisse a primeira estrela no céu ou quando não se podia distinguir o fio de linha branco de um preto. Não haveria tempo de lavar o corpo de Cristo para que ele fosse sepultado antes da chegada do dia sagrado do sábado.
Por essa razão, o corpo de Jesus foi deixado provisoriamente no sepulcro banhado de sangue (Jesus havia sido flagelado e açoitado. Em certas partes, seu corpo deveria ser uma chaga aberta), sujo de terra (Jesus havia caído no trajeto até o Gólgota), de suor, de urina e de sujeiras que Lhe atiraram enquanto carregava a cruz.
O corpo de Jesus foi envolto no linho, que José de Arimateia havia comprado em Jerusalém, no qual, ao ressuscitar, Jesus deixou impregnada a figura de seu corpo. O Sudário de Turim, que se encontra hoje na Catedral de São Francisco de Assis, em Turim, estampa o corpo de Cristo da maneira como foi deixado no sepulcro e com todas as marcas da paixão.
Ao amanhecer de domingo, enquanto ainda estava escuro (Jo, 20, 1), as mulheres vão ao sepulcro para lavar o corpo de Cristo para o sepultamento definitivo. Jesus teve doze discípulos, mas são as mulheres que saem de suas casas ainda à noite para limpar o corpo de Cristo.
O Evangelho de Marcos (16, 1) diz que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Maria Salomé foram ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus. As mulheres levantaram ainda de noite. As mulheres passaram pelos portões da cidade e saíram de Jerusalém (assim como o Gólgota, o sepulcro de Cristo ficava fora de Jerusalém). As mulheres andaram por lugares desertos e despovoados. As mulheres andaram por lugares medonhos, como costumam ser os cemitérios (o Gólgota era conhecido como o lugar do crânio, pois deveria estar cercado de caveiras e de ossos). As mulheres superaram o medo de circular pela cidade cheia de estranhos e forasteiros, que haviam ido a Jerusalém para festejar a Páscoa. As mulheres não se preocuparam com a guarda montada na entrada do sepulcro.
Enquanto os apóstolos, temerosos, dormiam e se escondiam, as mulheres, destemidas, animosas e corajosas, vão à procura do corpo de Cristo para embalsamá-lo, lavá-lo e sepultá-lo.
Em recompensa por sua coragem e determinação, foram as mulheres as primeiras a tomar conhecimento da ressurreição de Cristo, o maior acontecimento de Sua vida e da vida do ser humano sobre a Terra. São Paulo (1. Cor. 15, 13 e ss) diz que “se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a nossa fé”.
Foram as mulheres que primeiro tomaram conhecimento da ressurreição de Cristo. Foram elas que ouviram do anjo que “Cristo não está aqui; Ele ressuscitou”.
Foram as mulheres que viram o sepulcro vazio. Foram as mulheres que divulgaram o acontecimento ímpar para os apóstolos e para o mundo.
Foram as mulheres que buscaram Cristo por obrigação e por devoção. Não esperaram o final da tarde e nem a claridade do dia; buscaram Cristo antes do clarear do dia.
As mulheres buscaram Cristo sem se importar com trabalho, com perigos, com dificuldades, com medos. Enquanto se dirigiam para o sepulcro, elas até se perguntaram como removeriam a pedra que fechava a sepultura, a qual era muito pesada para elas. Nada as deteve.
A postura das três Marias (Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Maria Salomé) representa a postura de coragem e determinação das mulheres para fazer aquilo que é de sua devoção.
Cláudio Duarte é coronel da reserva do Exército e autor da coluna Gestão de Guerra no Portal.
1 comentário
Ótimo texto. Muito bem contextualizado.