O Talibã
O Talibã é o regime fundamentalista islâmico que governa o Afeganistão e cujo ideal se difundiu em partes do Paquistão. Tem visão radical e extremada do Islã. Há opiniões no sentido de que seus líderes foram criados em pequenas comunidades tribais e implantaram no país os costumes e as crenças que viveram nas pequenas comunidades onde foram criados.
Algumas de suas ações ratificam essa afirmação.
Em 1998, o Talibã queimou 55.000 livros de uma biblioteca do Afeganistão, incluindo um exemplar de mais de mil anos do Alcorão.
Em 2000, o Talibã destruiu com machados cerca de 2.700 obras de arte antigas do Museu Nacional de Cabul, capital do Afeganistão, porque as imagens retratavam seres vivos, o que ofendia o “seu conceito de Alá”.
Em 2001, destruiu os Budas de Bamiyan, consideradas Patrimônio da Humanidade. Uma tinha 1.800 anos e 38 metros de altura. A maior, de 53 metros, era o Buda mais alto do mundo e tinha 1.500 anos. Ambas foram esculpidas em nichos da rocha por volta do Século V.
O Talibã é considerado organização terrorista pela Rússia, União Europeia, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão.
Em 2021, o Talibã conquistou Cabul e retomou o controle do Afeganistão após derrubar o governo central. A partir de então, o Talibã impôs a sua versão do regime islâmico.
Baniu do Afeganistão o porte de câmeras sem licença. Proibiu cinema, TV, internet e videocassestes, por considerá-los decadentes e promotores da pornografia e de ideias não-muçulmanas. Proibiu música, artes e até empinar pipas, que julgam costume da Índia. Determinou que todos os homens usem barba.
Contra a emancipação feminina
O Talibã direcionou os decretos contra a emancipação feminina. Proibiu as mulheres de trabalhar fora de casa. Forçaram-nas a usar burca, cobrindo-se dos pés à cabeça. Proibiram as mulheres de frequentar escolas e faculdades. Impediram-nas de serem vistas por médicos masculinos; os médicos veem as pacientes por meio de um espelho. Vigoram diretrizes que proíbem as mulheres de andar desacompanhadas em espaços públicos.
Os decretos praticamente impedem a participação feminina no mercado de trabalho. O líder maior do Talibã, Haibatullah Akhunzad, afirmou que o regime pretende botar as mulheres a salvo da “opressão” e que o regime fará todo o possível para que elas tenham vida confortável e próspera, segundo a lei islâmica. Afirma ainda que o “regime protege as mulheres em nome dos direitos delas mesmas”.
Fechamento dos salões de beleza
A mais nova ordem do Talibã é o fechamento dos salões de beleza do país nos próximos 30 dias. A medida faz parte do processo de banir as mulheres da vida pública do país.
A decisão provocará o desaparecimento de milhares de pequenos negócios geridos por mulheres e tira delas uma das poucas oportunidades que ainda tinham de trabalhar e socializar. De quebra, cortará a renda de muitas famílias.

Kaveh Kazemi/Getty Images.
A gerente de um salão de beleza em Cabul, em condição de anonimato, disse à AFP (Agence France-Presse, agência de notícias francesa, considerada uma das mais prestigiadas no mundo) que ”seria melhor que as mulheres não existissem na sociedade afegã e que gostaria de não ter nascido no Afeganistão”. E complementou “eu gostaria de não existir”.
O Afeganistão é o último colocado entre 170 países no Índice de Segurança, Mulheres e Paz, estabelecido pela Universidade Georgetown, em Washington, que mede a inclusão feminina, a justiça e a segurança feminina.