Eu tenho um eletricista que presta serviços para mim faz mais de 15 anos. Nome, William Carlos Werneck; apelido, Mcgiver. O apelido pode fazer parecer que ele é improvisador e que dá conta de qualquer serviço por meio de gambiarras. Não é assim; pelo contrário. William é extremamente competente, organizado e meticuloso. Ele tem consciência de que a segurança da casa e das pessoas dependerá da qualidade de seu serviço: serviço mal feito poderá ocasionar a queima de aparelhos, estragos e até incêndio. Ele não se permite fazer serviço mal feito, e esta virtude faz aumentar a confiança nele e em seu serviço. Além de tudo, tenho total confiança nele; saio de casa e o deixo sozinho a trabalhar. Corretíssimo!
Pois bem. Outro dia chamei-o para fazer um serviço em casa. Por telefone, adiantei-lhe mais ou menos, com palavras de leigo, o tipo de serviço que eu desejava. Ele me fez perguntas. Perguntou se eu tinha em casa furadeira e parafusadeira. Perguntou se eu tinha parafusos e buchas e de qual tamanho. Perguntou se o serviço seria feito no teto de laje ou se no teto rebaixado com gesso, porque ele precisava trazer as ferramentas adequadas. Durante a conversa telefônica, fizemos a estimativa do tamanho da sala, onde ele iria realizar o serviço, e ele me adiantou que eu precisaria comprar 15 metros de fio duplo branco de 2,5 e 10 metros de fio flexível de 1,5. Confirmou se a escada de alumínio estava comigo.
No dia seguinte, sábado, que ele tinha disponível, veio até minha casa. Deixei tudo pronto, conforme solicitara. Quando chegou, William pôs-se a estudar a sala, as instalações existentes, por onde passava a fiação e a localização das tomadas para verificar de onde puxaria os fios para fazer o serviço encomendado. Disse que tentaria puxar a fiação por dentro do gesso e, caso não conseguisse, puxaria a energia de uma tomada, mas que eu não me preocupasse porque ele não deixaria fio exposto.
Digo tudo isso para mostrar que, empiricamente, William seguiu os conceitos ditados por Sun Tzu. Planejou sua ação. Estudou o terreno onde iria trabalhar, bem como os dados necessários à realização do serviço: distâncias, locais de onde puxar a fiação, estética, segurança da instalação, alternativas (tinha a segunda opção para a eventualidade de a primeira não der certo). Ele tinha planejado as armas, ou melhor, as ferramentas e os meios (fios que ele pediu que eu comprasse) dos quais necessitaria.
Feito o estudo, William me chamou e explicou o que iria fazer e como iria fazer o serviço, dizendo até mesmo as duas opções que havia imaginado. Teria alternativa caso a primeira opção não desse certo. Foi necessário adotar a segunda opção, porque a primeira implicaria quebrar o gesso, o que traria despesas adicionais, e era mais arriscada.
Quando começou a trabalhar, tinha todo o equipamento – fios, parafusos, buchas, fita isolante – e todas as ferramentas – escada, alicate, chave de fenda, furadeira, parafusadeira – necessários em mãos. Enquanto ele fazia o trabalho, vim ao computador preparar os textos de minha coluna. Ele não me chamou em nenhum momento e pude trabalhar sossegado, porque ele estava preparado para trabalhar.
Somente me chamou depois de pronto o trabalho, para me mostrar o serviço pronto e para que eu o aprovasse. Detalhe: deixou a sala limpa.
Fiquei tão satisfeito com o serviço prestado que o convidei para almoçar num restaurante próximo, como reconhecimento a sua pessoa e a seu trabalho. William tornou-se amigo de confiança.
Os princípios de Sun Tzu são empregados tanto por chefes que empregam grande número de pessoas como por autônomos, e o exemplo citado bem ilustra essa afirmação.
5 Comentários
Excelente, meu amigo! Mais um texto que enobrece o Portal! A propósito, vou querer o contato do McGiver ; )
Excelente!!
Você mostrou na prática que os conceitos ditados por Sun Tzu podem e ajudam efetivamente nossas ações no dia a dia.
Perfeito. Sun Tzu sempre atualizado.
Realmente um profissional preparado e capacitado é diferenciado.
Realmente um profissional preparado e capacitado é um diferencial.