Como assim empreendedorismo no Tinder? Uma rede social de paquera, namoro, ‘pegação’? Exatamente! Assim como avaliamos propostas de emprego, escolhemos qual faculdade vamos fazer e quais pessoas serão nossas amigas, é igual para conhecer alguém, inicialmente, no virtual. É necessário ter alguns cuidados e planejamento, com análise de riscos e custo-benefício.
A dinâmica dos relacionamentos mudou no mundo moderno e até para ter um perfil de namoro é necessário escolher cuidadosamente quais fotos usar, o que escrever e como se posicionar. Fotos atuais sempre e uma apresentação sincera já são um bom começo. Com esses cuidados, já começa a seleção, assim como se fosse para um emprego.
Para entender um pouco como as coisas funcionam, dediquei três semanas, no ano passado, a uma pesquisa no Tinder e curti, como sou heterossexual, no total 146 homens. Não tinha tempo para usar todas as redes disponíveis, por isso escolhi a mais famosa. Mas, nas conversas com homens, percebi que eles têm percepções semelhantes às do público feminino.
Desse total, obtive 61 matches e entabulei 24 conversas. Não sai com ninguém! Cada semana, uma postura diferente. Queria saber o que atraia mais. E tive uma surpresa. Na primeira semana, coloquei uma foto natural, sem maquiagem e sem sorrir, com um texto mais incisivo. Das 35 curtidas, 37% se transformaram em match e 10% em conversas.
Na segunda semana, resolvi colocar uma foto de perfil com a parte de cima do biquíni e sem texto. Boa parte das mulheres que está em aplicativos, diz que os homens adoram fotos em que o corpo está exposto. Não foi o que constatei. Das 60 curtidas que dei, 36% se converteram em matches e quase 10% em conversas, ou seja, resultado muito semelhante da primeira semana.
Já na última semana, coloquei uma foto produzida e um texto honesto, mas mais fofo, mais feminino. Foi a semana com melhor resultado no investimento do meu tempo. Das 51 curtidas que dei, 58% se transformaram em matches e 51% desse total em conversas. Se for fazer o comparativo, na primeira foto 23% dos matches se transformaram em conversas, na segunda, 25%, e na última, 57%.
E a conclusão dessa humilde pesquisa sem valor científico é de que foto natural e com pouca roupa não atrai tanto quanto uma produzida, bem vestida, com um sorriso no rosto. Ou seja, o ser humano gosta daquilo que é prazeroso aos olhos. Segunda constatação: algumas mulheres estão equivocadas ou curtindo os homens errados, visto que, teoricamente, o perfil com a foto de biquíni e sem texto foi a de menos sucesso.
A campeã em matches e conversas não só era bonita, como também tinha um texto de apresentação que deixava claras as minhas intenções. Só com isso, já afastou possíveis candidatos que não se enquadravam e desistiram ao ler o perfil. Conclusão geral, com as diversas conversas que entabulei, independente da foto colocada, é que uma boa parte dos homens mais velhos, acima dos 55 anos, está bastante carente e com pressa de encontrar companhia, assim como mulheres nessa faixa etária.
No entanto, o que mais chamou a atenção foi que os homens que curtiram e iniciaram uma conversa no perfil da foto produzida estavam mais propensos a relacionamentos, a se conhecer “face to face”. Se não estou namorando nesse janeiro de 2023 é porque não quis, candidatos apareceram durante a pesquisa. Mas, nesse momento, não era o objetivo. Alguns se tornaram bons amigos.
Um outro fator que chamou bastante a atenção é de que os homens com menor poder aquisitivo são os mais fortes candidatos a namoro e até a casamentos. Talvez porque ficar conhecendo muitas mulheres acaba saindo caro. Assim, eles não fazem uma seleção mais apurada e correm o risco de se decepcionar. O mesmo acontece com as mulheres que têm pressa ou procuram um provedor. Fiquei preocupada com isso, visto que as pessoas iniciam um namoro pelos motivos errados e, assim como num novo negócio, sem planejamento, as probabilidades de fracassar são enormes.
Algumas pessoas vão perguntar como uma empreendedora se deu ao trabalho de fazer uma pesquisa num aplicativo de namoro. A resposta é que sou mulher, antes de ser empreendedora, e sou solteira. Por isso decidi fazer um estudo de campo, para conhecer o mercado e decidir quais as melhores estratégias para ter sucesso na minha empreitada de encontrar uma companhia bacana, de alto valor e que mereça compartilhar a vida comigo. O estudo de campo é uma das premissas para se começar um negócio, recomendado sempre pelo Sebrae e por outras entidades de classe.
De cada 10 mulheres que converso, pelo menos quatro conheceram o seu par por meio de um aplicativo de namoro. Esse número seria muito maior se não houvesse as que mentem, que conheceram na padaria, com medo do julgamento alheio. Julgamento esse que não deveria existir, visto que quase toda nossa vida está sendo resolvida na telinha do celular. Então, por que seria diferente com as relações amorosas? Então por que não usar a tecnologia a nosso favor, mas com critérios? Usem sua mente empreendedora também na vida pessoal.
Além dos aplicativos de namoro, que são muitos, há também as abordagens por Instagram e Facebook. Se cuidamos onde vamos investir nosso tempo e dinheiro, porque não vamos ter a mesma preocupação com a nossa vida afetiva? Mulheres e homens, usem mais a razão do que a emoção na hora de escolherem um par. As chances de a empreitada dar errado são menores. A dica é: cuide do seu coração com o mesmo esmero que você toca a sua vida profissional.
E como foi o desfecho da pesquisa? Em minha opinião, de acordo com as experiências que tive, de que conhecer alguém bacana independe se foi no supermercado, por meio de amigos ou de forma virtual, pessoas bacanas ou aproveitadoras estão em todos os lugares, visto que, quem não presta, só potencializa no virtual. E quem presta, sempre prestará, independente de onde estiver. Usem as estratégias com sabedoria que as chances de você terminar 2023 acompanhada serão muito maiores.
8 Comentários
Creio que é o momento em que a pessoa vê o perfil, aí vai do estado de espírito da pessoa no momento, ou seja ela está à procura de quê ou o que?
Oi, Ademir. Obrigada pelas suas colaborações sempre. Acredito que, mesmo que alguns não saibam o que querem e que até podem mudar de opinião, dependendo de quem conhecem, acredito que para quem já sabe o que busca, usar de estratégia ajuda a evitar alguns dissabores e perda de tempo. Afinal, o bem mais caro que temos em nossas vidas é o tempo. Não dá para gastar com quem não sabe o que quer…risossss beijokas
Interessante e estimulante a análise realista do contexto social no meio digital. Concordo e considero relevante o estudo amplo de perfil de prrtendentes, tal qual o estudo de mercado para empreender. Liliani, literalmente, dando aula sobre empreendedorismo afetivo. Afinal, a maioria já deve saber que todo o relacionamento é um investimento que oferece riscos. Daí a importância de investir em uma ampla análise prévia já que, concordo que é fundamental que cada pessoa “cuide do coração com o mesmo esmero que toca a vida profissional.”
Querido, se fizermos isso, com certeza vamos evitar muita perda de tempo e investimento sem retorno…risosssss
Parabéns pela matéria, excelente conteúdo e percepção, costumo dizer que a gente não atrai o que quer, mas o que você é 😉
Edina, exatamente isso. Logo, se sabemos o que queremos, se temos clareza, devemos agir dessa forma par atrair o que desejamos. Beijos
Olá Líliani!
Saudades.
Belíssima matéria. Creio que, diante dessa experiência percebe-se que a grande maioria tem muita dificuldade do olhar além da fotografia. Talvez seja cultural…
Olá, Osair
Obrigada pela mensagem. Realmente, percebo que algumas pessoas estão muitos rasas. Mas, ainda há muita gente bacana. Conversei com pessoas muito legais e de alto valor!!!