Desde que comecei a escrever minhas colunas mensais no Portal iMulher, sobre temas que acredito, meio que virei uma ‘conselheira da idade madura feminina’ – minhas leitoras não são jovens demais para não refletir sobre assuntos da vida, nem velhas demais para terem desistido de sonhar e acreditar que existe um pote de ouro no fim do Arco-íris. E começo esta nova coluna dizendo que um dos prazeres que a bendita maturidade me trouxe foi expor minhas reflexões sem medo do julgamento alheio. Não somos obrigadas a agradar a todos e é ótimo contar com o contraditório. Isso nos faz crescer e evoluir como seres humanos.
A cada coluna surgem novos questionamentos e sugestões de pautas. Por mais que eu saiba que somos seres questionadores, fiquei surpresa ao ver tantas pessoas, homens e mulheres, discorrendo sobre os assuntos que proponho. E o tema desta edição é justamente um compilado das minhas últimas experiências e calorosas conversas com amigas, muitas vezes regadas a uma taça de vinho ou espumante, saboreando comidinhas gostosas. Às vezes é bom cometer um dos sete pecados capitais.
Vale ressaltar que não sou psicanalista ou coach, mas uma operária da palavra, vulgo jornalista, ou seja, uma mulher questionadora, curiosa e ávida pela vida.
Quando penso na minha vida, sinto que está me sobrando menos tempo e que ainda tenho muita coisa para fazer antes de dar meu último suspiro na Terra. Percebo uma certa urgência em experimentar sensações e realizar sonhos, o que não acontecia há 20 ou 30 anos. Eu queria muito do que ainda quero agora, mas acreditava que o tempo era ‘infinito’ e que daria para fazer tudo que eu quisesse no momento que eu decidisse fazer, mesmo que não estivesse preparada.
Então a tão propagada maturidade veio chegando, aos pouquinhos. Eu fui me tornando protagonista da minha própria história e percebi que nem tudo aconteceu como eu imaginava. Carrego algumas frustrações, milhares de dúvidas, mas sinto que a maior parte das coisas aconteceu melhor do que eu havia sonhado.
Amor-próprio
Num egoísmo saudável, aprendi que eu mesma preciso cuidar da mulher Liliani Bento. Entendi que, antes de querer deixar o outro feliz, atendendo suas necessidades ou expectativas, devo olhar com mais carinho para mim e para minhas próprias necessidades. É mais ou menos o que prega um dos 10 mandamentos de Deus: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Isso não significa se afastar das pessoas como alguém autossuficiente. Muito pelo contrário. Em boa parte da vida, precisamos ou queremos a presença do outro. Seja para firmar uma parceria de trabalho, dividir conhecimentos, emprestar (ou receber) o ombro, ganhar ajuda na doença ou, claro, fazer um par amoroso. Independente de gênero, para beijar na boca ou mesmo só conversar até a barriga doer e você olhar para a criatura e pensar: “Como a minha vida é melhor quando compartilho com você.” Neste momento, aliás, entra a famosa frase, que é fruto de muita maturidade: “Eu não preciso de você, eu escolho estar com você porque você me faz muito bem!” Mas, se o outro não quiser compartilhar contigo, está tudo bem também, você não deixará de ser uma pessoa incrível e feliz. Afinal, quem se ama está sempre em boa companhia.
A maturidade torna urgente viver as coisas boas que sabemos que merecemos, mas sem a ansiedade de um jovem de 18 anos. Ela nos faz perder a ansiedade no amor, afasta aquela necessidade de ter alguém e rastrear seus passos. O que queremos é acreditar que o outro está na mesma sintonia. Não é necessário posse, cobranças e frustração por não ter as expectativas atendidas. Aliás, é hora de assumir para si a responsabilidade pelas expectativas criadas em cima do outro. Difícil, né?
Reflita comigo. Caso você não esteja recebendo do outro na mesma proporção que está dando, está na hora de tomar uma decisão. Concorda? Você prefere deixar o outro na sua vida como devedor e ficar cada vez mais ressentida ou prefere desfazer esse laço que está incomodando? A decisão está e sempre estará em suas mãos. E não estou falando somente de relações amorosas, mas, sim, de todas as relações que fazem parte de nossas vidas, seja trabalho, amizade, família ou amor.
Lembre-se sempre que ninguém é obrigado a nada. Se alguma situação, seja falta de afeto ou reciprocidade, está nos incomodando, cabe somente a nós resolvermos isso. Se for problema de trabalho, é só desfazer a parceria, pedir demissão, buscar outro caminho. Se for algo relacionado às relações pessoais, na maioria das vezes não é necessário um rompimento brusco, basta um afastamento.
Seja qual for a sua decisão, ela sempre deverá ser tomada em nome da sua satisfação, felicidade e paz. Quem sabe o famoso pote de ouro no fim do Arco-íris não seja justamente esse bem-estar que te invade quando você faz as coisas por você. Uma salva de palmas à maturidade!
13 Comentários
Parabéns pela excelente coluna, Lili. Tuas palavras imprimem profunda maturidade e atitude positiva diante da vida.
Bom dia, Simone. Obrigada por tuas palavras. Também adoro as tuas colunas. Alguma coisa tínhamos que aprender nessa trajetória, né risosss. Se ficar se lamentando ou chorando resolvesse os problemas. Mas, só piora. O negócio é colocar um sorriso no rosto e viver da melhor forma. possível. Beijokas
Liliane Bento sempre direta ao ponto nunca deixando de romantizar a vida que podemos criar dentro de nós… E que ela seja sempre de paz e muitas alegrias… Amei o texto
Oi, Andreia. Temos que viver com alegria, né. Drama não contribui com nada em nossas vidas. Beijokas
É bem isso mesmo. Cheguei numa fase da minha vida, agora com meus 5.8 bem vividos, que só faço aquilo que eu quero e que me faz bem. E estou aprendendo a me amar primeiro (confesso que essa parte não tem sido nada fácil, pois sou uma pessoa que me preocupo muito com os outros) para depois amar alguém. A vida da gente é um aprendizado constante, e como você falou Liliane, não temos muito tempo, por isso a importância de sermos felizes, aqui e agora, sozinhos ou com alguém do nosso lado. Não estou falando somente de relacionamentos, mas também de amizades. Parabéns pela coluna👏👏.
Arlei sempre é tempo de aprendermos anos colocar em primeiro lugar. Somente nos amando é que podemos distribuir amor e fazer escolhas mais assertivas para nós. Mas, que bom que você já está nesse caminho. Beijokas
Liliani, q lindo texto, suas reflexões são um bálsamo, concordo com tudo, a maturidade tbm esta me fazendo mais bem, do que o mal que temia.
Oi Regina. Você realmente é um exemplo de quem está sabendo viver a maturidade na plenitude. Um bom exemplo para todas nós. Aproveita muito. beijokas
👏👏👏👏👏 Espetáculo de reflexão! A idade chega para todos, a maturidade nem sempre. Sim, na juventude sentimos que podemos tudo, e talvez a ideia de que o tempo é infinito seja o responsável por essa sensação. Só que não…rsrs! Ele é bem finito, e aí aprender a fazer escolhas nos aproxima um pouco mais do nosso pote de ouro no fim do arco-íris! Parabéns, Lili!!
Olá, Marta
Obrigada pelo retorno. Bem assim, alguns nunca vão saber o que é maturidade…risossss….. E quem sabe pode usar com mais inteligência o tempo que ainda tem, mesmo sabendo que não é infinito.
Bom dia, uma reflexão perfeita que se encaixa em como vejo a vida hoje …. A maturidade nos trás a consciência de escolher o que realmente é importante é o queremos pra nossa vida, saborear coisas simples como uma refeição entre amigos ….. curtir a vida, já a idade nem sempre te trás essa consciência. Gratidão pela reflexão
Bom dia, uma reflexão perfeita que se encaixa em como vejo a vida hoje …. A maturidade nos trás a consciência de escolher o que realmente é importante é o queremos pra nossa vida, saborear coisas simples como uma refeição entre amigos ….. curtir a vida, já a idade nem sempre te trás essa consciência. Gratidão pela reflexão😍😘😘
Oi, Cris…um momento maravilhoso, em que estamos mais cientes do que nos faz bem e o que queremos pars a nossa vida. Beijokas