Resumo das principais notícias da semana de interesse de empreendedoras, gestoras e mulheres dinâmicas.
VACINA CONTRA HIV
A única vacina contra HIV, vírus causador da aids, que ainda estava sendo testada clinicamente, provou ser ineficaz. Mais um fracasso, assim como ocorreu com dezenas de outras vacinas.
Esse fracasso acaba com a possibilidade de haver vacina contra HIV nos próximos 5 anos.
O vírus foi descoberto há 40 anos; por ano, infecta cerca de 1,5 milhão de pessoas e mata em torno de 600 mil pessoas. Contudo, há drogas poderosas que podem suprimir o vírus em pessoas. Os medicamentos devem ser tomadas pelo infectado pelo resto da vida.
AGRONEGÓCIO
Em 2022, as exportações do agronegócio somaram 159,2 bilhões de dólares, aumento de 32% sobre o ano anterior.
MEMÓRIAS DE HARRY
O livro Spare (“disponível” ou “de sobra”, em tradução livre) de autoria do príncipe Harry, que expõe a família real britânica, vendeu 1,4 milhão de exemplares em um só dia, recorde de vendas para livros de não ficção.
O recorde anterior pertencia ao livro de Barack Obama, Uma Terra Prometida, que vendeu 887 mil exemplares num só dia.
Natural que a família real britânica exerça fascínio e interesse sobre as pessoas. Porém, buscar conhecer a intimidade de famílias, ainda que família real, e saber de fofocas sobre ela ao invés de buscar adquirir livros sobre conhecimento ou aprendizado espiritual surpreende.
Fofocas rendem mais assunto que conhecimento útil.
LOJAS AMERICANAS – DÚVIDAS I
Sérgio Rial assumiu a presidência da Americanas e, nove dias depois, pediu demissão depois de alertado, por executivos da própria empresa, sobre o rombo de R$20 bilhões no balanço dela.
Então, dentro da empresa havia funcionários que tinham conhecimento do rombo. Por que a informação não circulou antes? Por que o presidente anterior não foi alertado do fato? Ou, se o foi, por que não tomou providências e nem o divulgou?
Por que a informação sobre o rombo não chegou ao conselho de administração da Americanas?
Rombo de R$20 bilhões no balanço não é feito de um dia para o outro.
LOJAS AMERICANAS – DÚVIDAS II
A Americanas deixou de informar o montante de R$20 bilhões em seu balanço, o que reduziu o valor de suas dívidas, inflou seus lucros nos últimos anos e aumentou o valor de mercado e das ações da empresa.
A quem interessou? Quem lucrou? Quem se beneficiou?
O fato é que acionistas, fornecedores, credores, trabalhadores e clientes em geral perderam.
Antes do anúncio do rombo, a Americanas valia R$11 bilhões; hoje vale R$700 milhões.
LOJAS AMERICANAS – VALORES MOVIMENTADOS
A Americanas movimentou mais de R$55 bilhões nos últimos anos. 60% deste valor são de parceiros comerciais que vendiam pelo marketplace, que anunciam no site da Americanas. Esta ficava com 15% a 18% do valor da venda.
Ora, como a empresa movimentou R$55 bilhões por ano e apresentou rombo de R$40 bilhões, o rombo vem de longa data e se cresceu com o tempo.
MARKETPLACE
Marketplace é a forma de venda de itens de terceiros. Estes anunciam no site de outra loja, que faz a intermediação, empresta aos terceiros o nome, a credibilidade e a maior divulgação.
A Americanas recebe de 12% a 18% do valor da venda. Ela recebe o valor da venda e o repassa ao lojista após descontar sua comissão. A Americanas contava com a parceria de 150 mil lojistas na plataforma digital.
Durante a semana, em consequência da recuperação judicial o marketplace da Americanas apresentou dois fatos marcantes: a) lojistas do marketplace aumentaram o preço dos produtos e o valor do frete como forma de buscar diante da situação crítica da Americanas; e b) corrida dos lojistas para outras plataformas concorrentes, o que repercute diretamente na receita da Americanas.
LOJAS AMERICANAS
Algumas informações sobre o balanço das Lojas Americanas começaram a surgir. A Americanas declarou que dívidas com os Bancos eram dívidas com fornecedores.
Essa mudança transfigura o balanço da empresa e reduz o seu endividamento: dívidas com os bancos significam valores a pagar, e dívidas com fornecedores significam valores a receber.
Essa mudança impede que o mercado saiba o real estado da empresa e sua saúde financeira e engana acionistas, investidores e fornecedores.
AMERICANAS – ACIONISTAS DE REFERÊNCIA I
Durante a semana, os três acionistas de referência da Americanas expediram nota conjunta, na qual alegaram desconhecer o rombo da empresa. Esperado; muito comum alegar-se que de nada se sabia.
Disseram ainda que a Americanas era auditada pela PwC, empresa de auditoria de boa reputação. Mas, mesmo auditada por empresa especializada, a Americanas conta com o conselho de administração, responsável por fiscalizar os seus executivos e respectivos atos. Eximir-se de responsabilidade, atribuindo-a à empresa auditora é muito cômodo. Além do que a auditora atua com base nas informações que a empresa auditada lhe fornece.
Os acionistas de referência posicionaram-se como qualquer acionista minoritário, que não tem acesso ao que se passa no interior da empresa. Os acionistas de referência não são quaisquer acionistas.
AMERICANAS – ACIONISTAS DE REFERÊNCIA II
Os Bancos não gostaram da nota espedida pelos acionistas de referência e buscarão responsabilizar acionistas e administradores pela “inconsistência contábil” de R$20 bilhões. Usarão o argumento de fraude contábil, realizada ao longo do tempo.
Com isso, esperam que o patrimônio dos sócios de referência seja usado para quitar as dívidas caso a Americanas não quite os débitos.
O assunto renderá.
LIVROS DIDÁTICOS
As editoras de livros didáticos estão preocupadas com a recuperação judicial das Lojas Americanas, que eram, até então, o segundo maior canal de vendas de livros.
Janeiro é o principal período de compras de livros didáticos, em razão do retorno às aulas em fevereiro.
O mercado de livros didáticos movimenta perto de R$1 bilhão anualmente. O governo, que distribui livros didáticos para escolas públicas, é o maior cliente das editoras. O mercado privado responde por aproximadamente um terço da venda de livros escolares.
DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA
A Justiça do trabalho tem confirmado demissões por justa causa de funcionários que usam dados pessoais de clientes de forma indevida, noticiou o jornal Valor Econômico.
Enviar informações do banco de dados da empresa para email particular ou gravá-los em pen-drive, independentemente se para uso pessoal ou se para repassá-los a terceiros, constitui motivos para demissão por justa causa.
Por enquanto, os casos são poucos, mas devem aumentar depois da aplicação efetiva da Lei da Proteção de Dados (LGPD), Lei nº 13.709/2018, que regula as atividades de tratamento de dados pessoais.
Com a justa causa, o funcionário receberá somente saldo de salários e férias vencidas, com acréscimo do terço constitucional.
Mais um cuidado a ser tomado pelas empresas.
MOEDA ÚNICA
Outra notícia que ocupou espaço no noticiário foi a criação de moeda comum para o Brasil e a Argentina. Os presidentes dos países assinaram, no dia 23 de janeiro, memorando de entendimento para criação de moeda comum virtual para facilitar as trocas comerciais entre os países. O memorando prevê a criação de grupo de trabalho para discutir a viabilidade de moeda única de troca.
A moeda será digital, apenas para troca entre os países, sem uso corrente pela população. O peso e o real não deixarão de existir, segundo o projeto.
Os objetivos são acabar com a dependência do dólar, moeda usada nas transações comerciais entre os países, e aumentar o comércio bilateral.
A medida é difícil de ser viabilizada e não terá efeito imediato.
MOEDA ÚNICA II
Conforme estudos de Robert Mundell, prêmio Nobel de Economia 1999, a criação de moeda única para países exige três características: 1) grande fluxo comercial; 2) grande mobilidade de mão de obra; e 3) alta integração financeira.
O comércio do Brasil com a Argentina não atende nenhum dos três itens. O comércio do Brasil com o Mercosul representa apenas 6% da corrente de comércio brasileira. Não há mobilidade de mão de obra entre os países e não há integração financeira entre eles.
O dólar já funciona como moeda contábil nas operações comerciais entre os países, com facilidade transacional. A proposta deve piorar o que já existe e funciona e poderá complicar o comércio com os demais países do mundo.
MOTOS
Com pouco mais de um mês do início de produção e venda de motos no Brasil, a montadora indiana Bajaj tem fila de espera de até 45 dias para entrega do modelo de 400 cilindradas.
A Bajaj, com 77 anos, é a terceira maior montadora de motos do mundo e atua em 80 países. Ela concorre com as líderes Honda e Yamaha com motos de baixa cilindrada.
PROVA DE VIDA PERANTE O INSS
O Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) regulamentou as regras da prova de vida anual de aposentados e pensionistas. Os segurados não precisarão ir aos Bancos.
A comprovação será feita pelo INSS por meio do cruzamento de dados que constam nos cadastros do governo e de seus parceiros, tais como declaração do imposto de renda, contratação de crédito consignado e atendimento no sistema público de saúde.
O INSS deverá fazer a comprovação automática de vida de cerca de 17 milhões de pessoas.
FRASES DA SEMANA
MOEDA ÚNICA
“O projeto de moeda única (não apenas para o comércio) é mais desafiador e distante de ser realizado, porque Brasil e Argentina têm economias muito distintas. A economia argentina tem muitas questões para serem acomodadas, como inflação elevada”.
Joelson Sampaio, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, ao jornal Valor Econômico”.
MOEDA ÚNICA II
“Talvez a moeda comum para comércio exterior seja mais vantajosa para a Argentina que para o Brasil, mas pode fortalecer economias da América Latina”.
Idem.
MOEDA COMUM III
“A ideia de moeda comum para transações comerciais e financeiras na América do Sul carece de credibilidade e institucionalidade e não deveria ser foco do Brasil neste momento, na visão de economistas”.
Jornal Valor Econômico, Ed. 24 de janeiro.
UTI
“A Americanas está na UTI”.
Presidente de uma fornecedora da Lojas Americanas, ao jornal O Globo.