Vivemos em uma cultura que enaltece o amor romântico como ápice da realização pessoal. Desde pequenas, somos ensinadas que o “felizes para sempre” passa necessariamente por um relacionamento amoroso duradouro. E quando ele termina, o script social parece já estar escrito: dor, sofrimento, culpa, mágoa. Mas… e se não precisar ser assim?
A separação, embora muitas vezes dolorosa, pode ser um ato de coragem e amor-próprio. No entanto, raramente comemoramos esse momento como o recomeço que ele representa. Por quê?
A dor do apego: o que diz a psicanálise
Segundo Freud, toda perda mobiliza o inconsciente, reativando feridas do passado. Ao perder um relacionamento, não sofremos apenas pela ausência do outro, mas pelo desmoronar das projeções e ideais que investimos nessa relação. Lacan nos lembra que o desejo é sempre do Outro – e que frequentemente amamos mais a imagem idealizada que criamos da pessoa do que quem ela realmente é.
É por isso que, mesmo quando uma relação já estava desgastada, aparece a voz do ego ferido, do desejo de posse, do medo de não ser suficiente. O sofrimento prolongado, porém, é um ciclo alimentado por repetições inconscientes e crenças infantis de abandono.
O sofrimento como escolha: o olhar do budismo
O budismo nos ensina que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. O sofrimento nasce do apego, da resistência à impermanência. Queremos que tudo permaneça como estava, ainda que já não fizesse sentido. E nos esquecemos de que a vida é um fluxo contínuo de transformação.
Ao praticar a aceitação nos alinhamos com a verdade de que tudo tem um tempo, e que cada fim contém em si o embrião de um novo começo.
Rituais de encerramento: o que não nos ensinaram
Comemoramos nascimentos, casamentos, conquistas profissionais. Mas não nos foi ensinado a celebrar o fim de ciclos. Separações são vistas como fracasso. Mas e se enxergássemos como uma libertação mútua? Um passo necessário para que ambas as partes sigam evoluindo por caminhos diferentes?
Criar um ritual de encerramento pode ser profundamente curador: escrever uma carta que nunca será enviada, entoar uma prece de gratidão pela aprendizagem, devolver energeticamente o que não nos pertence mais. É um convite para transformar dor em sabedoria.
A força da mulher que renasce
Separar-se, muitas vezes é dizer sim à própria vida. É um ato de coragem. E sim, podemos sentir dor – mas não precisamos carregar esse luto por tempo indeterminado. Podemos escolher usar esse momento como solo fértil para nos regenerarmos.
O feminino tem uma força ancestral. A natureza nos mostra isso: a serpente troca de pele, a lua se renova, a mulher sangra e renasce a cada ciclo. Nós temos essa capacidade de nos reinventar. A mesma força que gera a vida é a que também nos cura.
Sororidade: o apoio entre mulheres
É urgente nos reunirmos entre mulheres sem julgamentos, apenas presença e escuta verdadeira. Quando uma mulher se levanta, ela puxa outras com ela. Que possamos ser esse espaço de acolhimento e inspiração umas para as outras.
A sua dor é válida, mas ela não define quem você é. Há um mundo de possibilidades esperando por você, minha linda. Confie. A vida nunca erra de direção, no tempo divino você compreenderá a sabedoria que existe por trás de cada acontecimento da sua vida. Tudo tem um propósito muito maior. Apenas confie.
Se precisar de ajuda, peça.
“Alma Feminina” é um encontro entre almas de mulheres que decidem libertar o peso do passado e caminhar no presente mais leves, mais amorosas consigo mesmas e conectadas com a sua força interior.