Vocês podem pensar que se trata apenas de um título chamativo. Mas não o é. Eu realmente sofri um ataque de camundongos em minha casa. Um dia desses, quando cheguei na cozinha, pela manhã, percebi uma maçã roída, como se alguém tivesse dado uma mordida de leve. Como em outra ocasião, há alguns anos, isso já havia ocorrido em uma banana, logo imaginei quem seria o hóspede indesejado, ou seja, um camundongo.
Incomodada com a situação, comprei diversos tipos de venenos e espalhei em locais estratégicos, a que a Bebel, (minha cachorrinha), não tivesse acesso. Durante uma semana fiz isso todos as noites. Resultados: seis cadáveres. Moro em uma casa e atrás do meu terreno há um matagal. Acredito que venham de lá; já encontrei cobras no quintal.
Insights
Mas por que estou contando essa história? Porque me vi obrigada a limpar todos os armários da cozinha, inclusive, lavando a louça guardada e os panos de prato. Tive muito trabalho durante dias. Porém, durante o trabalho braçal, que não gosto de fazer, tive insights. E um deles foi perceber que estava levando minha vida no piloto automático.
Você já se viu em uma situação em que não se lembrava de como chegou a determinado lugar, de onde guardou a chave ou mesmo se tomou uma xícara de café pela manhã? São inúmeras atividades que o cérebro faz de forma espontânea, que, de tão repetitiva, ele executa, sem estar com o foco na situação, guardando a atenção para outra atividade a fim de economizar energia. Para isso, o piloto automático é necessário, nos ajuda na sobrevivência.
No entanto, quando você esquece se tomou uma xícara de café naquele dia ou sobe as escadas da sua casa para buscar alguma coisa e, quando chega no quarto, não se lembra do que foi busca ou do que foi fazer, algo está errado. Se você for questionada sobre sua capacidade de concentração, atenção e memória, o que diria? Você se lembra de tudo que fez nesse dia? Você sempre consegue focar nas suas atividades? Se mais de 50% das respostas a ambas as perguntas for não, você pode estar com algum tipo de esgotamento físico ou mental e, na maioria das vezes, nem sabe.
Nem tudo estava bem
A limpeza forçada nos armários da cozinha, provocada por alguns ratinhos, trouxe essa consciência para mim. Com isso, fui mais além e refleti sobre as escolhas que estou fazendo para minha vida, em todos os segmentos, e me questionei: estou feliz com o rumo que as coisa tomaram na vida adulta?
Com pesar, comunico que nem tudo da minha vida atual está me fazendo feliz. Mas não confundam; não sou uma pessoa infeliz, muito pelo contrário. Gosto da vida, das pessoas, e estou sempre alegre. Porém, nem tudo na minha vida adulta está me fazendo feliz.
E, graças a um ou vários ratinhos, percebi que só eu posso promover as mudanças necessárias. Não somos felizes em tempo integral. Mas, em minha opinião, temos que ser na maioria das vezes. Talvez uns 70% das 24 horas que temos em um dia?
Escolhas
O fato é que sair do piloto automático, de vez em quando, se faz necessário. Precisamos reavaliar nossas escolhas constantemente. E se percebermos que não estamos contentes com nossas decisões, mudar a rota. Ter paciência para enfrentar o processo, pois as coisas não mudam de uma hora para a outra, leva tempo, exige disciplina, foco e resiliência, mas vale a pena.
Como resultado da reflexão imposta por uma invasão de roedores, eu terminei a limpeza dos armários da cozinha. Confesso que estava precisando, para tirar coisas que nem usava mais; e logo tomei gosto por alterar outras coisas na casa e na minha vida. Coloquei no lugar cortinas novas, que estavam, havia pelo menos 3 meses, guardadas, tirei roupas para serem consertadas e estou mudando coisas de lugar.
Além disso, mudei posicionamentos e alterei rotas. Porque normalmente sabemos aonde queremos chegar, mas nem sempre escolhemos o melhor caminho para alcançar nossos objetivos. De quebra, também estou colocando em prática projetos profissionais que estavam há algum tempo apenas fazendo morada em minha cabeça. E tudo isso ocasionado por uma visita indesejada. Ao escrever essa coluna, percebo que eles vieram para dar o empurrão que eu necessitava para fazer tudo isso que relatei aqui. Não os quero de volta, mas devo agradecer aos meus visitantes roedores. Desejo que você não precise receber esse tipo de visita para promover as mudanças necessárias em tua vida!
12 Comentários
Muito bom, ler o livro “O poder do Habito” do escritor charles Duhigg ajuda a entender esse piloto automatico e como usar essa ferramenta para o bem. Como manter o piloto automatico, porem, construindos bons habitos para que mesmo sendo assim, sem perceber… automaticamente conseguir ter produtividade e bem estar em nossa vida. Mas rapadura é do e mad não é mole… é complexo o sistema. Boa reflexão…
Olá, sim um livro muito bom. Temos que estar sempre vigilantes para não permanecer muito tempo no piloto automático e usá-lo a nosso favor.
Adorei a matéria sobre os teus visitantes… me vi em várias situações que precisam de mudanças..grata por compartilhar conosco!
Obrigada, Maristela. Então, aqui foi um ratinho, mas poderia ser outro o gatilho. O importante é pararmos para avaliar nossas vidas.
Liliani, sempre precisa e genuína, me identifiquei muito…texto maravilhoso 👏👏👏
Oi, Regina. Todas nós precisamos nos vigiar, né. De vez em quando dar pausas para pensar no rumo que estamos dando para nossas vidas.
Então, as vezes precisamos mesmo de algo incomum para pararmos e refletirmos.
No momento sinto que estou no piloto automático. 😔
Parabéns pela matéria.
Obrigada Tati. Então está na hora de você dar um stop e refletir sobre os rumos que quer para sua vida.
Você é uma profissional incrível! Sabe como se conectar com os leitores! Parabéns! Amei! 😍
Oi, Claudia. Muito obrigada. Que bom que gostou. Beijos
Boa tarde, é incrivel como vivemos um determinado tempo achando que as coisas ruins que acontecem com a gente serve só para nos deixar pior, sendo que, olhando a situação de outra forma você pode tirar algum proveito ou seja: alguma lição positiva, por isso é bom refletir sobre tudo que está a nossa volta e tentar seguir o melhor caminho!
Bem isso prima. Precisamos, de vez em quando, dar uma pausa e refletir sobre isso rumos q nossas vidas estão tomando. Beijo