É nos momentos de dúvida e nos quais as oportunidades surgem que devemos ser mais corajosas e ousadas. Devemos nos arriscar. Eu vejo a vida como uma catálogo de possibilidades infinitas. E nada como o privilégio de podermos escolher e, se não for o que esperávamos, termos a possibilidade de voltar, refazer a rota e seguir em frente. Mas sempre tendo em mente que o objetivo final, independente de nossas escolhas e se agradam ou não aos outros, devem nos conduzir ao caminho da felicidade e da paz. Ninguém é responsável por nos dar isso.
Esta semana recebi a notícia de que uma amiga, na casa dos cinquenta anos, que já foi casada, tem filhos adultos, netos, e um histórico de alguns relacionamentos ruins, ficou noiva de alguém que conheceu há sete meses em um aplicativo de relacionamentos. E vai, inclusive, mudar de Estado, depois de morar a vida inteira na mesma cidade e trabalhar como concursada. Eu vibrei com a coragem dela.
Porém, com certeza, alguns vão chamá-la de louca. Outros vão falar que ela não deveria largar a estabilidade da vida que construiu nos últimos anos. Poucos vão perguntar: “você estava 100% feliz com a sua vida?”. Ou questionar: “apesar da incerteza da mudança, como você se sente quando vislumbra essa nova vida?”.
Se ela não tivesse coragem de ir, poderia passar o restante da vida se questionando se teria sido bom. Ao escolher sair da zona de conforto ela está se dando a oportunidade de experimentar uma vida nova que, provavelmente, é o que a alma dela sempre almejou. Esse exemplo é para que percebam que os limites em nossas vidas somos nós mesmos que estabelecemos.
Há quatro anos eu também passei por um dilema. “Será que vai dar certo?”, “Será que alguém vai querer ler o que escrevo?”. Essas e muitas outras indagações passaram pela minha cabeça quando recebi o convite da editora desse renomado portal para escrever. Resolvi me arriscar e eis que surgiu a primeira coluna, em agosto de 2021. Vinha de um período conturbado na vida pessoal e, apesar de ser jornalista experiente, nunca havia escrito uma coluna opinativa.
Era um sonho duplo, escrever uma coluna e falar com as mulheres, mas que estava guardado em algum cantinho do meu cérebro. Um tempo depois, devido ao sucesso da coluna, fui convidada para fazer um quadro voltado para mulheres, na rádio. Outro sonho que estava engavetado. Estou contando isso para que vocês percebam que a incerteza com relação ao novo, ao diferente, ao futuro, invade todas nós.
Até a mulher mais segura do mundo, em algum momento, têm insegurança com algo que não faça parte da sua zona de conforto. Só não podemos deixar o medo nos paralisar. Estou há 4 anos muito feliz em escrever para vocês e os feedbacks que recebo me mostram que fiz a escolha certa.
Resolvi escrever sobre a coragem para se arriscar porque percebo que quando as pessoas vão ficando mais experientes, principalmente as mulheres, elas vão ficando mais “acomodadas” e já não querem se arriscar tanto para mudar a rota. Sabe a famosa frase “não estou contente, mas já estou acostumada”? Ela deve ser riscada do seu vocabulário!
Sou uma mulher na casa dos cinquenta e tenho percebido que, conforme as pessoas vão fazendo aniversário, elas vão diminuindo as suas expectativas com relação aos seus sonhos e realizações. Mas o catálogo da vida continua com infinitas oportunidades, talvez diferentes do que se almejava aos 20 anos, mas, ainda assim, escolhas que podem nos fazer muito felizes.
Eu sou da turma do poeta Lindolf Bell, que em seu “Poema do Andarilho” escreveu a famosa frase: “menor do que meu sonho não posso ser”. Para mim, enquanto houver sonhos, haverá possibilidades de vida. Mas não adianta sonhar e ficar sentado. Não adianta também orar a Deus todos os dias pedindo pelo seu sonho, sem fazer a sua parte. O sonho se torna realidade quando há execução. Cada um fazendo a sua parte não tem como dar errado. O segredo para realizá-los é simples: fazer, agir, planejar, aprender e se cercar de outros sonhadores.
Minha alma é do tamanho dos meus sonhos, ou seja, é enorme. Não há idade para sonhar e sempre é tempo de realizarmos sonhos. Novamente vou citar um poeta, Olavo Bilac, que me representa na frase “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
Recomeçar é darmos uma nova oportunidade de sermos nós mesmos, mais felizes, mais maduros e, principalmente, mais conscientes de que somos os únicos responsáveis pelo sucesso ou fracasso de nossas vidas, que pode ter começado há quatro, cinco, seis ou mais décadas. Se posso dar um conselho: assumam as rédeas das suas vidas e lutem pelo projeto mais importante da sua existência: VOCÊ!

3 Comentários
Parabéns pelo texto
Obrigada, querido!
“Um texto inspirador, que nos lembra que a vida é feita de possibilidades. O medo não pode ser maior que a vontade de viver novas experiências, pois só arriscando descobrimos o que realmente pode dar certo.”