Epidemia das bets
O termo a “epidemia das bets” descreve o crescimento desenfreado de pessoas envolvidas com apostas esportivas online.
A epidemia atinge todas as classes sociais e tem causado desestruturação familiar e dívidas. À semelhança dos AA (Alcoólicos Anônimos), existem grupos de encontro de pessoas viciadas em apostas online que buscam fugir do vício.
O vício se manifesta em todos os lugares e em todas as situações: em casa, nas escolas e no trabalho. É muito fácil fazer as apostas.
Levantamento feito recentemente pela Klavi, startup de coleta e inteligência de dados, mostrou que 15% da população brasileira jogam ou já jogaram alguma vez em sites de apostas virtuais.
Pesquisa
O jornal O Estado de São Paulo publicou reportagem sobre pesquisa feita pela Creditas Benefícios, em parceria com Wellz by Wellhub e Opinion Box. A pesquisa ouviu 405 gestores e profissionais de Recursos Humanos e concluiu que 54% deles disseram que os colaboradores aproveitam o horário de descanso, como o horário de almoço, para apostar.
66% dos gestores alegaram que o vício compromete a saúde física e mental dos trabalhadores e 59% deles admitem que o vício causa queda na produtividade.
Ainda há efeitos colaterais. O vício causa 21% de aumento da rotatividade e 16% de piora da reputação da empresa.
A psicóloga e especialista em liderança profissional Andréa Krug declarou ao jornal O Estado de São Paulo que “o vício em bets funciona no cérebro de forma semelhante ao alcoolismo ou ao uso de drogas: há descarga de dopamina que gera gratificação instantânea e cria dependência”.
O vício em apostas online é difícil de identificar e de tratar. O dependente tenta esconder o vício, tem sentimento de vergonha, se isola e na maioria das vezes não o admite publicamente. Conflitos envolvendo os dependentes de jogos são comuns, ainda mais quando dívidas se acumulam. Consequentemente, vem a queda de desempenho e de produtividade.
Muitos apostadores começam a jogar por diversão ou pelo sonho de complementar a renda pessoal. A dependência logo surgirá. Pode até acontecer de inicialmente ganhar algum valor, mas a maré de sorte não dura e vêm as perdas, que geram o desespero de recuperar o valor perdido. Aí o apostador entra no turbilhão de apostas e as dívidas vão só aumentando.
A facilidade de jogar online facilita a vida do apostador. Há casos de pessoas que perderam R$ 200 mil em apenas um dia.
Ação da empresa
A primeira medida do gestor é conscientizar-se de que o problema existe e que ele deve dar apoio psicológico ao colaborador dependente de jogos.
Empresas e gestores não podem ficar alheios ao problema.
Prevenir sempre é melhor que remediar. Estratégias de prevenção com os trabalhadores são necessárias, principalmente com ações educativas sobre os riscos das apostas e da criação de dependência.
Educação financeira, que ensine planejamento financeiro e exponha os riscos de desajuste em razão do dinheiro gasto com apostas, é outra boa medida.
A Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) concluiu que pelo menos 1,8 milhão de pessoas ficaram inadimplentes porque comprometeram a renda com apostas. As famílias de baixa renda foram as mais afetadas, as que mais deixaram contas atrasadas em razão das apostas online.
A CNC apurou que os brasileiros apostaram R$ 240 bilhões em 2024. Até beneficiários do Bolsa Família desviaram dinheiro, que deveria ser utilizado para a subsistência própria e da família, para apostas online.
1 comentário
Excelente texto!
Parabenizo você, Cláudio Duarte, pela escolha do tema!