De acordo com o jornal carioca O Dia, a polícia do Rio de Janeiro prendeu dois homens e apreendeu um adolescente sob suspeita de planejarem a execução de um homem em situação de rua no Domingo de Páscoa.
Planejamento do crime
Não seria uma execução qualquer; o crime seria transmitido ao vivo na tarde do Domingo de Páscoa, às 15 horas, pela plataforma Discord, em troca de dinheiro. Eles não tinham a vítima predeterminada; seria o primeiro morador de rua que encontrassem.
A polícia ainda investiga os financiadores do grupo.
O Discord, aplicativo de voz sobre IP (VolP) e comunicação textual, é gratuito e projetado inicialmente para comunidades específicas de jogos.
Segundo a polícia do Rio, Caio Nicholas, 18 anos, Kayke Sant Anna, 19 anos, e Bruce Vaz, 24 anos, são chefes de um grupo que lançava correntes de ódio nas redes, principalmente contra negros, mulheres, adolescentes e animais. Eles tramaram o crime para ser executado no dia 20 de abril, data de aniversário de Adolf Hitler.
Bruce apresentava-se nas redes como ativista de proteção de animais da ONU que participou de eventos internacionais. Sua conduta era oposta a ativista ambiental. Segundo as investigações, ele organizou sessões de tortura de gatos e as transmitiu pelo Discord. Um dos gatos teve a pele retirada até morrer. Ele costumava adotar gatos e dissecá-los ao vivo.
Maus tratos a animais
O grupo planejava ainda matar um coelho no Domingo de Páscoa e transmitir a morte do animal pelo Discord.
A polícia encontrou carcaça de animal na casa de Bruce ao prendê-lo. Quando o prenderam, sua mãe surpreendeu-se e não acreditou que o filho pudesse estar envolvido com casos do tipo.
O grupo induzia à automutilação, ao racismo e ao estupro virtual (chantagear, constranger e divulgar imagens íntimas de vítimas na internet), tudo como “entretenimento. A falta de noção de valores é gritante.
A delegada Maria Luiza Armínio Machado, que pediu a prisão do grupo, disse que os integrantes do grupo organizavam atos que que resultam em sofrimento físico e psicológico, com total ausência de empatia. Ela escreveu no pedido de prisão que “registros de conversas revelam alarmante banalização da violência, que é tratada como forma de entretenimento e é um meio para alcançar notoriedade dentro dessa subcultura tóxica”.
A prisão do grupo, fruto de exaustivas investigações, conseguiu impedir que o grupo praticasse o crime no Domingo de Páscoa e o transmitisse pela internet.
Alerta aos pais
O secretário de Polícia Civil do Rio fez alerta aos pais: “Cuidem de seus filhos, vejam o que eles estão fazendo na internet. Esse é o tipo de crime em que o inimigo está dentro de casa, interagindo com seus filhos. Quando os pais se dão conta, já será tarde”.
Em nota, o Discord informou que “tem políticas rigorosas contra atividades que promovam discurso de ódio, incitação à violência e compartilhamento de conteúdo prejudicial” e que “ao tomar conhecimento de conteúdos desse tipo por meio de denúncias de usuários ou por ferramentas de segurança, toma as medidas apropriadas que incluem a remoção de conteúdos, banimento de usuários e desligamento de servidores”.