FATO ANALISADO
Trecho da Avenida Heráclito Mourão de Miranda, no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte, foi recapeado no dia 19 de dezembro de 2023. A obra, que incluiu a construção de duas pequenas pontes, custou R$5,6 milhões e levou 9 meses para ficar pronta.
No dia 31 de dezembro de 2023, apenas 13 dias após a inauguração da obra, chuvas arrancaram as placas de asfalto assentadas. Pelo menos as pontes não foram afetadas.
A obra não passou no primeiro teste.
A prefeitura alegou que choveu no dia 31 de dezembro o equivalente a 81 mm, correspondente a 24,2% das chuvas do mês, e que a obra não teve nenhum erro.
A região, onde foi feito o recapeamento, é área de risco de alagamento. Placas na região alertam motoristas para evitarem circular por ali em caso de fortes chuvas.
![](https://portalimulher.com.br/wp-content/uploads/2024/01/AVENIDA-HERACLITO-222-150x150.jpg)
Portanto, as chuvas do dia 31 de dezembro na região do bairro Pampulha, apesar de haverem provocado queda de árvores, desabamento de imóveis e vias alagadas, não deveriam ser surpresa para ninguém.
Não tenho a intenção de acusar ter havido negligência ou incúria na realização da obra, mesmo porque não sou engenheiro e nem tive acesso às obras; apenas acompanhei o fato pela imprensa. Cito o ocorrido como fonte de análise dos princípios de planejamento de ações.
FATORES DO PLANEJAMENTO
Dentre os cinco fatores que devem ser levados em conta no planejamento de ações, o livro “A Arte da Guerra” cita o Céu (clima, tempo) e a Terra (terreno onde se atua). (os outros três fatores são o líder, o moral [foco e objetivo] e método e disciplina).
Sun Tzu alerta que “que quem conhece os fatores será vencedor; quem não os conhece fracassará”. Não basta conhecê-los; tem que considerá-los para decidir. Será que o fator clima (chove muito intensamente em Belo Horizonte em dezembro e janeiro e especificamente na região) e o fator terra (área da obra sujeita a alagamentos) foram considerados e levados em conta para a escolha do tipo de obra a ser realizada e o tipo de asfalto a ser empregado no local? Ou foram considerados para a realização da obra como um todo?
O filósofo estrategista ensina que “o general que vence uma batalha faz muitos cálculos no seu templo antes de travar o combate. O general que perde uma batalha faz poucos cálculos”. Disse mais: “o general que conhece o Céu (clima, tempo) e a Terra (terreno onde atuará) poderá tornar a vitória completa”.
ADMINISTRAR É PLANEJAR E CALCULAR
Administrar é planejar, é calcular, é analisar todos os fatores que envolvem uma decisão, é saber todas as possibilidades que poderão ocorrer e como enfrentar cada uma delas. Cálculos e planejamento bem feitos evitam a derrota.
Prefeituras são órgãos públicos que gastam o dinheiro de todos. Os impostos permitirão refazer a obra. Mas, e os 9 meses e os R$5,6 milhões gastos e que foram perdidos? Naturalmente, serão debitados na conta dos pagadores de impostos.
As grandes perguntas que a coluna é: E se fosse problema de empresa privada? E se fosse a sua empresa que não tivesse planejado e calculado corretamente a ação e a atividade a ser feita?
1 comentário
Bem oportuno o texto. Os serviços públicos são de um modo geral de baixa qualidade, seja por ser gasto o dinheiro público, que infelizmente muitos acham que é do governo e não do povo, seja pela ausência de fiscalização. Quem desembolsa o dinheiro próprio sabe o valor que ele tem.