O número de afastamentos do trabalho por transtornos mentais vem aumentando no Brasil.
Licenças médicas em 2024
Em 2024, os pedidos de licença médica por doenças várias no INSS somaram 3,5 milhões, segundo dados que o jornal O Globo obteve no Ministério da Saúde.
Das 3,5 milhões de licenças concedidas por motivos de saúde, 472.328 se deveram a questões de saúde mental. Em 2023, foram 283 mil licenças pelo mesmo motivo; houve, portanto, aumento de 68% em relação ao ano anterior.
Causas mais comuns
As causas mais comuns dos afastamentos por transtornos mentais são a depressão, a ansiedade e síndrome de Burnout.
Segundo o site do Ministério da Saúde, “Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros”.
Os sintomas mais comuns da Síndrome de Burnout são insônia, crises de pânico, exaustão extrema e desmotivação.
O Brasil ainda não considera, com a devida seriedade, os transtornos mentais causados pelo estresse ou pela Síndrome de Burnout.
Vida estressante
A vida atual, muito corrida, é estressante. Estresse no trânsito. Insegurança nas ruas. Notícias negativas em noticiários televisivos ou mesmo nas redes sociais. Inflação. Pouco ou nenhum tempo dedicado à meditação ou a preces. Pouco tempo de convivência familiar. Preocupação com o sustento familiar. Vive-se no limite, e o corpo acaba manifestando deficiências no físico ou no psicológico.

Sem dúvida, a saúde mental influencia no rendimento do trabalho.
O trabalhador com transtornos mentais ainda enfrenta preconceitos que o tornam vítima de brincadeiras de colegas que não compreendem a gravidade da situação e até o acusam de corpo mole. Nem sempre os chefes veem com bons olhos os afastamentos por questões mentais, porque não há sintomas físicos palpáveis.
O quadro agravou-se durante o período da pandemia: mortes e doenças de parentes e amigos; noticiário alarmante; informações desencontradas; comércio fechado, “fique em casa”, instabilidade econômica e social; isolamento. Mas o estresse ainda se prolongou no pós-pandemia. Ainda não se voltou completamente ao ambiente de normalidade pré-pandemia; a Covid deixou cicatrizes.
Papel do líder
O ambiente tóxico de trabalho acentua a síndrome de Burnout e o estresse. Aí entra o papel do líder, que não deve voltar a atenção apenas para aspectos econômicos ou se as metas foram cumpridas ou não. O líder deve olhar para o aspecto pessoal e humano da sua equipe e deve zelar por seu pessoal.
O líder se preocupa com o bem-estar da sua equipe. A satisfação no trabalho cria ambiente mais saudável e favorece a convivência harmoniosa, bom antídoto contra o estresse.
Além do dever do líder, o governo expediu nova Norma Regulamentadora sobre o gerenciamento de riscos para o trabalhador.

Norma Regulamentadora N 1
O aumento do número de licenças médicas por questões de saúde mental fez com que o governo atualizasse a NR-1 – Norma Regulamentadora que dispõe sobre o gerenciamento de riscos ocupacionais, que entrará em vigor em 26 de maio de 2025.
A partir dessa data, as empresas brasileiras terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Os riscos psicossociais, como estresse, assédio e carga mental excessiva, devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores como parte das medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.