“Apesar da enorme quantidade de livros, quão poucos leem! E se alguém ler com proveito, perceberá quantas coisas estúpidas o rebanho vulgar se contenta em engolir todos os dias.”
Voltaire
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia no ano passado, retomei o antigo hábito de ler livros de guerra. Li vários. A Rússia já era velha conhecida desde os tempos de colégio, a Ucrânia não.
Li obras que iam além das duas guerras mundiais que já faziam parte da minha biblioteca. Li livros baseados em acontecimentos reais de quem viveu as guerras em primeira mão, biografias, obras de ficção, tudo carregado de muita história e de muita angústia. Li com outros olhos. Aprendi algo mais profundo sobre as guerras do que suas datas e lugares, o vencedor e o vencido.
Em fevereiro de 2022, começaria a entender melhor o que disse Voltaire.
O povo de Israel vive dias trágicos e sombrios.
Não sei muito sobre Israel, mas quando ouço os comentários de “especialistas” na mídia de modo geral, chego a conclusão de que a grande maioria sabe do assunto tanto quanto eu: quase nada.
Tento redimir a lacuna de conhecimento imergindo nesse tipo de leitura, compreendendo a história em um nível mais íntimo, algo que apenas os livros e sua capacidade renovadora são capazes de proporcionar.
Autores
A guerra é o pior da humanidade. Poucos acontecimentos têm impacto tão profundo e devastador na sociedade e nos indivíduos.
Autores famosos do mundo inteiro têm escrito sobre o assunto – as suas causas e consequências, os seus heróis e as suas vítimas. Escritores que se inspiraram em diferentes conflitos ao longo do tempo também utilizaram da ficção como ferramenta para narrar os acontecimentos, como uma forma de apresentar e homenagear os que lá estiveram. Existe um vasto número de títulos disponíveis que valem a pena ser lidos com atenção.
Conhecer e entender os fatos é fundamental, mas os livros de ficção têm o seu valor. Numa outra linguagem que não a de um livro de História, discorrem com o mesmo realismo sobre os horrores da guerra vistos sob a ótica das pessoas afetadas por ela. O livro é de ficção, mas os acontecimentos são baseados em fatos reais. A não-ficção fornece os fatos e a ficção se encarrega das emoções.
“Ficção é a mentira pela qual dizemos a verdade”.
Já dizia Albert Camus.
Por que ler livros de guerra?
Compreensão histórica: pelo entendimento mais profundo da história e dos conflitos que moldaram o mundo;
Lições de liderança: pelos insights valiosos sobre liderança, tomada de decisões e gestão de crises;
Reflexão sobre a natureza humana: por explorar de maneira profunda temas como coragem, medo, lealdade, sacrifício e moralidade;
Desenvolvimento de empatia: por ajudar as pessoas a se colocarem no lugar de soldados, civis e vítimas que vivenciaram esses eventos traumáticos, promovendo empatia e compreensão pelo outro;
Inspirar resiliência: por destacar a determinação humana em face das adversidades e nos inspirar a lidarmos melhor com os desafios da própria vida;
Análise estratégica: por detalhar estratégias militares e táticas que podem interessar aos estudantes do assunto e historiadores;
Entretenimento: pela ação encontrada na narrativa, o que torna livros de guerra a leitura ideal para certo tipo de leitores;
Reflexão sobre a paz: por mostrar os terríveis custos da guerra, incentivando o esforço pela busca pacífica na resolução de conflitos.
Por fim…
Quando estudamos as guerras e todas as suas implicações, analisamos a vida em sua forma mais áspera: guerras falam de morte, medo, poder, sacrifício, perdas e a incrível luta pela sobrevivência.
Não tenho nenhuma expertise no assunto e sou profundamente grata pelos livros que li.
Por esclarecerem fatos. Pelos ensinamentos. Por me ajudarem a colocar as coisas em perspectiva. Pelo aprendizado de que poucas coisas importam quando comparadas à guerra, quando confrontadas com a nossa própria mortalidade.
“Nosso corpo é uma máquina de viver. Está organizado para isso, é a sua natureza. Deixe a vida prosseguir sem impedimentos e deixe que ela se defenda.”
Liev Tolstói, Guerra e Paz.
1 comentário
Bela reflexão, a guerra por mais sangrenta que seja nos trás ensinamentos que nos levam a evoluirmos como sociedade.