O Rio Grande do Sul ainda vive ambiente catastrófico e precisa de união de esforços e não de polarização e radicalismos.
CATÁSTROFE
Ruas alagadas. O Lago Guaíba permanece com as águas 5 metros acima do nível normal, depois de haver alcançado o recorde de 5,30 metros. O escoamento das águas será lento. Em locais onde as águas baixaram, a lama se espalha pelas ruas e por imóveis.
Mais de 500 mil pessoas desalojadas, com quase 80 mil recolhidas em abrigos. A situação dos abrigos é precária e temporária, porquanto as pessoas estão em escolas e instituições privadas. O governo do estado cogita construir uma “cidade provisória” para receber pelo menos 10 mil pessoas.
Segundo levantamentos feitos até o momento, as chuvas provocaram 148 mortes e 124 desaparecidos.
Moradores de Eldorado do Sul e da Ilha das Flores, da região metropolitana de Porto Alegre, estão acampadas em barracas improvisadas na beira da estrada.
Grande parte do Rio Grande do Sul em estado de calamidade pública. Há desabastecimento parcial de água e de energia. Faltam alimentos nos mercados. Grande número de vias e estradas permanece bloqueado.
Voluntários estão desgastados pelo esforço feito e precisam de descanso e organização; o trabalho deles está sendo feito na base do voluntarismo e da solidariedade. O sofrimento é real e envolve milhares de pessoas.
POLARIZAÇÃO
Apesar da união de brasileiros em socorro ao Rio Grande do Sul, causa espanto que a polarização existente no país ainda divida ações, notícias, jornalistas e autoridades.
A maior preocupação da Secretaria de Comunicação Social do governo é com notícias que comprometam a imagem do governo. O ministro-chefe da secretaria solicitou à Polícia Federal que investigue civis, políticos e blogueiros que possam ter divulgado fake news com a intenção de prejudicar a imagem do governo.
Defensores do Estado máximo fazem questão de divulgar a ação de órgãos públicos nas ações de socorro e apoio à população. Defensores do Estado mínimo destacam que a maior parte dos salvamento e das operações de apoio e salvamento são realizadas por voluntários.
Os primeiros interpretam a divulgação das notícias do segundo grupo como tentativa de desmerecer e desacreditar o Estado e o governo. Consideram nocivas e prejudiciais à população, ao governo e ao regime as notícias divulgadas pelo segundo grupo. O essencial é que o apoio às pessoas é deixado de lado.
O salvamento de um cavalo, que permaneceu ilhado por 5 dias no teto de uma casa, tornou-se objeto de disputa de imagem de quem o salvaria. O veterinário, que compunha a equipe que o salvou, declarou em rede social que a primeira-dama solicitou que retardassem o salvamento do animal para que ela estivesse presente quando o animal fosse retirado do telhado.
O cavalo passou a receber mais destaque na imprensa que os voluntários que expõem a vida no salvamento de pessoas e que as ações para salvar pessoas. Um jornal publicou a notícia de que o cavalo está bem e apenas precisa recuperar 50 quilos. Pessoas não recebem tamanha atenção. Inversão de valores.
UNIÃO DE ESFORÇOS
Em 2005, o furacão katrina inundou 2.400 quilômetros quadrados de terra nos Estados Unidos e desabrigou 400 mil pessoas. A área alagada no Rio Grande do Sul passa de 4.000 quilômetros quadrados e já são mais de 700 mil desabrigados. A estrutura estatal não terá condições de atender a tamanha área e nem de socorrer tantas pessoas.
Há que haver apoio recíproco de ações governamentais e esforço conjunto das ações do governo e da sociedade. Sem disputas e sem polarização, que causam antagonismos e tiram o foco do objetivo maior que é salvar vidas.