Descoberta arqueológica de um pingente de 20 mil anos.
Artigo publicado na revista Nature (revista científica interdisciplinar britânica, publicada há mais de 150 anos) revela a descoberta de DNA humano na superfície de um pingente preservado, feito de dente de veado da Idade da Pedra, encontrado na caverna Denisova.

Segundo as informações genéticas, o DNA é de uma mulher, que viveu na Sibéria há mais de 20 mil anos e que deixou o DNA no objeto ao manuseá-lo.
Vejamos como os antropólogos evolucionistas do Instituto Max Planck (MPG), na Alemanha, chegaram a essas conclusões.
Deduziram que era um pingente, ou pulseira, porque o fabricante fez um furo no dente para passar uma espécie de cordão, possivelmente para dependurá-lo no pescoço ou nos pulsos. Como o cordão não foi encontrado, não se sabe se o adorno era de um colar ou pulseira.
Os seres vivos usualmente deixam tênues poeiras de DNA em seus arredores e nos objetos que tocam. Nos últimos anos, até restos de DNA ambiental – ou eDNA – foram identificados no ar e no solo.
O dente perfurado encontrado foi datado entre 19 mil e 25 mil anos antes de Cristo. Portanto, a mulher que o manuseou era da Idade da Pedra, fase da Pré-história na qual os seres humanos criaram ferramentas e armas de pedra e utilizaram madeira, ossos e outros materiais. A Idade da Pedra é subdividida em períodos, sendo que o último deles – o Neolítico – vai até 3.000 anos a. C.
Sabe-se também que a mulher que manuseou (usou?) o artefato fez parte de uma população de caçadores-coletores que viveu na Sibéria, Rússia.
Os cientistas manusearam o objeto com luvas a fim de evitar sua contaminação por DNA moderno. Eles levaram o dente para o laboratório, onde o lavaram em uma espécie de máquina de lavar, que consegue extrair o DNA das águas das lavagens sem danificar o objeto. O equipamento do laboratório é semelhante à máquina de lavar atual, que retira a sujeira das roupas e a deixa na água.
A “máquina de lavar” dos cientistas do Instituto Max Planck consegue isolar o DNA que estava presente nas células da pele, suor e outros fluidos corporais.

Ferramentas, armas e adornos pessoais – colares, pingentes, pulseiras, anéis – podem oferecer visão de como viviam nossos antepassados. Os cientistas abrem uma janela para o passado para estudar os humanos primitivos; quase uma viagem no tempo.
A Arqueologia diz que o Homo Sapiens surgiu na África há mais de 300 mil anos e se espalhou pelo mundo. Os arqueólogos já encontraram adornos datados de cerca de 100 mil anos.
A par das respostas que as descobertas científicas trazem, surgem perguntas, talvez em número maior que as respostas.
A mulher confeccionou o adorno? As mulheres já eram vaidosas? Usou-o? Como o usou? Comerciou-o? Que mãos humanas o manusearam? Passou de mãe para filha? Era um amuleto da sorte? Era o troféu de quem matou o animal? Foi um presente que ela ganhou? Não se sabe. As perguntas são em maior número que as respostas.
De qualquer forma, a descoberta abre caminho para que outros artefatos pré-históricos sejam explorados como fontes de material genético antigo para trazer conhecimentos sobre como nossos ancestrais viviam, o que usavam, o que carregavam, os objetos que manuseavam e seu grau de evolução.
A Arqueologia e a História fascinam.