Por Cláudio Duarte
Colunista e colaborador do Portal iMulher.
A pergunta proposta ao final da dica, lida a argumentação do texto, poderá mudar sua postura em relação ao uso do celular.
Isabelle Hau
Isabelle Hau, especialista em educação, acha-se incluída na lista de mulheres inspiradoras da Harvard Business School e é apaixonada pelo aprendizado como meio poderoso na criação de oportunidades para as crianças.
Ela demorou a andar e a falar e, com 3 anos de idade, teve o diagnóstico de “baixa aptidão acadêmica”, o que pode significar transtorno de déficit de atenção.
Os pais de Isabelle não se deixaram abater pelo diagnóstico da criança e buscaram todo tipo de ajuda para que ela se desenvolvesse plenamente. Isabelle Hau reconhece que o apoio que recebeu dos pais foi fundamental para que ela se tornasse quem é, Diretora Executiva do Stanford Accelerator for Learning da Universidade de Stanford, dedicada a pesquisar e incentivar a educação de crianças.
Isabelle lançou seu primeiro livro, por enquanto somente em inglês: “Love to learn: the transformative power of care ans connection in early education” (“Amor pelo aprendizado: o poder transformador do cuidado e da conexão na educação infantil”, em tradução livre).

Em razão de sua experiência pessoal, ela considera os primeiros anos da educação de crianças como fundamentais para o processo de aprendizagem. Para Isabelle, “as relações humanas são essenciais para o desenvolvimento do cérebro, para cada ser humano ser capaz de aprender, florescer e viver vida longa e ativa”. A maior relação que os bebês e as crianças na primeira infância tem é com os pais.
Exemplo da Romênia
Em suas palestras, Isabelle cita o exemplo da Romênia cujo governo comunista, nos anos de 1970 e 1980, incentivou os pais a terem mais filhos para ajudar no crescimento do país.
Sem condições de sustentar a família numerosa, muitos pais enviaram os filhos para orfanatos, e a Romênia teve número recorde de crianças recolhidas a orfanatos naqueles anos.

Como houve grande número de crianças abandonadas pelos pais, a Romênia tornou-se laboratório vivo para estudo dos efeitos naquelas crianças da privação de afeto e de estímulos paternais na infância. O resultado dos estudos mostrou que as crianças dos orfanatos tinham o volume do cérebro 10% menor que o normal.
A presença e o afeto dos pais são imprescindíveis ao pleno desenvolvimento dos filhos.
As crianças de hoje
As crianças atuais têm muitas atividades programadas e a vida agitada: escola, aulas de idiomas, aulas de música, aulas de lutas (meninas têm aulas de balé). Mas o desempenho escolar não deve ser o único parâmetro a avaliar o desempenho da criança. Socialização, capacidade de colaboração, comunicação e capacidade de relacionamento devem estar presentes na vida das crianças para o seu desenvolvimento intelectual, afetivo e social.
Surge então a preocupação com o uso prolongado das telas e o uso ostensivo dos celulares.

Depois da proibição de celulares em escolas, professores começaram a sentir os efeitos positivos da medida. Os estudantes têm prestado mais atenção nas aulas, estão mais focados e lendo mais.
Os alunos estão interagindo mais, com maior socialização e melhor qualidade de relacionamento com os colegas. Os recreios e os intervalos de aulas estão mais barulhentos e com maior vozerio dos alunos, o que demonstra maior interação.
Certamente a maior socialização se refletirá no ambiente familiar, no qual as crianças procurarão maior interação com os pais.
Aí surge a questão da Dica de hoje e a pergunta a ser formulada aos pais.
Pais presentes e pais ausentes
Os brasileiros dedicam muito tempo a celulares e meios eletrônicos diariamente e passam muito tempo em presença dos filhos mas com os olhos grudados no celular, em tabletes e computadores. São pais presentes fisicamente, mas ausentes mental e afetivamente.

Os pais se preocupam com o tempo que os filhos ficam em frente das telas de celulares e tabletes.
Mas vocês, pais e mães, se preocupam com o tempo que ficam em frente das telas e com o tempo que dão atenção e afeto a seus filhos?
Ficha de leitura
Livro: Love to Learn: The Transformative Power of Care and Connection in Early Education
Autora: Isabelle Hau
Número de páginas: 336 páginas
Idioma: Inglês
Editora: PublicAffairs
Data da publicação: 11 fevereiro 2025
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2 Comentários
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏De pé!
Meu prezado Coronel Cláudio
Ontem me deparei com um trágico traço em tintas fortes do que é a nossa sociedade. Uma jovem de 25 anos de idade está aguardando a chegada do sétimo filho. Mora no Complexo da Maré aqui no Rio. Vivendo em condições quase desumanas, cada um filho de um pai diferente. Esses fatos virão um dia ao nosso encontro. A estrema pobreza, a total falta de educação para esses que estão nascendo, falta de recurso para a saúde e não há como corrigir isso a curto prazo.
Minha mãe, uma pessoa do interior de Minas, uma Roça mesmo, com 23 anos de idade, em uma época em que não havia planejamento familiar, estava tendo o terceiro filho.
As crianças de hoje serão os indiferentes de amanhã, que não se darão conta da tragédia social que assola o nosso país. Pois os pais estão muito mais preocupados em olhar o mundo pela janela que está em suas mãos, ao alcance dos olhos, sem se deter em qualquer assunto relevante. A mente é acelerada e os acontecimentos mudam a todo instante e eles querem estar atualizados. Os filhos estão indo para o mesmo caminho. Ninguém quer resolução. Não percebemos que o começo está exatamente na família. E te digo, se não houvesse família, estaríamos perdidos ha séculos. A família fortalece, ampara e ensina.