“Todas essas criaturas – todas – a que chamas animadas, como aquelas a que negas a vida, sem razão melhor que de não veres em ação – todas essas criaturas têm em grau maior ou menor, capacidade para o prazer e para a dor, mas a soma geral de suas sensações é, precisamente, aquele total de felicidade que pertence de direito ao ser divino quando concentrado em si mesmo.”
Edgar Allan Poe
Os crimes da rua Morgue e outras histórias extraordinárias contempla uma seleção de dezoito contos do renomado escritor norte-americano, mais conhecido pelo estilo gótico e seus contos de terror, Edgar Allan Poe (1809-1849). A coletânea mergulha o leitor nas profundezas da mente sombria do autor, oferecendo um vislumbre do lado mais obscuro da natureza humana.
O livro, lançado pela Editora Rocco em 2017 foi traduzido a adaptado por ninguém menos que Clarice Lispector (1920-1977) e sua introdução assinada pelo francês Charles Baudelaire (1821-1867). Leitora ávida da literatura policial, Clarice Lispector – que, sob o pseudônimo de Mary Westmacott também traduziu para o português os livros de Agatha Christie, empresta seu talento magistral à genialidade de Poe, trazendo para o leitor histórias como A máscara da morte rubra, O gato preto, Ligeia e outras.
“O homem não se submete aos demônios, nem se rende inteiramente à própria morte, a não ser pela debilidade de sua fraca vontade.”
O conto que dá título ao livro sugerido na Dica Cultural de hoje, Os Crimes da Rua Morgue, é considerado por muitos como a primeira narrativa policial da história da literatura. Poe utiliza uma abordagem racional e analítica para resolver um crime aparentemente impossível, criando assim um marco na literatura de suspense. Seus contos são cheios de terror e a morte é sempre o tema principal ou seu final fatídico.
Em Os Crimes da Rua Morgue, mãe e filha são encontradas mortas num apartamento fechado, situado na rua Morgue, sem o menor sinal de arrombamento. A sala onde foram descobertos os cadáveres encontra-se trancada por dentro. Para aprofundar ainda mais o mistério, residentes da vizinhança afirmam ter escutado o assassino falando em uma língua estranha e inidentificável.
Quando um homem é acusado do crime, somos apresentados a Auguste Dupin, o mais famoso detetive criado por Poe. Um indivíduo solitário e de aguçada inteligência que se oferece para ajudar a polícia de Paris a resolver este caso aparentemente sem solução. Ele tenta impedir que um inocente, conforme acredita, seja condenado por um crime que não cometeu.
“Eu me tornei insano, com longos intervalos de horrível sanidade.”
Dupin é o protagonista de três contos de Poe: Os Crimes da Rua Morgue (1841), O Mistério de Marie Rogêt (1842) e A Carta Roubada (1844). Conhecido por seu meticuloso poder de observação e habilidades de dedução, é considerado um dos primeiros detetives fictícios na literatura e serviu de inspiração para muitos outros personagens (detetives) famosos como Sherlock Holmes, criado por Arthur Conan Doyle (1859-1930).
Os crimes da rua Morgue e outras histórias extraordinárias é leitura obrigatória para os amantes do gênero de suspense. Demonstra o impressionante talento literário do autor e sua capacidade de explorar as profundezas da psique humana.
Edgar Allan Poe continua a influenciar escritores e a cativar leitores do mundo inteiro até os dias de hoje.
FICHA TÉCNICA
Título : Os crimes da rua Morgue e outras histórias extraordinárias
Autor : Edgar Allan Poe
Editora : Fantástica Rocco; 1ª edição (9 outubro 2017)
Tradução : Clarice Lispector
Idioma : Português
Capa comum : 224 páginas
Sites sobre Edgar Allan Poe:
https://www.eapoe.org/index.htm
https://www.nps.gov/edal/index.htm
https://www.poeinbaltimore.org/
https://www.poetryfoundation.org/poets/edgar-allan-poe