Durante muito tempo, o governo brasileiro manteve o monopólio de serviços que considerava “estratégicos”. Assim foi com as comunicações, a telefonia, a energia elétrica, as rodovias, as ferrovias e os Correios. Mas o governo não tinha pessoal e nem meios para promover o desenvolvimento dos setores. O país foi perdendo em eficiência, em negócios e na economia.
Contudo, houve necessidade de abrir os mercados para a iniciativa privada, muito mais ágil e disposta a investir. “Estratégicos” são o bem-estar da população e o crescimento do país e não o serviço prestado.
A privatização das telecomunicações permitiu o salto que o Brasil deu no setor de comunicações.
Hoje, vemos o anacronismo e a obsolescência dos Correios, que não mais conseguem atender à crescente demanda da sociedade. Diante de sua inoperância e incapacidade, o mercado foi-se ajustando e fez surgirem novas empresas de logística e concorrentes com maior eficiência e novas tecnologias.
A tecnologia e a operacionalidade dos Correios foram ultrapassadas pelo dinamismo do mercado.
Até pouco tempo atrás, os brasileiros tinham de sujeitar-se ao monopólio dos Correios para entrega de cartas e encomendas.
O serviço público, preso a amarras burocráticas, não consegue a agilidade necessária para acompanhar o ritmo da sociedade. Ainda mais quando empresas públicas são cabides de empregos para afilhados e apaniguados ou meros meios de barganha para o governo comprar apoio de políticos que se movem por cargos, dinheiro e interesses.
Os Correios perderam protagonismo na entrega de encomendas e se tornaram entregadores de cartas e documentos em envelopes. Sabe-se lá até quando. Mesmo a entrega de documentos perde espaço para os meios eletrônicos, que os entregam instantaneamente e sem necessidade de envelopes. Na mesma cidade, ainda há a concorrência dos motoboys.
Os Correios têm perdido relevância. A participação dos Correios 10 anos atrás na entrega de mercadorias era 80%. Hoje, não chega a 45% do comércio eletrônico.
As grandes transformações da sociedade fizeram com que o próprio mercado se adaptasse para atender à crescente demanda. O crescimento do comércio eletrônico fez surgir novas empresas de logística, que vieram suprir as carências do mercado e a suprir a ineficiência dos Correios: Loggi Cargas, Luft, Kangu e Atual Cargas são exemplos. Algumas delas coletam a encomenda no endereço do remetente por preço mais acessível que o cobrado pelos Correios.
Varejistas passaram a investir em empresas de logística e a criar seu próprio sistema logístico.
O Mercado Livre se associou à Gol, empresa aérea, e tem a sua disposição frota de 6 cargueiros para entregas. A Azul Cargo, braço de transporte de carga da companhia de aviação Azul, entregou 20 milhões de pacotes em todo o país em 2022. Em 2023 deverá ultrapassar esse número.
O número de entrega de encomendas vem crescendo ano a ano. Veja o quadro.
ANO | NÚMERO DE PACOTES ENTREGUES (em milhões de unidades) | TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL (em %) |
2019 | 214 | |
2020 | 301 | 40% |
2021 | 335 | 10% |
2022 | 370 | 10% |
2023 | 400 (previsão) | 10% (previsão) |
Fonte: Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM)
O progresso exige empresas ágeis, eficientes e confiáveis, virtudes que estatais, sufocadas pelo peso da burocracia e da ineficiência, não conseguem atender.
Os Correios têm a vantagem de serem a única empresa estatal presente em em todos os 5.570 municípios brasileiros. Apresenta vantagens na entrega de encomendas para localidades mais afastadas.
O consumidor, mais exigente, deseja rapidez, eficiência e confiabilidade.