A expressão “do tempo do Onça” tem origem no Século XVIII.
Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisa ser verificada ao longo da História e/ou do folclore regional.
DO TEMPO DO ONÇA
Entre 1725 e 1732, o Rio de Janeiro foi governado por Luiz Vahia Monteiro (1660 – 1732), militar autoritário, exigente e severo, razão pela qual ficou conhecido como “O Onça”.
Como era conhecido pela truculência e intolerância, pois frequentemente se desentendia facilmente com religiosos e políticos e reagia com violência quando alguma coisa o desagradava, logo recebeu o apelido de “Onça”.
Segundo Alexandre Passos, autor do livro “O Rio de Janeiro no tempo do Onça”, Luiz Vahia Monteiro “tomou providências no sentido de livrar a cidade da malta de malandros, desordeiros e jogadores, não poupando os que, de qualquer forma, perturbavam a vida social e o sossego dos lares“. Os bandidos o temiam.
Ora, no Brasil colônia, a onça era o animal mais temido, pois eram comuns os ataques do animal a bandeirantes e aos aventureiros que procuravam ouro em Minas Gerais. Natural que o governador fosse apelidado de “Onça”.
De qualquer forma, durante o período em que governou o Rio, “o Onça” cumpria rigorosamente a lei e exigia que todos a cumprissem. Evidentemente, a cidade ficou mais organizada e limpa, e o governador “Onça” deixou saudades e seguidores.
Tempos depois de ter deixado o cargo de governador, a cidade voltou gradativamente a se tornar bagunçada.
Ao assistirem o desleixo com a cidade, os saudosistas do governador Vahia Monteiro diziam: “Ah, no tempo do Onça que era bom!”. Por conta disto, a expressão “no tempo do Onça” passou a significar coisa antiga, alguma coisa que aconteceu há muito tempo ou até coisa fora de época.
Em época de governantes corruptos, descumpridores da lei e interessados em cargos e conchavos, de quem há suspeita de fazer acordos com bandidos, bem que estamos a necessitar de outros “Vahias Monteiros”, outros “Onças”.