“Máquinas como eu” é um romance distópico escrito pelo aclamado autor britânico Ian McEwan, publicado em 2019.
O autor retorna a 1982, em Londres, numa realidade alternativa onde narra uma Inglaterra devastada, derrotada na Guerra das Malvinas, com o governo Thatcher desestabilizado. John Lennon volta a se reunir com os Beatles para turnê, o cientista Alan Turing (que morreu em 1954) vive sua homossexualidade plenamente e não cometeu suicídio: viveu para ver a criação de uma inteligência artificial capaz de pensar e aprender como um ser humano.
O livro conta a história de Charlie Friend, um homem comum, trinta e dois anos, formado em Antropologia, que ganha a vida apostando na Bolsa, faturando pouco, e acaba usando os recursos de uma herança para comprar um androide de última geração chamado Adão.
Com a ajuda de sua vizinha Miranda, uma estudante de História que vive com um terrível segredo, ele programa Adão para ter uma personalidade e habilidades sociais semelhantes as suas. Charlie e Miranda mantêm um relacionamento ainda indefinido no início da narrativa, e para completar Adão se apaixona por Miranda.
Este humano é quase perfeito – um triângulo amoroso logo se forma. Esses três seres enfrentarão um profundo dilema moral.
À medida que Adão começa a interagir com os dois, ele se torna cada vez mais consciente e questionador de sua existência e da ética envolvida em sua criação.
Ao longo do livro, o autor aborda questões filosóficas profundas, como a natureza da consciência, da moralidade e da responsabilidade. Além disso, ele explora temas como a adoção, a aceitação da paternidade, o ciúme e o medo em relação a máquinas que podem pensar e sentir como humanos.
O romance subversivo e divertido de Ian McEwan coloca questões fundamentais: o que nos torna humanos? Nossas ações exteriores ou o que somos intimamente? Uma máquina poderia entender o coração humano? Este conto provocativo e emocionante adverte sobre o poder de inventar coisas além do nosso controle.
FICHA TÉCNICA
MÁQUINAS COMO EU | Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Tradução: Jorio Dauster
Tamanho: 304 págs.
Lançamento: Junho, 2019.
“A moralidade era real, correspondia a valores verdadeiros, o bem e o mal eram inerentes à natureza das coisas. Nossas ações devem ser julgadas nesses termos. Era assim que eu pensava antes de conhecer a antropologia”.
“A questão é que o xadrez não constitui uma representação da vida. É um sistema fechado. Suas regras não são desafiadas e prevalecem constantemente em todo o tabuleiro. Cada peça tem limitações bem definidas e aceita seu papel, a história do jogo é clara e incontestável a cada etapa,e o final, quando chega, nunca é objeto de dúvida. Um perfeito jogo de informação. Mas, a vida, onde aplicamos nossa inteligência, é um sistema aberto. Confuso, cheio de truques, dribles e ambiguidades, de falsos amigos.“