As expressões populares têm origem nos costumes e na cultura do povo. Interessante ver sua origem.
Origem da expressão “Morreu Maria Preá!”
A expressão “Morreu Maria Preá”, muito usada no Nordeste, significa o encerramento de algo, o fim de uma situação ou término de assunto. Dá o tom definitivo de encerramento da situação ou do assunto, como a afirmar para não voltar à conversa nem à ação; fim; acabou-se; esquece e segue em frente.
A origem da expressão envolve intrigas, chantagens e “pecados”.
Um padre de uma cidade do interior do Nordeste (não se sabe qual cidade e nem qual estado) mantinha caso amoroso secreto com a beata de sua paróquia chamada Maria Preá. O desejo da carne falou mais alto.
Para desassossego do padre, o sacristão de sua igreja descobriu o relacionamento do padre e passou a chantageá-lo. O sacristão passou a exigir favores diante da ameaça de expor o segredo do padre para toda a comunidade. Naturalmente, o padre cedia ao sacristão, que não se contentava com pouca coisa.
O padre passou a viver em constante tensão, imaginando o que fazer e como se livrar da ameaça e da chantagem feita pelo sacristão. Afinal, ele sempre cedia às exigências do sacristão a fim de manter a relação escondida e não perder o prestígio perante a comunidade.
Ele fez novenas e orações pedindo ajuda do Alto para se livrar da situação. Recebeu a ajuda que tanto pediu.
Um belo dia, o padre foi rezar novena numa comunidade próxima. No meio do caminho, esqueceu-se de um documento (a história não confirma se foi documento, ou breviário [livro litúrgico de orações] ou algum apetrecho para fazer a novena.
O padre retornou do meio do caminho e, ao chegar à casa paroquial, flagrou o sacristão em situação comprometedora com um rapaz (desnecessário descer a detalhes. Imagine-se a “posição comprometedora”).
Ao ver a cena, o padre gritou aliviado “Morreu Maria Preá!”. Sim, pois a partir daquele momento o padre passou a ter argumento para contrapor à chantagem do sacristão. Cada um passou a ter segredos um do outro.
Decretado o fim da chantagem do sacristão, que agora tinha janela de vidro e segredo que não convinha fosse espalhado, a tranquilidade voltou à paróquia para grande sossego e alívio do padre.
O caso não diz se o caso amoroso do padre e o do sacristão continuaram; permaneceu apenas a expressão “Morreu Maria Preá!”.
O poeta e compositor Itanildo Medeiros pesquisou a origem da expressão e, descobrindo-a, escreveu o cordel “Morreu Maria Preá!”.
https://www.folhapatoense.com/2022/11/13/morreu-maria-prea-texto-de-anchieta-guerra/