Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisa ser verificada ao longo da História e/ou do folclore regional.
- INÊS É MORTA
A expressão “Inês é morta” significa que tudo está acabado, irremediavelmente terminado, sem solução, o fim, fato irreversível.
Como ela tem origem em bela história de amor, merece ser contada em detalhes. Toda história de amor merece ser exaltada e narrada em detalhes, pois não são todas as pessoas que têm o privilégio de encontrar o seu grande amor e de vivê-lo nesta vida.
Inês de Castro (1325 – 1355) foi uma nobre galega, rainha póstuma de Portugal, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, com quem teve quatro filhos, e foi executada por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV.
Inês de Castro era aia de Constança, esposa do futuro rei D. Pedro I de Portugal. Mas, D. Pedro I apaixonou-se por Inês de Castro, e ela apaixonou-se por ele. D. Pedro e Inês passaram a encontrar-se às escondidas.
Afonso IV, pai de D. Pedro não aprovava esta relação. Em 1344, sob pretexto da moralidade, o rei D. Afonso IV mandou exilar Inês no Castelo de Albuquerque, afastado de Lisboa. No entanto, a distância não apagou o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência. A distância e o tempo não apagam o verdadeiro e sincero amor.
Em outubro de 1345, Constança, esposa de D. Pedro I, morreu ao dar à luz a um bebê. Viúvo, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, provocando escândalo na corte e desgosto para seu pai. Surgiu, então, desavença entre o rei e o seu filho.
O rei Afonso IV tentou remediar a situação forçando D. Pedro a casar-se com uma dama de sangue real. Mas D. Pedro rejeitou este projeto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher, Constança, e que não conseguia ainda pensar em novo casamento.
No entanto, o romance de D. Pedro com Inês continuava. Inês teve filhos de D. Pedro: Afonso, que morreu pouco depois de nascer; João; Dinis; e Beatriz. O nascimento desses filhos agravou o conflito entre D. Pedro e seu pai.
O rei D. Afonso decidiu matar Inês de Castro e, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro.
Inês foi morta em 1345 quando estava junto a uma fonte. Sua morte fez surgir a lenda de que as lágrimas derramadas no Rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas. A morte de Inês provocou a revolta de D. Pedro contra seu pai, D. Afonso IV.
Pedro I foi aclamado rei em 1357 e deu início à perseguição aos assassinos de sua amada Inês. Com requintada malvadeza, executou sua vingança contra dois dos assassinos de Inês nos Paços de Santarém: mandou amarrar as vítimas em postes e ordenou ao carrasco que tirasse o coração de um pelas costas e do outro pelo peito.
Em junho de 1360, D. Pedro I legitimou os filhos que teve com Inês, ao afirmar que se tinha casado secretamente com ela em 1354, em Bragança. A palavra do rei, do seu capelão e de um criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
Conta a tradição que Pedro I resolveu fazer uma homenagem a Inês de Castro, rainha de Portugal, ordenando que o corpo da amada fosse desenterrado e sentado no trono. A rainha foi coroada, e os nobres foram obrigados a procederem à cerimônia do beija-mão do cadáver sob pena de morte. Em seguida, D. Pedro ordenou o translado dos restos mortais da amada para um túmulo que mandou construir em Alcobaça.
Esta história do beija-mão da rainha começou a circular a partir de 1500, mas não existem comprovações histórias de que tenha ocorrido.
Mas qual a origem da expressão “Inês é morta”? Pedro recebeu a notícia do assassinato de sua amada e, furioso, decidiu enfrentar seu pai. No entanto, quando chegou à cidade do Porto, sua mãe, Beatriz, e seu primo, o bispo de Braga, fizeram com que ele desistisse da ideia.
Teria sido nesse momento que o futuro rei afirmou, resignado: “Agora, Inês é morta”. Nada mais restava a fazer; seu grande amor havia morrido. Era o fim.