Este artigo demonstrará, com exemplos práticos, a diferença entre o bom funcionamento de uma estrutura organizada e a sua evolução e o mau funcionamento e a baixa arrecadação de uma estrutura desorganizada.
A Consultoria Sports Value, empresa líder em avaliação e consultoria na indústria de esportes profissionais cujos estudos e avaliações incluem ligas de esportes norte-americanos e europeus, divulgou o resultado de uma pesquisa que mostra que o futebol dos Estados Unidos superou o futebol brasileiro em faturamento anual em 2021.
A Major League Soccer (Principal Liga de Futebol) (MLS) dos Estados Unidos comanda o principal campeonato de futebol do país disputado por 24 times norte-americanos e 3 do Canadá.
A liga foi criada em 1993 com a finalidade de coordenar a realização da Copa do Mundo de 1994. Seu primeiro campeonato aconteceu em 1996.
O campeonato brasileiro de futebol é disputado desde 1971, embora houvesse disputas regionais anteriores que lhe deram origem. O tempo não ensinou os dirigentes brasileiros.
Em 2021, a MLS arrecadou US$1,6 bilhões (equivalente a R$8,1 bilhões), e os times da Série A do campeonato brasileiro arrecadaram apenas US$1,1 bilhão (R$5,6 bilhões).
O Brasil foi ultrapassado por país que não tem (tinha?) tradição no futebol, mas que tem tradição em organizar disputas esportivas, promover esportes e desenvolver disputas atraentes.
O futebol é o quarto esporte de preferência dos norte-americanos. Na frente dele estão o basquete, o beisebol e o futebol americano. Mas o mercado do futebol cresce de forma acelerada nos Estados Unidos e deverá crescer mais, pois o país sediará a realização da Copa do Mundo de 2026. Os norte-americanos interessados por futebol passam de 100 milhões de pessoas.
Os motivos que fazem crescer o interesse pelo futebol nos Estados Unidos são o crescimento da prática do esporte por crianças em idade escolar, interesse dos jovens urbanos, forte apelo junto aos latinos e, principalmente, a liga de futebol estruturada e organizada.
Só para citar um exemplo da diferença entre a organização do esporte de lá e a do Brasil, o direito de transmissão de jogos nos Estados Unidos é repartido pela MLS quase que igualmente entre as equipes. No Brasil, é cada time por si, não há consenso, os times procuram prejudicar o adversário na distribuição dos valores, o dinheiro é distribuído desigualmente, o que aumenta a disparidade entre os clubes. Com isso, a disputa diminui, pois são sempre os mesmos a vencerem os campeonatos. Perdida a competitividade, as gerações mais novas estão perdendo o interesse pelo futebol.
Outra coisa. Os jogadores que atuam na MLS têm um “teto salarial”, o que garante não só o equilíbrio das finanças das equipes como também o equilíbrio entre elas. Os times brasileiros, em sua maioria, são cheios de dívidas.
A rede esportes ESPN transmite jogos do campeonato americano de futebol para o Brasil, o que aumenta sua divulgação e desperta interesse pelo esporte.
Outro exemplo de crescimento de futebol nos Estados Unidos. Foram realizadas 8 edições da Copa do Mundo Feminina. Japão e Noruega têm um título, Alemanha tem 2 títulos e os Estados Unidos foram campeões 4 vezes.
A maior conclusão do estudo feito pela Consultoria Sports Value é que, enquanto as grandes ligas do futebol estão literalmente “bombando” em marketing, clubes brasileiros estão entre os piores em faturamento com a marca do planeta.
O Brasil é o quinto maior mercado de mídia e entretenimento entre as ligas mais importantes do futebol mundial. Mas apenas o 14º em receitas de marketing.
Sem liga profissional e sem organização, o Brasil viu sua principal competição (campeonato brasileiro de futebol Série A) sempre desvalorizada, sem apelo global e sem força econômica frente aos mercados mais organizados e com marketing mais atrativo, conforme avaliou a Consultoria Sports Value.
Não basta a paixão. Como em qualquer empreendimento, também no futebol há que haver organização.