A Dica Cultural de hoje é sobre um favorito: O caçador de pipas, de Khaled Hosseini, publicado em 2003.
Em agosto de 2021, os olhos do mundo estavam mais uma vez voltados para o Afeganistão, dessa vez em meio às cenas dramáticas no aeroporto de Cabul enquanto as pessoas corriam para escapar do país. Três anos após a retomada do poder pelos talibãs, a crise econômica, social e humanitária ilustra o fracasso de um governo brutal que mantém milhões vivendo abaixo da linha da pobreza.
A história de O caçador de pipas e a temática pertinente é tão ressonante hoje quanto era quando o livro foi publicado.

O caçador de pipas segue a jornada de Amir, jovem garoto que vive em Cabul, e se passa no tumultuado período da história afegã, desde a queda da monarquia em 1973 até a ascensão do regime do Talibã nos anos 90. O romance transcende o cenário narrativo no Afeganistão para explorar temas como remorso, redenção e o impacto indelével das experiências da infância. Hosseini entrelaça realidades pessoais e políticas para mostrar como as vidas de cada um são moldadas a partir de forças históricas e culturais.
Enredo
O pai de Amir, Baba, é um rico e respeitado empresário afegão cujo status social se reflete em seu patrimônio e estilo de vida. Ali trabalha para Baba e vive com seu filho Hassan em um pequeno barraco dentro do complexo de sua propriedade. Ali e Hassan são hazaras, minoria étnica no Afeganistão e enfrentam considerável discriminação ao longo do livro.
O início do romance detalha a amizade entre Amir e Hassan, com Amir, em primeira pessoa, lembrando sua infância feliz. Eles passavam o tempo brincando, lendo contos afegãos e empinando pipas. Hassan, além de ser habilidoso com a funda, atuava como o caçador de pipas de Amir, recuperando as pipas que ele derrubava nas competições cujo objetivo era cortar as cordas das pipas adversárias e ser o dono da última que pairasse no ar.
Embora Hassan tenha origem humilde e seja analfabeto, Amir sente ciúmes da atenção que Baba lhe dispensa. Amir provoca e ridiculariza Hassan pela sua falta de educação, e seu próprio sentimento de inadequação se intensifica ao ver a coragem altruísta de Hassan ao defendê-lo de agressores ao longo da infância, algo que Amir gostaria de ser capaz de imitar.
Certo dia, após Amir vencer um torneio, Hassan corre para recuperar a última pipa. No entanto, Amir presencia o estupro brutal do amigo em um beco, perpetrado pelos mesmos bullies contra os quais Hassan o defendeu um dia, mas não faz nada para ajudar. Esse momento gera profunda vergonha e ressentimento em Amir. Consumido pela culpa, ele acaba incriminando Hassan por roubo, que leva a demissão de seu pai, Ali.
Amir e Baba deixam o Afeganistão em 1981 após a invasão soviética (1979), buscando refúgio em Fermont, Califórnia. A jornada retrata o isolamento e as dificuldades da migração, enquanto Amir é assombrado pela traição a Hassan. Amir se apaixona por Soraya, filha de imigrantes afegãos, e Baba, diagnosticado com câncer terminal, vive o suficiente para ver o casamento do filho um mês antes de morrer.
Após a morte de Baba, Amir viaja ao Paquistão a pedido de Rahim Khan, antigo sócio de seu pai. Rahim revela que Baba teve um caso com a mãe de Hassan, fazendo dele seu meio-irmão. Amir fica profundamente abalado com a revelação, especialmente ao descobrir que Hassan e sua esposa foram mortos pelo Talibã, deixando seu único filho, Sohrab, em um orfanato afegão.
Amir retorna ao Afeganistão para resgatar Sohrab, e acaba enfrentando um antigo desafeto de infância, agora membro do Talibã. O ponto culminante do romance ocorre quando Amir, após salvar Sohrab e levá-lo ao Paquistão, decide adotar o menino. O ato de adoção é mais do que apenas uma demonstração de compaixão; representa a jornada de Amir em direção à cura e à redenção.
Sohrab, tendo sofrido abuso extremo e vivendo numa estrutura social em declínio, simboliza esperança e a chance de Amir redimir erros do passado. O relacionamento entre Amir e Sohrab é marcado por desafios, refletindo as complexidades das conexões humanas e o impacto duradouro de traumas passados. No entanto, é por meio desse relacionamento que Amir encontra um renovado senso de propósito e identidade.
Por fim…
O melhor sobre O caçador de pipas é seu senso de destino e justiça, do bem superar o mal no fim das contas. O fato de Amir voltar ao Afeganistão e encarar sacrifícios para consertar as coisas. A mensagem por trás do desfecho final pode ser interpretada de forma diferente por diferentes leitores, mas, pessoalmente, sinto que propõe um breve senso de esperança, tanto para o futuro de seus personagens quanto para o Afeganistão devastado pela guerra.
Título : O CAÇADOR DE PIPAS (Khaled Hosseini)
Editora : NOVA FRONTEIRA; 1ª edição (1 janeiro 2005)
Idioma : Português
Capa comum : 368 páginas
ISBN-10 : 9788520917671
ISBN-13 : 978-8520917671
Dimensões : 19.8 x 13.6 x 1.8 cm
Simone Hillbrecht
Colaboradora do Portal iMulher
e Editora da Dica Cultural.
1 comentário
Excelente leitura….