Com safra recorde em 2022/2023, o Brasil se tornará o maior exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos. Na safra 2021/2022, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas de algodão. A previsão da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) é que as exportações em 2023 cheguem a 2,5 milhões de toneladas.
As vendas ocorrem no ano seguinte ao término da colheita, porque a fibra precisa passar por processo de beneficiamento para separar o caroço da pluma.
A EXPORTAÇÃO
Os embarques de algodão começaram em meados do ano e se estenderão pelo segundo semestre, período no qual se concentra o maior volume de exportações. Em comparação a agosto de 2022, as exportações de algodão em pluma em agosto de 2023 cresceram 60%, segundo informa a Anea.
A Maersk, empresa de transporte marítimo, trouxe 5 navios a mais para o Brasil a fim de atender à demanda. A pluma do algodão é transportada em contêineres, os mesmos que transportam produtos industrializados, diferentemente de grãos, que são transportados em graneleiros, navios especializados no transporte de mercadorias a granel.
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE
O sucesso do algodão brasileiro não se deve a obra do acaso nem a produção esporádica de uma safra beneficiada pelo clima. O processo da melhora da produção do algodão vem de anos e envolve muitos aspectos de planejamento e cuidados do agronegócio.
A seleção de sementes, para melhorar a qualidade e a produtividade do algodão, levou a maior produtividade e à certificação de qualidade do produto brasileiro e sua maior aceitação e procura pelos estrangeiros. Boa estratégia de vendas.
A certificação garante que a produção brasileira está conforme normas ambientais, de saúde e de segurança dos trabalhadores.
O algodão brasileiro é líder mundial em produtividade e alcança quase o dobro da produtividade do algodão norte-americano, principal concorrente brasileiro. A média nacional no cultivo não irrigado está em 1.780 kg por hectare, contra apenas 941 kg dos norte-americanos.
No início dos anos 1990, o algodão tinha baixa produtividade, colheita manual e prejuízos em razão da baixa resistência do produto às chuvas e às mudanças climáticas. A tecnologia, as pesquisas com a decorrente seleção de sementes e os avanços no campo permitiram que o algodão desse grande salto de qualidade.
Houve grandes investimentos em tecnologia.
GARGALOS LOGÍSTICOS
No entanto, o Brasil tem gargalos de logística que atrasam o embarque, onera o produto e diminuem a lucratividade dos produtores.
Os portos brasileiros não têm a estrutura adequada e há congestionamento do embarque do algodão.
As rodovias e ferrovias não oferecem o escoamento adequado do produto até os portos.
O escoamento do algodão exige terminais específicos, em que se faça a “estufagem”, processo de encher os contêineres com os fardos de pluma de algodão. A estufagem é fundamental para preservar o produto durante a viagem e deve ser feita cuidadosamente para proteger o produto.
O Brasil dependerá de condições climáticas favoráveis para que a produção de algodão cresça nos próximos anos.