Por menos você se interesse por assuntos referentes a viagens espaciais, dedique 5 minutos para ler este artigo. Você se surpreenderá e terá nova maneira de enxergar o ser humano e talvez a si mesma.
Conquistas da ciência, que deveriam encher de orgulho os seres humanos, passam despercebidas ou não merecem o devido destaque. A ciência tem alcançado feitos inéditos e extraordinários, que devem ser destacados em contraposição à maioria das notícias negativas e principalmente para aumentar a consciência da criatividade e da capacidade do ser humano.
A ida à Lua, a construção da estação espacial, a exploração de Marte, o Telescópio Espacial James Webb são grandes avanços científicos. Contudo, há cientistas que consideram que o maior feito humano foram as Sondas Espaciais Voyager 1 e Voyager 2, que mais bem evocam as qualidades e as características – inteligência, estudo, criatividade, busca do conhecimento – do ser humano.
A Sonda Espacial Voyager 1 foi lançada ao espaço em 1977, para estudar Júpiter e Saturno. Em 2023, completou 45 anos e 6 meses em operação, transmitindo dados para a Terra. A Voyager 1 enviou mais de 19 mil imagens de elevada qualidade de Júpiter e Saturno e de suas luas e outras informações obtidas por meio dos instrumentos científicos instalados em sua plataforma, o que aumentou o conhecimento sobre os planetas e suas luas.

A Sonda Espacial Voyager 2 foi lançada ao espaço em agosto de 1977, com a missão de colher dados de Júpiter e Saturno. Sua missão deveria durar 4 anos e foi estendida para 44 anos; depois de Júpiter e Saturno, ela foi direcionada para estudar Netuno e Urano.
A Voyager 2 foi a única nave que esteve em Urano; antes dela, nada esteve naquele planeta e nada se sabia sobre Urano, a não serem as observações feitas por telescópios a partir da Terra.

As sondas não pousaram nos planetas; orbitaram em torno deles por dias, fotografaram-nos, colheram dados por meio dos instrumentos científicos que levaram consigo e os enviaram de volta para a Terra, a mais de 1 bilhão de quilômetros de distância.
As sondas espaciais descobriram novos mundos (luas de Júpiter e Saturno) e fizeram descobertas sobre os planetas que deixaram os cientistas perplexos.
Em 1980, enquanto orbitava Saturno a câmara fotográfica da Voyager 2 deixou de funcionar e foi consertada da Terra, a mais de 1,2 bilhão de quilômetros de distância, por meio de ordens enviadas em ondas de rádio. Fascinante.
Os cientistas que participaram do projeto Voyager compararam o lançamento das sondas ao espaço como o nascimento de um filho, que adquiria vida própria e partia em aventura mundo afora. Apesar da realização de ver o lançamento perfeito, havia a tristeza da despedida das naves, que nunca mais veriam.
Depois de completarem o levantamento de dados dos planetas, as sondas Voyager 1 e Voyager 2 saíram do sistema solar e adentraram o espaço interestelar. De lá, o Sol passou a ser visto por elas como uma estrela, igual às demais que vemos à noite.
No espaço interestelar, a Voyager 1 detectou “sons” do espaço e os transmitiu para a Terra.
Os cientistas programaram as irmãs Voyagers para a viagem no espaço interestelar. Eles carregaram as sondas com um disco (e respectiva agulha) de cobre, revestido a ouro, contendo apresentações e sons da Terra; caso outras civilizações as encontrem terão informações sobre o nosso planeta.

No disco estão, dentre outras, imagens do Cristo Redentor e da Grande Muralha da China; sons do vento, do canto de pássaros e de chuva; saudações feitas em 55 diferentes idiomas; excertos de obras de Beethoven e de Mozart. Uma civilização diferente que as encontrar terá noção da nossa civilização e saberá que estamos aqui e quem somos (ou éramos, quando elas foram lançadas).
As sondas também oferecem uma espécie de GPS galáctico, que permitirá a outra civilização localizar o planeta que as confeccionou.
Pode ser que ninguém as encontre, pois são minúsculas naves espaciais. Pode ser que a civilização humana progrida, faça viagens interestelares e encontre as sondas. Pode ser que elas sejam encontradas por outra civilização. Pode ser que a nossa civilização desapareça, e as sondas permaneçam viajando pelo Universo. Ninguém sabe o que acontecerá.
O fato é que elas deverão sobreviver à própria Terra. Isto é espetacular.

Depois de Júpiter, a Voyager 2 fez a fotografia do sistema solar, na qual a Terra aparece como um minúsculo ponto azul. Neste minúsculo ponto azul em que vivemos, acontecem guerras, lutas, disputas por interesses e pelo poder, vaidades, epidemias…
Também nesse minúsculo ponto azul acontecem progressos científicos, atos de nobreza, amores, caridade, atos de fé e da grandiosidade humana em toda a sua contradição e esplendor.
A capacidade de criar, de fazer cálculos, de inventar os instrumentos que acompanharam as naves, de consertarem as sondas a partir da Terra e de lançarem-nas para além do sistema solar é um feito grandioso de uma civilização que, apesar de suas mazelas, tem grandes virtudes.
Orgulhe-se; você faz parte dessa civilização.
1 comentário
Motivos de orgulho…, nos apresenta uma ótima oportunidade de refletir sobre o progresso que nos proporcionaram nossos antepassados. Tudo que desfrutamos de modernidade está sem dúvida ligado às primeiras descobertas e invenções do homem e poucos pensam nisso…