TEOCRACIA
Após a Revolução Islâmica de 1979, o Irã adotou a teocracia, regime no qual os atos políticos são subordinados às normas da religião dominante. “Teo” significa “Deus”, e “cracia”, “governo”, ou seja, governo de Deus ou governo divino.
A teocracia se baseia na crença de que, como não pode governar diretamente, Deus utiliza os representantes na Terra para dirigir o povo. Os governantes se tornam responsáveis por impor a vontade de Deus para buscar o bem estar espiritual do povo de acordo com as leis religiosas.
O chefe do governo e o judiciário são submetidos ao aiatolá, a mais alta autoridade da hierarquia religiosa, e ao conselho de clérigos. O governo age guiado por ordens divinas.
O modo de vida do povo é ditado por dogmas religiosos. Dogmas são os pontos fundamentais e indiscutíveis de uma crença religiosa; portanto, todos têm que segui-los.
As “ordens divinas” do regime autoritário iraniano são rígidas nas exigências das vestimentas das mulheres. O hijabe, ou hijab, conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica mas que pode ser utilizado especificamente em referência ao véu, é obrigatoriamente usado no Irã.
MAHSA AMINI
Em setembro de 2022, a jovem Mahsa Amini foi detida pela Polícia da Moralidade em Teerã. Com apenas 22 anos, ela foi acusada de infringir o rígido código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha do cabelo aparecer. Enquanto estava sob a custódia da polícia religiosa, Mahsa entrou em coma e faleceu. O Irã afirmou que a garota morreu devido a uma doença, mas sua família alega que houve espancamento.
A morte de Mahsa Amini se transformou em símbolo de revolta no país e fez com que a população tomasse as ruas em protestos contra as leis compulsórias e a falta de direitos. As mulheres exerceram papel central nessas manifestações e entoaram o slogan “mulheres, vida, liberdade”.
Elas chegaram a cortar os cabelos durante as manifestações, o que, na tradição persa, representa protesto e tristeza.
O governo iraniano reprimiu as manifestações com violência. Informações dão conta de que pelo menos 185 pessoas foram mortas na repressão.
REAÇÃO DE MÃES IRANIANAS
A perseguição às mulheres despertou algumas mães, que concluíram que seria melhor arriscar a vida para fugir do Irã com as filhas, pois não queriam vê-las crescer e viver sob um regime totalitário que persegue mulheres.
“Fico apavorada quando imagino minha filha vítima dos mesmos horrores que me forçaram a fugir”, declarou Mozghan Keschavarz, ativista antigoverno, a repórter do New York Times e que hoje vive fora do Irã.
Existem no Irã traficantes de pessoas (guias) para tirá-las do país e levá-las para o Iraque, Turquia ou outro local.
Os guias cobram 10 milhões de tomans iranianos (cerca de R$1.100,00) para organizar a fuga e conduzir as pessoas por trilhas nas montanhas, escondendo-se de guardas que patrulham a fronteira e os caminhos.
A simples manifestação contra a obrigatoriedade do uso do hijab, véu que cobre a cabeça das iranianas, é considerado crime grave.
Kershavarz foi presa em 2019, quando policiais invadiram a casa de seus pais, porque ela havia participado de manifestações contra o hijab. Quando seu advogado lhe disse que ela seria sentenciada à morte pelo crime de protestos contra o hijab, ela decidiu fugir do Irã. O protesto foi considerado “crime de travar guerra contra Deus”, que pode render a pena de morte.
São as lutas das mulheres pelo mundo, na busca de alcançar a liberdade e o pleno desenvolvimento de suas potencialidades.