O artigo sobre o Dia Internacional da Mulher, publicado no dia 8 de março, antecipou que o Portal trará durante o mês reportagens sobre mulheres cujas contribuições e coragem merecem ser destacadas.
A matéria de hoje falará sobre Lyudmila Pavlichenko.
Quem foi Lyudmila Pavlichenko
Lyudmila Pavlichenko nasceu em Bila Tserkva (Ucrânia) em 1916 e faleceu em Moscou em 1974, vítima de AVC. Ela lutou pelo Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial.
O Exército Vermelho, o exército dos países que compunham a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), lutou contra as forças nazistas que invadiram a Rússia em 1941.
Com 14 anos, ela se matriculou em clube de tiro e tornou-se exímia atiradora. Com 21 anos trabalhou em fábrica de armas de Kiev.
Entrou na universidade em 1937. Em 1941, quando estava no quarto ano da faculdade os nazistas invadiram a Rússia. Lyudmila foi uma das primeiras mulheres voluntárias a se alistar para o Exército Vermelho e foi designada para a 25ª Divisão de Infantaria do Exército Vermelho.

Pavlichenko optou por participar ativamente dos combates. Tornou-se uma das duas mil atiradoras de elite do sexo feminino do Exército Vermelho, das quais somente cerca de 500 sobreviveram à guerra.
Franco-atirador (sniper)
Franco-atirador ou sniper é o militar especializado em tiros de precisão de longa distância. O sniper elimina inimigos selecionados com um único tiro de arma de precisão (fuzil, espingarda ou carabina). Por vezes, fica de tocaia por horas a fio à espera do alvo ou de melhores condições para o tiro; o vento e a pressão atmosférica interferem na precisão do tiro. O sniper precisa ter paciência e concentração.
Acertar alvo humano a 400 metros é extremamente difícil. O sniper é muito bom quando consegue acertar alvos em distâncias superiores a 500 metros. Os grandes snipers acertam alvos a 2 ou 3 quilômetros de distância.
Lyudmila Pavlichenko é considerada uma das maiores franco-atiradoras da história.
Atuação na II Guerra Mundial
Como franco-atiradora e utilizando um rifle com luneta, Lyudmila Pavlichenko eliminou 309 soldados inimigos, dentre os quais 36 snipers alemães. Versões dizem que o total de suas vítimas pode chegar a mais de 500.

Pavlichenko atuava com um observador a uns 200 ou 300 metros à frente de sua unidade, que fazia o levantamento dos alvos e informava a ela. Colegas relataram que ela chegou a ficar imóvel por 18 horas seguidas à espera do surgimento do alvo.
Ela lutou por cerca de três meses em Odessa, quando fez 187 vítimas. Quando os nazistas tomaram Edessa, sua unidade retraiu para Sebastopol, na Península da Crimeia.
Em junho de 1942, Pavlichenko, atingida por estilhaços, foi retirada da batalha para sua completa recuperação. Recuperada, ela viajou para os Estados Unidos e tornou-se o primeiro cidadão da União Soviética recebido pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt.
Eleanor Roosevelt, esposa do presidente, convidou Pavlichenko a fazer um tour pelos Estados Unidos para relatar suas experiências em combate.
Depois de retornar para a Rússia, foi promovida a major, mas não mais participou de combates; dedicou-se a treinar e preparar snipers soviéticos.
Ao final da guerra, concluiu o curso de história que interrompeu em 1941 ao ser voluntária para a guerra.
Lições de Lyudmila Pavlichenko
Lyudmila Pavlichenko venceu preconceitos. Quando se apresentou como voluntária para atuar em combate, um oficial russo disse-lhe entre risadas “você deveria ser enfermeira”. Ela não se abateu, superou o machismo e se alistou em unidade de combate de infantaria. O machismo poderia ter impedido que a União Soviética revelasse uma de suas maiores heroínas.
Determinada, lutou em defesa de seus ideais e buscou-os, ainda que expondo a vida.
Confiou em si mesma e em sua capacidade.
Patriota, lutou em defesa de seu país contra a invasão inimiga.
Historiadores militares consideram fundamental sua atuação para retardar o avanço do exército nazista na Ucrânia.
Homenagens a Lyudmila Pavlichenko
Ela recebeu o título de heroína da União Soviética.

Em 1943, a União Soviética lançou selo comemorativo com sua foto.
Dois anos após sua morte, um cargueiro ucraniano recebeu seu nome.
Integrante do Comitê Soviético de Veteranos de Guerra, Lyudmila Pavlichenko tornou-se lenda na União Soviética por sua precisão e sua atuação na guerra e recebeu homenagens como heroína de guerra até sua morte.