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A Dica Cultural de hoje resgata a primeira obra da romancista Dinah Silveira de Queiroz, que tem como pano de fundo a tuberculose e seu tratamento, numa época em que a doença ameaçava a saúde pública no Brasil. Uma narrativa envolvente e humana, sugerida por Ana Carolina Kindlmann, de Joinville, bacharelanda em Letras, que já colaborou anteriormente com o portal. Aproveite a leitura!
Floradas na serra
[Dinah Silveira de Queiroz]
Dinah Silveira de Queiroz foi a segunda mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em 1980. Com vasta e diversificada obra, que inclui biografias, contos, crônicas, romances e teatro, sua contribuição para a literatura nacional certamente é merecedora desse reconhecimento.
Embora eu tenha me interessado primeiramente por seu segundo romance, Margarida La Roque: A ilha dos demônios (que mistura literatura fantástica e terror psicológico), iniciei Dinah seguindo a ordem cronológica.
Floradas na serra, publicado em 1939, foi seu primeiro romance, cuja edição esgotou-se em pouco mais de um mês, fato que não me surpreende, pois a história é uma delícia ao mesmo tempo que é densa e emocionante.
O enredo narra a rotina de pacientes acometidos pela tuberculose, doença que ocasionou uma epidemia nas décadas iniciais do século XX. Como não existiam antibióticos, uma forma de obter qualidade de vida e, com sorte, a cura, era residir na cidade serrana de Campos de Jordão/SP, muito conhecida pelo ar puro e fresco.
Quando a frágil e amedrontada Elza chega ao pensionato para iniciar tratamento, passa a conviver com Lucila, Letícia e Belinha. As jovens logo se aproximam, criam cumplicidade, trocam segredos, apoiam-se nas dificuldades. A convivência, proporcionada pela necessidade de residir naquela cidade, aos poucos torna-se amizade e abranda os desafios e tristezas próprios da doença.
A trama dura um ano e narra a história das quatro jovens e outras personagens igualmente interessantes, que formam uma pequena comunidade que se apoia e se acolhe, não somente por morarem em pensões e sanatórios próximos, mas pela semelhança de suas histórias de vida, que condensam sofrimento físico e emocional, limitação, medo, frustração, incerteza, luto e exclusão social.
O final do livro me surpreendeu positivamente, pois trouxe um gostinho doce de esperança e deixou bastante espaço para minha imaginação.
Depois desta grata surpresa, estou decidida a continuar a leitura dos romances de Dinah em ordem cronológica. Sigo para Margarida La Roque (1949) e, na sequência, A Muralha (1954), grande sucesso da escritora, adaptado para filmes e séries.
Uma das funções da literatura é permitir que conheçamos realidades diferentes das quais estamos habituados. Desta forma, aumentamos nossa empatia e enriquecemos nosso olhar para o diferente que nos cerca, sem que precisemos efetivamente vivenciá-lo. Floradas na serra entrega justamente isso: uma história comovente, verossímil e incomum.
FICHA TÉCNICA
Editora: EDITORA INSTANTE; 1ª edição (1 março 2021)
Idioma: Português
Capa comum: 208 páginas
ISBN-10: 6587342051
ISBN-13: 978-6587342054
Dimensões: 20.32 x 13.46 x 1.27 cm
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