Provavelmente você nunca terá ouvido falar em Rose Girone, que faleceu no dia 24 de fevereiro de 2025.
Rose Girone
Rose Girone nasceu Janów, Polônia, em 13 de janeiro de 1912 e era considerada a sobrevivente mais longeva do holocausto.
Sua família mudou-se para Hamburgo, Alemanha, onde ela se casou com Julius Mannheim no início de 1938 e, logo depois, mudou-se para Breslau, Alemanha.
Rose estava no oitavo mês de gravidez em novembro de 1938 quando os nazistas lançaram a Noite dos Cristais e o seu marido foi enviado para o campo de concentração de Buchenwald. Ele foi libertado algum tempo depois.
Em 1939, com a ajuda de um primo, Rose fugiu para Xangai, China, onde criou a filha vendendo roupas de malha.
Depois da guerra, Rose recebeu visto para emigrar para os Estados Unidos e se estabeleceu em Nova York. Em 1968, divorciou-se de Mannheim e casou-se com Jack Girone. O casal abriu uma loja de tricô e Rose passou o resto de sua vida mexendo com o negócio de tricô, até falecer com 113 anos e 42 dias.
Sua filha, Reha Bennicasa, anunciou a sua morte.
A Noite dos Cristais
A Kristallnacht, “Noite dos Cristais” (tradução literal) e também chamada de “Noite dos Vidros Quebrados”, refere-se à onda de violência antissemita que ocorreu nos dias 9 e 10 de novembro de 1938 em toda a Alemanha, na Áustria anexada e na Tchecoslováquia.
As Tropas de Choque (SA) do Partido Nazista e civis, incitados por forte campanha antissemita comandada por Joseph Goebbels, ministro alemão da propaganda, assassinaram e lincharam 91 judeus sem motivo outro que não o fato de serem judeus, e incendiaram sinagogas e casas e estabelecimentos comerciais de judeus.
No dia 8 de novembro de 1938, Goebbels fez inflamado discurso para os membros do Partido Nazista em Munique e ordenou que as polícias e as milícias organizassem os “pogroms” (chacinas de judeus). Goebbels usou o assassinato de um oficial alemão por um adolescente judeu em Paris para insuflar o antissemitismo. O discurso foi o estopim para desencadear a Noite dos Cristais nos dois dias seguintes.

As cenas de violência estenderam-se por todas as áreas. Vidros de lojas quebrados e mercadorias saqueadas. Cemitérios dos judeus profanados. Residências incendiadas. Judeus assassinados e outros conduzidos para campos de concentração. Sinagogas vandalizadas e destruídas. Os bombeiros receberam ordens para não debelar os incêndios das residências dos judeus e nem das sinagogas e somente agissem para evitar que as chamas se alastrassem.
Havia ordens no sentido de que os desordeiros respeitassem as propriedades dos alemães não-judeus.
A “Noite dos Cristais” deve seu nome aos cacos de vidro que cobriram as ruas após o massacre. Eram os vidros quebrados das janelas das sinagogas, das casas e das empresas de propriedade de judeus.
Rose Gerone sobreviveu ao massacre da Noite do Cristais e, no ano seguinte, conseguiu fugir para a China.
Judeus sobreviventes ao Holocausto
Estima-se que cerca de 240 mil judeus sobreviventes do Holocausto ainda estejam vivos em diferentes países.
A História
Ao recordar “A Noite dos Cristais” e a incitação à desordem e à destruição fica difícil não se lembrar do dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes foram incentivados, conduzidos ou orientados a invadirem prédios públicos enquanto vândalos e baderneiros os depredaram para criar o pretexto de “golpe” e, com isso, condenar opositores e para o governo fazer-se de vítima e defensor da democracia.
“Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, segundo o filósofo espanhol George Santayana.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do Portal iMulher.
1 comentário
Muito oportuna a Coluna de Cláudio Duarte, ao trazer à luz a história dessa heroína e
judia polonesa Rose Girone..
Voltamos a viver tempos sombrios, com a onda de anti semitismo que assola o mundo.
Ao colunista devemos esse grito de alerta para não voltarmos às trevas e de tenebroso passado.