Eu me vesti de Papai Noel para comemorar o Natal em reuniões familiares e confesso que gostei da experiência.
As crianças eram distraídas enquanto alguém me maquiava e colocava em mim a barba branca postiça e o gorro vermelho. As bochechas tinham de ficar vermelhas e coradas; os lábios, com batom, precisavam destacar-se. Eu vestia roupa vermelha e saía da casa às escondidas.
Aí a criançada recebia a informação de que logo Papai Noel chegaria.
Os presentes ficavam debaixo da árvore; eu levava alguns poucos presentes no saco que trazia às costas. Ninguém podia abrir os presentes antes da chegada de Noel.
Tocava a campainha e a meninada corria afoita. Recepção calorosa, não tanto pelos presentes que já estavam sob a árvore, mas pelo personagem que iria distribuí-los.
A criançada corria a abraçar Papai Noel, e os adultos, que acompanhavam a festa das crianças, faziam questão de abraçar e acolher Papai Noel, como se o personagem materializasse alegria e esperança para todos.
Eu abraçava um por um. Por vezes eu me abraçava tão fortemente a uma criança que caíamos no chão e rolávamos abraçados. Pura alegria!
Antes da entrega dos presentes e apesar da pressa da meninada, fazíamos uma prece de gratidão e de louvor a Cristo.
Depois da prece, tinha início a entrega dos presentes. Eu via o nome no presente, chamava o contemplado que se aproximava rapidamente para receber o presente diretamente da mão do Papai Noel. As crianças dividiam o momento entre abrir o presente, admirar Papai Noel e aguardar por novos presentes.
Por vezes, os pais sussurravam a Papai Noel dicas do que ele deveria dizer ao entregar o presente para uma criança: um elogio, uma pequena reprimenda, um carinho especial.
Grande alegria de entregar presentes e de abraçar as crianças e de receber o abraço cheio de gratidão e respeito! Grande alegria em ser o portador de afeto e fazer entrega de presentes!
Terminada a entrega dos presentes da casa, eu saía para a rua e ia bater na porta da casa dos vizinhos. Nova acolhida festiva.
Os vizinhos abraçavam Papai Noel, alegravam-se com sua chegada e sua visita. Vizinhos vinham de longe para tocar em Papai Noel ou para abraçá-lo. O encantamento do Natal, da fraternidade e da bondade contagia a todos.
Eu não levava presentes para os vizinhos, que acolhiam Papai Noel pela pessoa bondosa que transmite paz e alegria. A festa era para a chegada dele; não pelos presentes.
Algumas pessoas faziam questão de abraçar Papai Noel ou de simplesmente tocar nele, como que a receber a sua energia bondosa.
Eu me realizava como um personagem que leva alegria, ternura e esperança para todos. Como um ator, eu me imbuía do papel e me sentia bem em ser transmissor de alegria. Era Noite de Natal e havia a alegria de uma noite diferente entre todas do ano.
Eu não me sentia como a figura comercial na qual Papai Noel foi transformado pelo mercado, pelo consumismo e pela materialidade do mundo moderno.
Eu me sentia como alguém a oferecer alegria e esperança.
A oferecer ternura e atenção.
A transmitir afeto e bondade.
Cumprido o papel, eu me despedia de todos, prometendo voltar no próximo ano. Também às escondidas, retornava ao quarto para retirar a fantasia e a maquiagem.
Eu me cansava muito, não pelo esforço físico, mas pela entrega ao papel de passar, de verdade, energia e alegria para as pessoas.
Quisera eu ser Papai Noel todos os dias do ano para ser portador de alegria, bondade, esperança e amor para as pessoas.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do PortaliMulher.
2 Comentários
Interessante o relato de suas experiências natalinas…
Se incorporássemos mais este papel, acho que seríamos bem mais felizes…
Um abençoado natal e um próspero 2024 para vocês!!!
Abração
Parabéns Cláudio! Eu também já desempenhei este papel e sei o quanto foi gratificante. Ainda hoje as crianças de outrora, hoje papais e mamães se lembram da alegria que era para eles a chegada do Noel. Parabéns pela missão cumprida e cumprimentos pelo texto..