O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) avaliou o pensamento criativo de alunos de 57 países. Os estudantes brasileiros ficaram na 44ª posição, com 23 pontos, 10 pontos abaixo da média das nações que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e participaram do teste. O Brasil ficou atrás de países como Costa Rica, Jamaica, Colômbia e Peru.
Em 2022, o PISA avaliou 10 mil estudantes na faixa de 15 anos de idade que estavam matriculados em escolas públicas ou privadas, acadêmicas ou profissionalizantes.
Os testes avaliaram se os jovens “têm competência para gerar, analisar e aprimorar ideias que possam resultar em soluções originais e eficazes”.

O teste constou de 18 questões de expressão escrita, expressão visual, resolução de problemas sociais e resolução de problemas científicos, as quais os estudantes deveriam resolver em 1 hora. Uma das questões pedia ao estudante escrever em uma tirinha um diálogo entre o Sol e a Terra. Outra pedia sugestões para facilitar o acesso de pessoas com deficiência a uma biblioteca.
A avaliação não mediu apenas o aprendizado momentâneo do aluno, mas todo o conhecimento adquirido ao longo da vida escolar. O resultado fraco não diz respeito apenas às deficiências do ensino médio.
De acordo com o relatório do PISA, 30% da capacidade criativa estão relacionados ao conhecimento de matemática. No Brasil, 73% dos alunos estão classificados no nível 2 de conhecimento de matemática, numa escala que vai de 1 a 6.
Posição dos países na avaliação do exame de pensamento criativo realizado pelo PISA:
POSIÇÃO | PAÍS | NOTA |
1 |
Cingapura |
41,0 |
2 | Coreia do Sul | 38,1 |
3 | Canadá | 37,9 |
4 | Austrália | 37,3 |
5 | Nova Zelândia | 36,4 |
12 | Portugal | 33,9 |
—- | Média OCDE | 32,7 |
16 | Alemanha | 32,5 |
17 | França | 32,4 |
20 | Itália | 31,4 |
23 | Chile | 30,7 |
28 | México | 29 |
30 | Uruguai | 28,6 |
43 | Peru | 23,5 |
44 | Brasil | 23,3 |
56 | Filipinas | 14,2 |
57 |
Albânia |
13,1 |
Fonte: PISA
O baixo conhecimento de matemática explica em parte o baixo resultado no teste. Há outros fatores.
As metodologias adotadas no Brasil não despertam o pensamento criativo.
Fator preponderante para o baixo resultado no exame é o uso de aparelhos eletrônicos por crianças e jovens. Segundo Beatriz Alquéres, gerente-executiva da Advocacy do Instituto Ayrton Senna, o modo e o tempo de utilização de aparelhos eletrônicos podem ajudar ou atrapalhar o aprendizado de crianças e adolescentes.
Utilizada como meio auxiliar de ensino e aprendizagem, a tecnologia contribui positivamente. Utilizada como lazer e redes sociais, a tecnologia prejudica o desenvolvimento do pensamento criativo e da aprendizagem.
De acordo com o relatório da OCDE, em todos os países as meninas superaram os meninos em pensamento criativo e demonstraram maior capacidade de se expressar de forma escrita ou visual e de resolver problemas.
Numa escola de São Paulo, mães criaram o movimento “Desconectar” , preocupadas com o futuro das crianças, no sentido de não dar celular para os filhos antes dos 14 anos e somente permitir o acesso deles às redes sociais após os 16 anos. O movimento está se espalhando pelo país.
O resultado do exame do PISA sobre as deficiências do estudante brasileiro na formulação de pensamento criativo e na aprendizagem de modo geral confirma o acerto da citada iniciativa das mães. Os professores agradeceriam. O rendimento escolar aumentaria. O nível de conhecimento melhoraria bastante.
Alguns países da Europa e 50% dos estados norte-americanos, que têm autonomia para legislar sobre diferentes assuntos, já proibiram o uso de celular nas escolas. Algumas poucas cidades brasileiras e algumas escolas particulares já adotaram essa medida.
Tal iniciativa obteria mais sucesso se houvesse a participação maciça dos pais. Torna-se difícil deixar o filho sem equipamentos eletrônicos enquanto ele vê todos os seus colegas utilizarem o celular no intervalo das aulas. Tudo dependerá da maneira como os pais cnversarão com os filhos e os convencerão do acerto da medida.
A iniciativa das mães é o primeiro passo em busca da melhor aprendizagem dos filhos. Que prospere.
O futuro do Brasil agradece.