Por mais de um século, pessoas ao redor do mundo comemoram o Dia Internacional da Mulher em 8 de março.
Como tudo começou?
O Dia da Mulher foi proposto pela primeira vez em 1909 por Theresa Malkiel, inspirado na mobilização de operárias do setor têxtil em Nova York, no ano de 1857. Nesse episódio, trabalhadoras marcharam em protesto contra as precárias condições laborais e a desigualdade de direitos em relação aos homens. Essa greve, uma das primeiras organizadas por mulheres, teve como principais reivindicações a redução da jornada de trabalho e a obtenção de salários justos.
Em 1910, a luta pelos direitos das mulheres ganhou força no cenário internacional. Inspirada pelo ativismo de Malkiel e de outras líderes feministas nos Estados Unidos, a ativista alemã Clara Zetkin, durante a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, sugeriu a criação de um dia anual para celebrar a luta das mulheres.
100 mulheres de 17 países aprovaram a iniciativa. O objetivo era fortalecer a luta pelos direitos das mulheres em nível global, com destaque para a conquista do sufrágio feminino e a ampliação das condições de igualdade no trabalho e na sociedade.
A primeira celebração oficial ocorreu em 19 de março de 1911, com mais de um milhão de participantes na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.
Consolidação do 8 de março –
Em 1913, o Dia Internacional da Mulher (DIM) foi reconhecido na Rússia pela primeira vez, onde catapultou para se tornar parte do que levou à Revolução Russa em 1917. Naquela época, em São Petersburgo, as mulheres entraram em greve por “Pão e Paz”, exigindo o fim da Primeira Guerra Mundial, do czarismo e da escassez de alimentos na Rússia.
Aquele dia era 8 de março (23 de fevereiro no calendário gregoriano). Embora ordenadas a voltar ao trabalho no dia seguinte, as trabalhadoras saíram das fábricas, levando a greves em massa e à abdicação de Nicolau II sete dias depois, o que resultou na conquista das mulheres ao direito de votar.
Desde então o 8 de março se consolidou como símbolo da luta feminina pela igualdade de direitos.
Essa demanda continuou a crescer, ganhar apoio e lançar a luz necessária sobre as péssimas condições em que muitas mulheres continuavam a viver.
Movimentos sociais –
Em 1967, a noção de direitos das mulheres foi adotada pela próxima geração de feministas que clamavam por iguais salários, direitos, oportunidades econômicas, creches subsidiadas e prevenção da violência contra as mulheres.
As Nações Unidas começaram a celebrar o DIM em 1975, declarado “Ano Internacional da Mulher”. Em 1977, as Nações Unidas convidaram os membros a proclamar o dia 8 de março como o Dia da ONU pelos Direitos das Mulheres e pela Paz Mundial.
O tema do Dia Internacional da Mulher de 2025 –
O tema oficial das Nações Unidas para o DIM de 2025 é “Para TODAS as mulheres e meninas: Direitos. Igualdade. Empoderamento”.
Entre os dias 10 e 21 de março de 2025, na sede das Nações Unidas em Nova York, ocorrerá a 69ª Sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher (CSW69). Esta sessão terá significado especial, pois marcará o 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, adotada em 1995 por 189 governos, que é um marco fundamental na promoção dos direitos das mulheres.
Além disso, a campanha global do DIM de 2025 destaca o tema “Acelerar a Ação” (Accelerate Action), que chama atenção para a necessidade de medidas rápidas e decisivas na busca pela igualdade de gênero.
Desafios persistentes –
De acordo com o Índice Global de Desigualdade de Gênero de 2024, publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, nenhum país alcançou ainda a plena igualdade ou paridade de gênero.
O relatório revela que o mundo fechou 68,5% da lacuna de gênero, representando um avanço de apenas 0,1 ponto percentual em relação ao ano anterior.
A Islândia lidera o ranking há uma década e meia, e continua sendo a única economia a ter eliminado mais de 90% da disparidade de gênero. (Valor Econômico)
Mulheres continuam ganhando menos que os homens pelo mesmo trabalho em diversos países.
Milhões de mulheres ainda sofrem com violência doméstica, assédio e feminicídio.
Em alguns países, principalmente no Oriente Médio, meninas são forçadas a casamentos infantis e privadas do direito à educação.
Situação no Brasil –
O Brasil caiu para a 70ª posição no índice de 2024, fechando 71,6% da lacuna de gênero. Isso representa uma redução de 1 ponto percentual em relação ao ano anterior e uma queda de 13 posições no ranking global. (Forbes)
Contratação de mulheres para cargos de liderança começou a se deteriorar, passando de 37,5% para 36,9% em 2023, e continuou caindo no início de 2024 para 36,4%, abaixo dos níveis de 2021. (Valor Econômico)
O Dia Internacional da Mulher não se trata de mera celebração, mas de um chamado para ações concretas e definitivas em prol da igualdade de direitos. Atualmente, estima-se que serão necessários 134 anos para alcançar a igualdade completa entre homens e mulheres em todo o mundo.
O Portal iMulher trará durante o mês de março uma série de reportagens sobre mulheres cujas histórias, contribuições e coragem merecem ser contadas.
Celebramos o avanço dos direitos das mulheres em todas as áreas da vida, com a consciência de que ainda há muito progresso e trabalho a ser feito.
Nossa profunda gratidão a todas as que nos precederam, àquelas que se sacrificaram para pavimentar um caminho mais tranquilo e seguro para as mulheres de hoje e para nossas meninas – as mulheres de amanhã.
Parabéns a todas nós!