“O amor não repousa em nenhum fundamento. É um oceano infinito, sem começo nem fim.” – Rumi
Você acredita em amor à primeira vista ou alma gêmea? No amor verdadeiro, imortal, aquele que desafia os limites do tempo e do espaço?
No Dia dos Namorados, vamos relembrar as mais memoráveis histórias de amor através dos séculos – casais abençoados, amaldiçoados, os jurados de amor para toda a vida, até que a morte os separe.
A paixão é uma emoção poderosa. Ao longo do tempo, casais apaixonados causaram guerras e controvérsias, criaram obras-primas na escrita, na música e na arte e conquistaram os corações do público com o poder de seus laços. Histórias de amor que mudaram o mundo de uma forma ou de outra. Do fascínio de Cleópatra ao magnetismo de Grace Kelly, sejam reais ou míticos, esses romances atravessaram as barreiras do tempo.
- Páris e Helena
Recontada na Ilíada de Homero, a história de Helena e a Guerra de Tróia é uma lenda heróica grega combinando fato e ficção. Helena de Tróia era considerada a mulher mais bela do mundo por Afrodite. Segundo o mito, Helena era uma semideusa, filha de Leda e de Zeus, que se transformou em cisne para seduzir a rainha. Helena era casada com Menelau, rei de Esparta. Páris, filho do rei Príamo de Tróia, se apaixonou por Helena e raptou-a, levando-a para Tróia. Os gregos reuniram um grande exército, liderado pelo irmão de Menelau, Agamenon, para resgatar a rainha. Tróia foi destruída. Helena voltou para Esparta, onde viveu com Menelau pelo restodos seus dias. Segundo o poeta e dramaturgo inglês Christopher Marlowe (1564-1593), ela será para sempre “o rosto que lançou mil navios“.
2. Cleópatra e Marco Antônio
“Eu fiz essas guerras pelo Egito e pela Rainha, cujo coração eu pensei que tinha, pois ela tinha o meu.” –William Shakespeare, Anthony e Cleópatra.
Cleópatra é lembrada como a última faraó do Egito. Seduziu dois grandes líderes romanos: apaixonou-se perdidamente pelo general Marco Antônio logo após a morte de Júlio César e seu relacionamento durou onze anos, ganhando assim a fama de mulher poderosa, que obtinha o que desejava. Na verdade, o seu único objetivo foi salvar a independência do Egito e o seu próprio poder. Segundo Shakespeare, o relacionamento de Cleópatra e Marco Antônio era efêmero: “Tolo! Você não vê agora que eu poderia ter lhe envenenado cem vezes se tivesse sido capaz de viver sem você“, disse Cleópatra, depois que eles arriscaram tudo em uma guerra contra Roma e perderam. Escolheram morrer juntos em 30 A.C. “Serei um noivo em minha morte e correrei para ela como para a cama de uma amante“, disse Marco Antônio. E Cleópatra seguiu, apertando uma cobra venenosa contra o peito. César enterrou os amantes lado a lado e, na versão de Shakespeare, os honrou dizendo: “nenhuma sepultura sobre a terra conterá um par tão famoso“.
Durante dois milênios, a morte de Cleópatra deu margem a discussões entre historiadores, que afirmam não ter sido encontradas evidências da existência de serpentes no seu corpo. Nem os médicos encontraram vestígio de qualquer veneno. O mito, porém, perdurou. Final trágico de uma grande história de amor.
3. Dante Alighieri e Beatriz Portinari
Raramente uma mulher serviu de inspiração tão profunda para um escritor – e ainda assim ele mal a conhecia. O poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) escreveu apaixonadamente sobre Beatriz Portinari (1266-1290) na Divina Comédia e outros poemas, mas só encontrou o objeto de sua afeição duas vezes. Na primeira vez, ele tinha nove anos e ela oito:
[…] Já nove vezes depois de meu nascimento a luz que vem do céu havia retornado quase ao mesmo ponto, por força de seu giro, quando ante meus olhos apareceu pela primeira vez a mulher gloriosa de minha mente, a qual muitos chamavam Beatriz sem saber o que significava chamá-la assim. Durante o tempo de sua vida o céu estrelado já se movera para o oriente a duodécima parte de um grau, de forma que ela me surgiu quase no início de seu nono ano de vida e eu a vi quase ao final de meus nove anos. Surgiu vestida das cores mais nobres, de maneira recatada e honesta, cingida e ornada como convinha a sua pouca idade. Naquele momento digo honestamente que o espírito da vida, que habita a mais secreta câmara do coração, começou a estremecer tão fortemente que eu podia senti-lo na mínima pulsação; e tremendo eu disse estas palavras: Eis um deus mais poderoso do que eu, que vem para me dominar.” (in ‘Vida Nova’).
Vida Nova é o relato em prosa e verso do amor de Dante por Beatriz escrito na primeira pessoa.
Na segunda vez, eles já eram adultos e aconteceu enquanto caminhavam pelas ruas de Florença. Beatriz, uma beldade de olhos esmeralda, virou-se e cumprimentou Dante antes de continuar seu caminho.
“Nove anos já haviam passado quando novamente aquela mulher graciosíssima me surgiu em companhia de outras duas senhoras; e voltando os olhos para mim saudou-me de tal maneira que me encheu de felicidade. Era a nona hora do dia, e voltando à solidão de meu quarto comecei a pensar nela. Adormeci suavemente e em sonho tive uma maravilhosa visão.” (in Vida Nova)
Beatriz morreu aos 24 anos em 1290 sem que Dante a visse novamente. No entanto, ela era “a gloriosa dama da minha mente“, escreveu ele, e “ela é minha bem-aventurança, a destruidora de todos os vícios e a rainha da virtude, da salvação“.
4. Sir Lancelot e Guinevere
A trágica história de amor de Sir Lancelot e da rainha Guinevere é provavelmente uma das mais conhecidas da lenda arturiana ao longo dos séculos. Lancelot se apaixonou pela rainha Guinevere, esposa do rei Arthur. O amor deles cresceu lentamente, Guinevere mantinha Lancelot a distância. Por fim, seu amor e paixão a dominaram e os dois se tornaram amantes. Uma noite, Sir Agravain e Sir Modred, filho ilegítimo do rei Arthur, levaram um bando de doze cavaleiros ao quarto de Guinevere e invadiram a privacidade dos amantes. Descoberto, Sir Lancelot escapou lutando, mas Guinevere não teve tanta sorte. Ela foi presa e condenada a morrer queimada na fogueira por seu adultério. Não tema! Sir Lancelot voltou vários dias depois para resgatar sua amada Guinevere do incêndio. Todo esse triste caso dividiu os Cavaleiros da Távola Redonda e enfraqueceu o reino de Arthur. Lancelot terminou seus dias como um humilde eremita e Guinevere tornou-se freira em Amesbury, onde veio a falecer.
5. Ana Bolena e Henrique VIII
“As demonstrações de seu afeto são tamanhas e as belas palavras de sua carta estão escritas com tanta cordialidade que realmente me obrigam a honrar-lhe, amar-lhe e servir-lhe para sempre“. – Henrique VIII para Ana Bolena
Henrique VIII já era casado há vinte e quatro anos com a princesa espanhola Catarina de Aragão (1485-1536) quando se apaixonou pela jovem dama de companhia Ana Bolena. Henrique VIII necessitava da autorização do Papa VII para anular o casamento e desposar Ana Bolena, que se recusava a ser uma mera amante real. Sem o consentimento papal, o monarca passou a não reconhecer a autoridade de Roma e se tornou chefe da Igreja na Inglaterra, finalmente casando-se com a jovem amada. Ana Bolena teve um destino cruel: embora tenha dado à luz a Elizabeth, que se tornaria uma das mais poderosas rainhas da Inglaterra, Bolena não proporcionou ao rei o nascimento de um filho homem. Ela encarou duras e infundadas acusações, que foram de incesto, adultério e até mesmo conspiração. Três anos após o casamento que tanto almejou, Bolena foi condenada a morte por Henrique VIII. Em 19 de maio de 1536, dois dias após a anulação de seu casamento, acabou decapitada.
“Não vim aqui para acusar ninguém, mas peço a Deus que salve o meu rei soberano e o de vocês, e lhe dê muito tempo para reinar, pois é um dos melhores príncipes do mundo, que sempre me tratou tão bem que não poderia ser melhor. Por isso, me submeto à morte de boa vontade, pedindo humildemente o perdão de todos”, disse Ana Bolena antes de morrer.
6. Luís XV e Madame de Pompadour
“Há no coração duas medidas: uma para o prazer e outra para a dor e ambas se despejam e enchem alternadamente.” – Madame de Pompadour
Em 1730, uma profetisa parisiense disse a uma menina de nove anos que ela governaria o coração de um rei. Anos depois, em um baile de máscaras, Jeanne Antoinette Poisson (1721-1764), vestida de dominó, dançou com o rei Luís XV, vestido de árvore. Em poucas semanas, a delicada beleza era maîtresse-en-titre, recebendo o título de Marquise de Pompadour. “Qualquer homem a teria desejado como amante“, disse outro admirador. O casal se entregou ao amor pela arte, móveis e porcelana, com Madame de Pompadour organizando para seu amante real pequenos jantares e peças teatrais amadoras nas quais ela estrelaria (é claro). Enquanto assistia a uma peça, Luís XV declarou: “Você é a mulher mais deliciosa da França“, antes de arrastá-la para fora da sala.
7. Mary Shelley e Percy Shelley
“Todo amor é doce, dado ou recebido.” – Percy Shelley
Quando o jovem poeta romântico Percy Shelley (1792-1822) conheceu Mary Godwin (1797-1851), ela era apenas a filha adolescente de uma feminista pioneira, a falecida Mary Wollstonecraft. Diz-se que o primeiro encontro dos dois se deu em um cemitério perante o túmulo da famosa mãe. Ainda que a conexão tenha sido imediata, o pai de Mary não aprovava o relacionamento, uma das razões era porque Percy já era casado e sua esposa estava grávida (não tardou a dar à luz e suicidou-se afogada em um rio).
Os dois compartilhavam um amor mental — “As almas se encontram nos lábios dos amantes“, escreveu ele.
Fugiram para a Europa, o que causou um grande escândalo, mas o casal se proclamou indiferente ao julgamento público. Eles viajaram juntos para visitar o debochado Lord Byron, e Mary escreveu Frankenstein durante duas semanas na Suíça. Percy morreu em um acidente de barco em 1822 e Mary nunca se casou novamente. Após a morte de Mary, no dia 1º de fevereiro de 1851, o coração de seu marido foi encontrado numa gaveta da autora e foi enterrado junto com ela. Em vista do estado que estava o órgão, aparentemente Mary manteve o coração de seu marido guardado por 30 anos.
8. Emily Dickinson e Susan Gilbert
Indiscutivelmente a mais famosa poetisa americana, Emily Dickinson (1830-1886) não publicou praticamente nenhuma de suas obras durante a vida. Sua irmã mais nova, Lavinia, após a morte de Dickinson, descobriu mais de quarenta cadernos de material e dedicou a vida a sua publicação. Com uma poesia intimista e ao mesmo tempo universal, contribuiu para construir as bases da poesia moderna. Grande parte desses poemas eram declarações de amor apaixonadas dedicadas à Sue. A Sue em questão é Susan Gilbert (1830-1913), esposa do irmão de Dickinson, Austin, cunhada de Emily. Gilbert e Dickinson eram amigas de infância, estavam presentes na vida uma da outra e, embora não fossem um “casal” per se, elas compartilharam uma longa e apaixonada correspondência romântica até a morte de Dickinson em 1886. Há relatos de que um pouco mais de trezentos poemas de amor escritos por Emily eram voltados a Sue. Sua escrita era inovadora para a época, tanto que parte de seus textos, infelizmente foram alterados.
“Eu tenho somente um pensamento, Susie, nessa tarde de junho, que é você, e apenas uma prece; querida Susie, que é para você. Que eu e você de mãos dadas, como é com o coração, perambulamos por aí feito crianças, por entre bosques e campos, e nos esqueçamos desses anos todos, e dessas preocupações tristes, e nos tornemos crianças de novo – quem dera assim fosse, Susie, e quando olho ao meu redor e me encontro sozinha, suspiro por você outra vez; um suspiro curto, suspiro em vão que não vai lhe trazer para casa. Preciso de você mais e mais, e o mundo imenso se torna mais vasto, entes queridos se tornam mais raros. A cada dia que você continua fora – sinto falta do meu coração maior; o meu próprio vai vagueando por aí, e chama por Susie – os Amigos são queridos demais para se separarem; Oh são raros demais, e quão cedo eles se vão lá onde você não pode encontrá-los, não nos deixe esquecer dessas coisas, pois lembrá-las agora vai nos salvar de muita angústia quando for tarde demais para amá-los! Susie, me perdoe, Querida, por cada palavra que digo – meu coração está repleto de você, há apenas você em meus pensamentos, no entanto quando procuro lhe dizer algo que não vale o mundo todo, as palavras me faltam. Se você estivesse aqui – e Oh se você estivesse, minha Susie, não precisaríamos dizer nada, nossos olhos iriam sussurrar por nós, e sua mão firme na minha, não recorreríamos à linguagem – tento lhe trazer para perto, eu persigo as semanas afora até que elas tenham partido, e imagino sua chegada, e estou a caminho pela trilha verde para lhe encontrar, e meu coração a tamanho galope que terei problemas para trazê-lo de volta, e o ensino a ser paciente, até que a Querida Susie chegue.’’
9. Fernando de Aragão e Isabel de Castela
Fernando de Aragão (1452-1516) e Isabel de Castela (1451-1504) formaram um casal bastante controverso cujo casamento mudou os rumos da história no século XV. Na época, Fernando era rei de Aragão e Isabel, rainha de Castela. Em 1469, eles se casaram unindo os reinos da península Ibérica que formariam a Espanha. Batizados de ‘Reis Católicos’, eles unificaram a nação sob a bandeira do catolicismo, expulsando judeus, pagãos, islâmicos e outros que não aceitassem se converter. Em 1492, os reis concluíram o processo de Reconquista da Península Ibérica, expulsando os mulçumanos que lá estavam há sete séculos. No mesmo ano, para expandir seu poderio, os monarcas ainda patrocinaram a viagem de Cristóvão Colombo para as Índias, que resultou na descoberta da América. A rainha Isabel faleceu no dia 26 de janeiro de 1504. Fernando de Aragão continuou no trono até 14 de março de 1516, quando também faleceu. Estava assim terminado o reinado do casal de monarcas que conquistou grandes batalhas e nações para a Espanha.
10. Diego Rivera e Frida Kahlo
“13 de julho de 1954 foi o dia mais trágico da minha vida. Eu havia perdido minha amada Frida para sempre. Percebi agora, tarde demais, que a parte mais maravilhosa da minha vida tinha sido meu amor por Frida.” – Diego Rivera
Diego Rivera (1856-1957) foi um importante artista do Muralismo mexicano, enquanto Frida Kahlo (1907-1954) era mais conhecida por seus autorretratos – 65 das 150 obras que ela produziu retratavam a si mesma. Os dois se conheceram quando Kahlo se juntou ao partido comunista mexicano e recebeu conselhos do talentoso pintor, que era 20 anos mais velho que ela. A relação entre Frida Kahlo e Diego Rivera não é uma típica história de amor. Eles tiveram brigas complicadas, vários casos extraconjugais e até se divorciaram em 1939, apenas para se casar novamente um ano depois. A dupla pintou um ao outro por 25 anos.
“Ela tinha dignidade e autoconfiança incomuns e havia um fogo estranho em seus olhos“, disse ele. Rivera sabia desde o início que Kahlo “foi o fato mais importante da minha vida e ela continuaria sendo até morrer”, 27 anos depois. Quanto a Kahlo, ela disse: “Você merece um amor que escute quando você canta, que te apoie nos momentos ridículos, que te respeite se você for livre, que te acompanhe em seus voos, que não se assuste ao cair. Você merece um amor que leve as mentiras, que te traga esperança, café e poesia.”
11. Edward VIII e Wallis Simpson
Quando Edward VIII (1894-1972) se apaixonou pela americana divorciada Wallis Simpson (1896-1986), o caso chocou a nação e lançou a monarquia britânica em uma crise constitucional. Devido à forte oposição da igreja e do governo acerca do casamento, Eduardo optou por abdicar do trono. Ele proclamou seu amor por Simpson ao se dirigir à nação em 1936: “Achei impossível carregar o pesado fardo da responsabilidade e cumprir meus deveres como rei como gostaria de fazer sem a ajuda e o apoio da mulher que eu amor“, disse ele em seu discurso de abdicação. Escolhendo o amor ao invés da realeza, o duque de Windsor passou a maior parte de sua vida fora da família real, quando o casal se casou e se estabeleceu na França. O príncipe Edward e Wallis Simpson eram conhecidos como o casal mais rebelde da monarquia britânica no início do século 20, optando por emigrar juntos para a França. Wallis passou a viver em reclusão após a morte do duque em 1972, raramente sendo vista em público. “Sua vida pessoal tem sido uma fonte de muitas especulações, e Wallis permanece até hoje como uma figura controversa na história britânica”.
12. Oscar Wilde e Lord Alfred Douglas
“As únicas pessoas com quem eu gostaria de estar agora são escritores e pessoas que sofreram: aqueles que sabem o que é beleza e aqueles que sabem o que é tristeza: ninguém mais me interessa.” – Oscar Wilde, De Profundis
Um dos mais famosos dramaturgos irlandeses de todos os tempos, Oscar Wilde (1854-1900) é conhecido não apenas por sua inteligência e sarcasmo, mas também pelo trágico relacionamento romântico que acabou levando à sua morte prematura. Em 1891, logo após a publicação de ‘O Retrato de Dorian Gray’, o colega poeta e amigo Lionel Johnson apresentou Wilde a Lord Alfred Douglas, estudante em Oxford, 16 anos mais jovem. Eles rapidamente começaram um caso. Nos cinco anos seguintes, Wilde alcançou o auge de seu sucesso literário. Em 1895, Wilde recebeu uma carta do pai de Douglas que o acusava de sodomia. Como a sodomia era um crime previsto, Wilde processou o pai de Douglas por difamação, mas perdeu o caso e foi condenado à prisão por atentado violento ao pudor. Tanto ele quanto Douglas foram condenados a dois anos de trabalhos forçados. Wilde sofreu muito na prisão e sua saúde deteriorou. Depois de ser solto, ele e Douglas retomaram o relacionamento. Wilde, no entanto, nunca se recuperou dos problemas de saúde causados pelo período na prisão e morreu no exílio na França aos 46 anos.
13. Grace Kelly e Príncipe Rainier III de Mônaco
Atriz, princesa e mãe, Grace Kelly (1929-1982) encontrou o seu “príncipe encantado” longe de casa. Uma história digna de conto de fadas que acabou de forma trágica e cedo demais. Musa de Alfred Hitchcok, venceu o Oscar de Melhor Atriz por seu papel em “Amar é sofrer” e um Globo de Ouro por sua atuação em “Mogambo”. Mas o “papel da sua vida” começou em 1955 quando conheceu o princípe Rainier III de Mônaco durante o festival de Cannes, no qual marcou presença a convite do governo francês. Foi amor à primeira vista e um ano depois estavam casados.
Tiveram três filhos juntos: Carolina (1957), Alberto (1958) e Stephanie (1965). Apesar da vida na realeza, biógrafos e amigos relatam que a atriz sentia falta do trabalho nos Estados Unidos. Ciumento, Rainier determinou que os filmes da mulher fossem banidos do principado. O conto de fadas terminou subitamente em 14 de setembro de 1982, quando Grace Kelly morreu num acidente de carro em Mônaco, aos 52 anos. O príncipe Rainier nunca mais se casou; morreu em 2005, aos 81 anos, em consequência de problemas cardíacos e foi enterrado ao lado de sua princesa, na Catedral de Mônaco.
14. Bonnie e Clyde
O exemplo por excelência de “parceiros no crime”, Clyde Barrow (1909-1934) e Bonnie Parker (1910-1934) se tornaram heróis populares da América dos anos 1930 com sua série de roubos e tiroteios antes de serem inevitavelmente pegos e mortos a tiros pelas autoridades na estrada em Bienville Parish, Luisiana (EUA). Independentemente disso, a história desses belos e mortais jovens amantes em fuga continuou a inspirar filmes, programas de TV e canções quase um século depois. Suas façanhas foram revividas e cimentadas no folclore pop americano através do filme Bonnie and Clyde, 1967, de Arthur Penn.
15. Elizabeth Taylor e Richard Burton
Um dos mais icônicos casais do século 20. O caso de amor entre Elizabeth Taylor (1932-2011) e Richard Burton (1925-1984) foi glorioso e infame. Filmes foram feitos sobre seu tumultuado e destrutivo relacionamento. Taylor e Burton de conheceram em 1963 no set de Cleópatra – o filme mais caro já feito na época – quando Taylor estava no auge do estrelato (ela se tornou a primeira estrela de Hollywood a faturar salário de um milhão de dólares). Apesar de seus casamentos, os dois se apaixonaram e se divorciaram de seus respectivos parceiros e se casaram um ano depois, em 5 de março de 1964. Sua união foi denunciada pela Igreja Católica como “vagabundagem erótica” e eles foram recebidos com total desaprovação. No entanto, o romance e a beleza do casal logo conquistaram as pessoas e eles se tornaram as personalidades mais quentes do mundo, dentro e fora da tela. Ambos sofriam de alcoolismo, o que provou ser fatalmente destrutivo para o relacionamento. No livro definitivo sobre Liz e Dick, “Furious Love: Elizabeth Taylor, Richard Burton, and the marriage of the century”, Sam Kashner e Nancy Schoenberger documentam o início tórrido do casal e sua vida extravagante como “nômades condenados”, bebendo ao longo de três continentes, encantando e desafiando todos que conheceram – especialmente um ao outro.
O casal se divorciou em 1974 e embora tenham se casado novamente dezesseis meses depois, se divorciaram novamente antes de um ano se passar. Taylor foi casada oito vezes em sua vida (incluindo duas vezes com Burton). No fim de sua vida, disse Taylor sobre seu relacionamento com Burton: “Fui uma tola por me casar com tanta frequência. Se eu tivesse meu tempo de volta, jamais faria isso. A verdade é que agora não dou a mínima para a maioria desses homens. Richard é o único que eu realmente amei e ainda me importo. Vou sentir falta dele até o dia da minha morte”. (citação de Michael Thornton no The Telegraph).
16. Pierre e Marie Curie
“Eu não tenho outro vestido, com exceção do que uso diariamente. Se você vai ser gentil o suficiente para me dar outro, faça questão que ele seja prático e escuro para que eu possa colocá-lo depois para ir ao laboratório.” (Marie Curie)
Os dois cientistas se conheceram em Paris quando Marie (1867-1934) era estudante de Física na França. Ela rejeitou o pedido de casamento de Pierre (1859-1906) porque queria voltar para a Polônia. No entanto, ele estava disposto a segui-la, mesmo que isso significasse ser professor de francês em Varsóvia. O casal se casou um ano depois (1895) e fez vários avanços na ciência, como a descoberta dos elementos Rádio e Polônio e ganhou o prêmio Nobel pela descoberta da radioatividade.
Mesmo após a morte, Marie Curie quebrou tabus ao ser a primeira mulher enterrada no Pantheon de Paris. Marie está sepultada junto com o Pierre Curie em Paris.
17. Rainha Vitória e Príncipe Albert
“Meu querido, querido, querido Albert… seu amor e afeição excessivos me deram sentimentos de amor e felicidade celestiais, que eu nunca poderia ter esperado sentir antes“, escreveu a Rainha Vitória sobre sua noite de núpcias. “Sua beleza, sua doçura e suavidade… Oh! Este foi o dia mais feliz da minha vida “, ela continuou em êxtase.
Esta história de amor é sobre uma rainha inglesa que lamentou a morte do marido por 40 anos. A jovem Vitória (1819-1901) ascendeu ao trono da Inglaterra em 1837 após a morte de seu tio, rei Guilherme IV. Em 1840, ela se casou com seu primo, o príncipe Albert de Saxe-Coburg-Gotha (1819-1861). Apesar de terem sido entregues pela mesma parteira com três meses de diferença, os dois tiveram pouco contato quando crianças, mas cada um sabia do desejo de sua família de vê-los casados um dia. Embora a princípio o príncipe Albert fosse impopular em alguns círculos por ser alemão, ele passou a ser admirado por sua honestidade, diligência e devoção à família.
Curiosidades: Quando o príncipe Albert deu à rainha um anel de noivado – um costume nada difundido na primeira metade do século 19, ele lançou uma moda que dura até hoje. A troca de presentes que fazemos atualmente também se deve aos mimos de Albert para Vitória e dela ao marido. Eles se presenteavam a cada aniversário e a cada novo ano do casamento, assim como no Natal. O príncipe, sendo alemão, introduziu na Grã-Bretanha a tradição de ter uma árvore de Natal em casa. A rainha Vitória também foi uma das primeiras a admirar uma das novidades de sua época: a fotografia. Ela foi a primeira monarca britânica a ter praticamente todo o seu reinado registrado em fotos.
O casal teve nove filhos. Vitória amava profundamente o marido. Ela confiava em seus conselhos sobre questões de estado, especialmente na diplomacia. Quando Albert morreu em 1861, Vitória ficou arrasada, deixando de aparecer em público pelos próximos três anos. Sua reclusão prolongada gerou críticas públicas consideráveis. Sob a influência do primeiro-ministro Benjamin Disraeli (1804-1881), a rainha retomou a vida pública, inaugurando o Parlamento em 1866. Vitória nunca deixou de lamentar a morte de seu amado príncipe: a mulher que popularizou o vestido de noiva branco, vestiu preto até sua morte em 1901. Durante seu reinado, o mais longo da história inglesa, a Grã-Bretanha tornou-se uma potência mundial na qual “o sol nunca se põe”.
18. Johnn Lennon e Yoko Ono
“Mulher, por favor deixe-me explicar: eu nunca tive intenção de te causar tristeza ou dor. Então, deixe-me te dizer de novo e de novo e de novo: Eu te amo.” – Johnn Lennon
O casal número um do rock atravessou problemas com drogas, a perseguição política e as traições de John com outras mulheres. Um amor que antecipou o fim dos Beatles e ganhou projeção mundial. Uma marca. O par mais midiático do mundo, mas não o casal idílico de Imagine. John Lennon (1940-1980) e Yoko Ono (nascida em 1933) se conheceram em 1966, exatamente quando os Beatles pararam de se apresentar ao vivo, e se casaram em 1969 em Gibraltar. Em nome da paz e contra a Guerra do Vietnã, passam a lua-de-mel na cama num hotel em Amsterdam, em um quarto aberto à imprensa e visitantes 24 horas por dia.
Yoko nunca foi a responsável pela separação do Beatles, apenas um elemento a mais, um agente propulsor na relação já desgastada da banda. Os dois eram músicos e ativistas cujo impacto ainda é sentido nos dias de hoje. O casal se separou em 1973, quando Yoko aceitou um relacionamento aberto e John se envolveu com Mary Pang, secretária particular da própria Yoko. E com o seu consentimento. O casal reata o casamento em 1975 e voltam a compartilhar sonhos e projetos. Nasce o único filho dos dois, Sean Ono Lennon, no dia do 35º aniversário de Johnn. Viviam uma típica vida familiar até John Lennon levar cinco tiros nas costas diante do Edifício Dakota em Nova York. O sonho acabou.
19. Ronald e Nancy Reagan
“Sinto saudade de Ronnie, uma imensa saudade… As pessoas dizem que isso melhora. Mas não melhora não“. – Nancy Reagan
Romeu teve sua Julieta, Antônio teve sua Cleópatra e Ronald Reagan (1911-2004) teve sua Nancy (1921-2016). Charlton Heston disse uma vez que o deles foi “provavelmente o maior caso de amor da história da presidência americana”. O que começou como um encontro entre duas estrelas de cinema se tornou uma história de amor da vida real digna de seu próprio filme de Hollywood. Eles eram duas figuras famosas e, desde o início, seu relacionamento foi representado em um palco muito público. Primeiro, eles eram um casal conhecido de Hollywood e, em um mundo onde o romance muitas vezes não consegue sobreviver à atenção ou às tentações que fazem parte do estilo de vida, o deles prosperou. Então, quando Ronald Reagan entrou na arena política, o casal se tornou objeto de escrutínio e exame ainda mais intensos.
O que o público viu foi um casal intensamente dedicado um ao outro. Eles estavam sempre de mãos dadas. Ronald Reagan visivelmente se iluminava quando Nancy entrava na sala. E então havia o “olhar” – Nancy olhava com adoração para o marido quando ele falava, genuinamente prestando atenção em cada uma de suas palavras. A devoção de um pelo outro às vezes parecia boa demais para ser verdade e muitos duvidavam de sua sinceridade. Mas não havia nada de hipócrita nos Reagan e em sua óbvia afeição mútua. Foi um caso de amor genuíno. Eles nunca deixaram de valorizar um ao outro e dizem que nunca pararam de namorar.
Em seu trigésimo primeiro aniversário de casamento, Reagan escreveu para Nancy: “Eu mais do que amo você, não estou completo sem você. Você é a própria vida para mim. Quando você se for, estarei esperando que você volte para que eu possa começar a viver novamente.” Reagan faleceu em junho de 2004 e Nancy nunca mais se casou.
A ex-primeira-dama dos Estados Unidos disse em uma entrevista à Vanity Fair em 2009 que ainda “via” o marido Ronald e conversava com ele: “À noite, se eu acordo, eu acho que Ronnie está ali e começo a falar com ele. E eu o vejo”. “Sinto saudade de Ronnie, uma imensa saudade. As pessoas dizem que isso melhora. Mas não melhora não“.
20. Richard e Mildred Loving
A monumental história de amor de Richard (1933-1975) e Mildred (1939-2008) Loving resultou no caso histórico da Suprema Corte que extinguiu as últimas leis de segregação na América. Em 1958, o casal foi arrancado da cama no meio da noite e preso pela polícia local da Virgínia. O crime deles: violar a ‘Lei de Integridade Racial’ de 1924, que proibia o casamento entre pessoas de raças diferentes.
“Nós nos casamos no segundo dia de junho e a polícia veio atrás de nós no dia 14 de julho.”
Embora os Lovings fossem legalmente casados em Washington DC, o estado da Virgínia, onde o casal morava, era um dos mais de vinte estados que tornavam o casamento entre raças criminoso. Um juiz local permitiu que os Lovings fugissem do estado para evitar a prisão. O casal mudou-se para DC, a apenas duas horas de distância da Virgínia, mas para ambos, todo o seu mundo – suas famílias e amigos – estava estabelecido naquela pequena comunidade agrícola de Central Point, Virgínia. Eles eram pessoas simples que queriam viver a própria vida e estavam determinados a voltar para casa. Depois de passar os cinco anos seguintes no exílio e criar seus três filhos, Mildred encontrou uma saída.
Sentindo-se fortalecida pelo Movimento dos Direitos Civis, Mildred escreveu a Robert F. Kennedy em 1963. Kennedy a encaminhou para a ACLU (American Civil Liberty Union, ou União Americana pelas Liberdades Civis), e foi de lá que o caso acabou subindo para a Suprema Corte. Os juízes decidiram por unanimidade a favor dos Lovings, com o chefe de justiça Earl Warren escrevendo: “a liberdade de casar há muito é reconhecida como um dos direitos individuais essenciais para a busca ordenada da felicidade por homens livres”. A decisão histórica levou à revogação de estatutos semelhantes em mais de uma dúzia de estados e, finalmente, marcou o fim das leis de segregação na América. Mas para os Lovings, a decisão era simplesmente a liberdade de ir para casa e continuar com suas vidas, desta vez, amando sem medo.
Embora Richard tenha morrido em 1975 após um acidente de carro, Mildred conseguiu viver o suficiente para oferecer seu apoio ao casamento gay. No 40º aniversário do caso histórico dos Lovings e um ano antes de sua morte em 2008, ela disse em uma declaração pública: “Os medos e preconceitos da geração mais velha cederam, e os jovens de hoje percebem que se alguém ama alguém, eles têm direito de casar”. Olhando para o legado dos Lovings (e para o seu sugestivo sobrenome), eles tornam o ditado “o amor tudo pode” muito mais crível.
Fontes de pesquisa:
Existe a tal química entre os artistas? Por Cláudio Duarte.
https://www.nationalgeographic.pt/historia/cleopatra-a-lenda-da-ultima-rainha-do-egipto_1720
https://www.silverpetticoatreview.com/top-30-love-stories-in-history-and-literature-to-sigh-over/
https://www.mariecurie.org.uk/blog/marie-and-pierre-curie-a-marriage-of-true-minds/48568
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lancelot
https://www.reaganlibrary.gov/
https://www.vanityfair.com/hollywood/2020/08/elizabeth-taylor-richard-burton-marriage-furious-love
https://www.biography.com/activists/richard-mildred-loving-story
https://www.vanityfair.com/style/photos/2016/03/nancy-reagans-signature-reagan-reds
https://www.vanityfair.com/news/1998/07/ronnie-and-nancy199807