A Academia Brasileira de Letras (ABL) foi fundada em 20 de julho de 1897, no Rio de Janeiro, com o objetivo de cultivar a língua portuguesa e a literatura nacional. Inspirada no modelo da Académie Française, está situada em Paris e foi fundada no ano 1635, durante o reinado de Luís XIII.
A ABL é formada por 40 cadeiras vitalícias, numeradas de 1 a 40, cada uma associada a um patrono da literatura brasileira, escolhido pelos fundadores.
A primeira mulher eleita para a ABL foi Rachel de Queiroz, em 1977, para a Cadeira nº 5. A nomeação ocorreu 80 anos após a fundação da Academia, que até então era exclusivamente masculina.
Com a eleição de Ana Maria Gonçalves em julho deste ano, serão 13 mulheres a terem ocupado uma cadeira na ABL, que hoje conta com cinco acadêmicas em atividade.
São elas, em ordem cronológica de eleição:
1. Rachel de Queiroz (1910–2003) – Eleita em 1977, cadeira 5.
Primeira mulher eleita para a ABL, Rachel de Queiroz foi escritora, tradutora e jornalista, conhecida por retratar o cotidiano e a cultura do Nordeste em suas obras, como O quinze, que aborda a seca na região nordestina.
2. Dinah Silveira de Queiroz (1911–1982) – Eleita em 1980, cadeira 7.
Romancista, contista e cronista, Dinah Silveira de Queiroz foi a segunda mulher a integrar a ABL. Sua obra se destacou pelo interesse em temas históricos e psicológicos. O romance mais conhecido é A Muralha, ambientado no período colonial brasileiro.
3. Lygia Fagundes Telles (1923–2022) – Eleita em 1985, cadeira 16.
Lygia Fagundes Telles foi uma das maiores ficcionistas do Brasil, reconhecida por sua escrita altamente introspectiva. Os contos e romances exploram as relações humanas e dilemas existenciais. Sua principal obra é o romance As meninas.
4. Nélida Piñon (1937–2022) – Eleita em 1989, cadeira 30.
Escritora e ensaísta, Nélida Piñon foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras. Sua obra combina memória, identidade e elementos míticos. O romance A República dos sonhos é considerado sua obra-prima.
5. Zélia Gattai (1916–2008) – Eleita em 2001, cadeira 23.
Zélia Gattai foi escritora, memorialista e fotógrafa. Viúva de Jorge Amado, destacou-se pela produção autobiográfica e pelo resgate da história de sua família. Destaca-se Anarquistas, Graças a Deus, livro de memórias sobre sua infância em São Paulo.
6. Ana Maria Machado (nascida em 1941)– Eleita em 2003, cadeira 1.
Uma das maiores autoras da literatura infantil brasileira, Ana Maria Machado também escreveu romances e ensaios. Foi presidente da ABL e ganhou diversos prêmios internacionais. Sua obra mais emblemática é Bisa Bia, Bisa Bel, que trata de memória e identidade.
7. Cleonice Berardinelli (1916–2023) – Eleita em 2010, cadeira 8.
Filóloga e professora, Cleonice Berardinelli foi referência no estudo da literatura portuguesa, especialmente da obra de Camões e Fernando Pessoa. Embora não tenha se dedicado à ficção, publicou importantes ensaios literários. Destaca-se por sua contribuição acadêmica.
8. Rosiska Darcy de Oliveira (nascida em 1944) – Eleita em 2013, cadeira 10.
Escritora, jornalista e ensaísta, Rosiska Darcy de Oliveira atuou como militante pelos direitos das mulheres e pela educação. Sua obra discute temas como o feminismo e cultura. Um de seus livros mais conhecidos é A Casa da Paixão.
9. Fernanda Montenegro (nascida em 1929) – Eleita em 2022, cadeira 17.
Atriz consagrada do teatro, cinema e televisão brasileiros, Fernanda Montenegro tornou-se imortal da ABL pela importância de sua trajetória artística. Sua principal publicação é a autobiografia Prólogo, Ato, Epílogo, na qual narra sua vida e carreira.
10. Heloisa Teixeira (nascida em 1947) – Eleita em 2023, cadeira 30.
Professora e ensaísta, Heloisa Teixeira é especialista em literatura brasileira e teoria crítica. Suas obras abordam temas como identidade, leitura e discurso. Destaca-se como organizadora e autora de textos que pensam a cultura contemporânea.
11. Lilia Schwarcz (nascida em 1957) – Eleita em 2024, cadeira 9.
Historiadora e antropóloga, Lilia Schwarcz é autora de vasta obra sobre a formação social e racial do Brasil. Seu livro mais conhecido é Brasil: uma biografia, escrito em parceria com Heloisa Starling.
12. Miriam Leitão (nascida em 1953) – Eleita em 2025, cadeira 7.
Jornalista e escritora, Miriam Leitão é conhecida por sua atuação na área de economia. Sua obra de maior destaque é Saga brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda, que narra a história recente da economia do país.
13. Ana Maria Gonçalves (nascida em 1970) – Eleita em 2025, cadeira 33.
Escritora e roteirista, Ana Maria Gonçalves é reconhecida por abordar temas ligados à diáspora africana e à história do povo negro no Brasil. Seu romance, Um Defeito de Cor, desponta como uma das obras mais impactantes sobre escravidão na literatura nacional. Ainda não tomou posse na ABL.
