A retirada de dinheiro do orçamento familiar para a realização de apostas online tem levado famílias à inadimplência.
O aumento das apostas online tem comprometido a renda das famílias, ao direcionar recursos destinados à aquisição de bens e alimentos para as apostas.
Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) concluiu que pelo menos 1,3 milhão de brasileiros ficou inadimplente no primeiro semestre de 2024 em razão das apostas online. O estudo concluiu que os brasileiros gastaram, entre junho de 2023 e junho de 2024, R$ 68,2 bilhões em apostas.
Em relação a 2022, houve aumento de 257% dos valores destinados às apostas.
A estimativa da CNC é que as apostas retiraram R$ 1,1 bilhão do comércio, o que fará com que o crescimento do comércio varejista tenha queda em 2024.
A CNC projeta que 191 mil famílias se tornem inadimplentes em 2024 em decorrência de apostas, aumento de 3,9% do número de famílias que têm apostadores inveterados.
Segundo a CNC, o público mais vulnerável é o jovem e de baixa renda.
As apostas online associam a atração pelo esporte com a adrenalina adicional da aposta, o que desperta maior interesse pelas apostas. As facilidades oferecidas nas apostas online são incentivadoras.
As apostas online não são fenômeno tipicamente brasileiro. A liga inglesa proibirá o marketing dos sites de apostas na parte da frente das camisas dos times de futebol a partir do próximo ano. Ainda permitirá o marketing nos estádios e nas mangas das camisas dos jogadores.
O Parlamento da Austrália produziu relatório, no qual recomenda 31 medidas para o governo adotar a fim de haver maior controle e restrição de apostas online. Uma delas é regulamentar e restringir a publicidade e, simultaneamente, realizar campanhas de conscientização para crianças, jovens, famílias e escolas.
Nos Estados Unidos, alguns Estados proibiram a propaganda de apostas esportivas próximas de universidades.
O Brasil está a necessitar de medidas imediatas para regulamentar os jogos online. Uma ação urgente e necessária é a restrição da publicidade dos sites de apostas. Jogos esportivos, sites, programas televisivos têm o patrocínio de sites de apostas, normalmente feito com personalidades de destaque para maior convencimento dos assistentes.
Outra medida é dificultar as apostas, como proibir o uso do cartão de crédito no pagamento de apostas, o que está previsto para acontecer em 2025.
Necessário ainda haver maior controle da idade dos apostadores; o público jovem é o mais vulnerável às apostas.
O fenômeno é novo e mundial. O jogo, assim como bebidas, drogas e compras, alimenta a o cérebro com dopamina e gera expectativas de ganho no curto prazo. A frustração da derrota e da perda da aposta só é compensada com novas apostas, o que cria o uso compulsivo da aposta e a dependência.
As bets são porta aberta para tragédias, a inadimplência e a desestrutura familiar.