Este artigo fala da guerra na Ucrânia, mas o assunto “guerra” será o pano de fundo para destacar a coragem e a determinação de mulheres. O artigo é uma história de amor e coragem vivida em ambiente de guerra.
Em setembro de 2022, tropas russas ocuparam o leste da Ucrânia e tomaram medidas para conservar a área ocupada. Uma das providências que os russos tomaram foi retirar ucranianos do território em disputa e retiraram crianças e adolescentes ucranianos e os levaram para outros locais.
Os russos alegam que retiraram as crianças da zona de combate como atitude humanitária a fim de protegê-las.
Os ucranianos alegam que os russos sequestraram crianças e adolescentes a fim de levá-los para a Rússia, par reeducá-los e para que fossem criados como russos. Alegam que, assim agindo, os russos pretendiam exterminar parte da nova geração ucraniana e sua cultura, pois as crianças seriam criadas como russas.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 17 de março um mandado de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, responsabilizando-o por crimes de guerra, incluindo a deportação ilegal de crianças da Ucrânia para a Rússia.
O fato é que crianças e adolescentes foram afastados de seus pais e de suas famílias. Alguns pais viveram o drama de ficar meses sem ter notícias de seus filhos, sem saber se estavam salvos, onde estavam, para onde tinham sido levados e o que faziam.
A dor era agravada pelo ambiente de guerra, com bombardeios, ataques e mortes, que por vezes deixavam povoados e cidades sem energia elétrica e sem telefone.
Até que Natalya Zhernyk, 31 anos, recebeu um telefonema de seu filho Artem, que disse estar em Kupiansk, no leste da Ucrânia, região vizinha com a Rússia, juntamente com outros 15 adolescentes. Natalya disse que buscaria o filho na primeira oportunidade.
Não teve êxito na primeira oportunidade, porque tentou atravessar a região de guerra, submetida a bombardeios e tiros, para chegar até Kupiansk.
Ela, então, reuniu um grupo de mulheres, que tinham filhos em Kupiansk, dispostas a resgatá-los e, apoiadas pela organização “Save Ukranie”, as mulheres fizeram a viagem de 4.800 quilômetros para salvar os filhos.

Para não atravessarem a zona de guerra, elas fizeram a viagem pela Polônia e Belarus até chegarem à Rússia e, da Rússia, retornar a kupiansk, no território ucraniano.

Os pais não poderiam ir, porque os homens em idade de serviço militar não podem deixar a Ucrânia.
Ao chegarem a Kupiansk, corajosamente as mulheres enfrentaram os militares e as autoridades russas e resgataram os filhos. Fizeram o trajeto de volta, oposto ao de ida a fim de evitar a região de bombardeios e de luta, até ter os filhos sãos e salvos de volta ao lar.
Assim são as mulheres. Enfrentam guerras. Enfrentam inimigos. Enfrentam hostilidades. Vão longe. Superam obstáculos, tudo para salvar as pessoas amadas.
A paixão das mulheres é mais ardente que a dos homens.
Artigo escrito baseado em reportagem publicada pelo The New York Times.