O cientista russo Alexander Tsvetkov, hidrólogo e pesquisador do Instituto de Biologia de Águas Interiores da Academia Russa de Ciências, estava preso desde fevereiro deste ano após erro grosseiro de Inteligência Artificial e da interpretação radical dos dados por ela transmitidos.
Em fevereiro, Tsvetkov chegou de avião em Moscou, procedente de Krasnoyarsk, aonde tinha ido a serviço. Agentes de segurança o retiraram do avião e informaram-lhe que ele estava preso por ter sido identificado como autor de 3 assassinatos ocorridos em 2002.
Os agentes ignoraram os testemunhos de cientistas, que alegaram que Tsvetkov estava com eles no momento dos assassinatos, e apoiaram a acusação no fato de que o rosto de Tsvetkov, segundo sistema alimentado por IA, correspondia, em 55%, ao esboço desenhado por uma testemunha, havia mais de duas décadas, sobre o rosto do assassino.
Os assassinatos foram cometidos por dois homens, sendo que um deles havia se apresentado à polícia, admitiu a participação nos assassinatos e reconheceu, por fotos, Tsvetkov como seu parceiro. Mas seu depoimento apresentou inconsistências notáveis.
O assassino declarou que o cúmplice era morador de rua, bebia muito, fumava um maço de cigarros por dia e tinha tatuagens de anéis nos dedos das mãos e de um desenho celta nas mãos. Mas Tsvetkov nunca foi morador de rua, nunca bebeu, nunca fumou (apresentava problemas respiratórios desde criança) e não tem tatuagens nas mãos e nem nos dedos das mãos. Todos esses fatos foram confirmados pelos parentes de Tsvetkov, porém os agentes os ignoraram.
Os agentes de segurança desprezaram as evidências e deram credibilidade apenas ao sistema de IA que identificou que 55% do rosto de Tsvetkov correspondiam ao esboço do rosto do assassino feito por uma testemunha, porcentagem suficiente para identificar uma pessoa.
Colegas de trabalho de Tsvekov também declararam que estavam em sua companhia a quilômetros de Moscou quando dos assassinatos. Esses depoimentos também foram desprezados em detrimento do sistema de IA.
O caso de Alexander Tsvetkov tem sido notícia na Rússia desde sua prisão. Os russos fizeram campanhas pedindo sua libertação e, por intervenção do presidente russo Vladimir Putin, Tsvetkov foi libertado no início do mês. Porém, as acusações contra ele ainda não foram retiradas e ele ainda não foi inocentado.
Noticiou-se que Vladimir Putin comentou que “a inteligência artificial é um tema complexo e, se houver alguma falha nesta área, ela precisa ser analisada e as conclusões apropriadas devem ser tiradas”,
Outros casos de erros da IA têm surgido na imprensa. A IA ainda não é desenvolvida suficientemente a ponto de receber total confiabilidade. Ela não consegue atuar como um cérebro humano, com criatividade. É uma máquina fria, que baseia as respostas em algoritmos, dados nela implantados, estatísticas e modelos computacionais.
As informações da IA devem ser analisadas e filtradas antes de serem adotadas como verdade infalível.