Por Cláudio Duarte
Existem muitos tipos de pais.
Há pai presentes; há pai ausente.
Há pai afetuoso e carinhoso; há pai seco e autoritário.
Há pai que faz o papel de mãe; há mãe que faz o papel de pai.
Há pai que troca as fraldas dos filhos; há pai que não se sente confortável em fazê-lo.
Há pai provedor; há pai descuidado.
Há pai atleta; há pai burocrata e acomodado.
Há pai que se preocupa em deixar bens materiais para os filhos; há pai que se preocupa em dar educação para que os filhos conquistem os próprios bens.
Há pai religioso que se sente feliz em dar a bênção aos filhos todos os dias; há pai ateu que não se dedica a dar formação religiosa para os filhos.
Há pai viciado em trabalho que coloca o trabalho à frente da família; há pai que coloca a família à frente do trabalho.
Há pai responsável; há pai irresponsável.
Há pai que, apesar de morar na mesma casa com os filhos, é distante e não acompanha a vida deles; há pai distante que está sempre presente na vida dos filhos.
Há pai que adota filhos pelo amor; há filhos que adotam pai pelo amor.
Há filhos sem pai, pois o pai faleceu, mudou-se, afastou-se ou constituiu nova família.
Há pai que depende dos filhos; há filhos que dependem do pai.
Há pai que estuda com os filhos; há pai que deixa os estudos por conta das mães.
Há pai manso e calmo; há pai agressivo e violento.
A missão das mães é amar, consolar e compreender os filhos. A relação dos filhos com a mãe é mais constante, mais amorosa e oscila menos.
A missão do pai é educar, orientar, reprimir e punir. A relação dos filhos com o pai oscila mais, porque a missão do pai é muito mais difícil que a da mãe. A missão do pai faz gerar nos filhos sentimentos contraditórios e tortuosos.
Os filhos entendem melhor a função de ser pai depois que se tornam pais.
Minha experiência com meu pai? Vazia e, paradoxalmente, intensa.
Eu não conheci meu pai; eu tinha cerca de 1 ano de idade quando ele morreu.
Senti falta de ter tido pai. De ter o pai a segurar-me a mão, a guiar-me, a passear comigo, a incentivar-me ou a ver-me jogando futebol. Mesmo tendo tido mãe que cumpriu sabiamente as funções de pai e mãe, natural que eu sentisse falta dele.
Até que, um dia não sei quando, meu anjo da guarda soprou-me ao ouvido que eu não deveria importar-me com o fato de não ter tido pai e que eu deveria preocupar-me mais em ser bom pai para meus filhos. Uma vez mais, a diferença entre TER e SER: esquecesse o não TER e pensasse em SER.
Esta a mensagem: não se culpe, não cultive dores, remorsos ou traumas pelo pai que você teve ou por aquilo que ele foi ou é. Você é quem é pelo pai e pela mãe que teve.
Dedique-se a melhorar-se, a evoluir e a superar-se para ser bom pai, boa mãe, boa pessoa que saiba amar.
Assim, você, seus filhos, seus netos e o mundo terão muito a ganhar.
Cláudio Duarte é colunista e colaborador do PORTAL IMULHER.
4 Comentários
Hoje é dia de lermos muitas coisas sobre PAI mas para mim, esta que o Cláudio escreveu , está completa .
Agradeço pela mensagem no final texto.
Parabéns papai Cláudio Duarte !
Parabéns ao colunista Cláudio. Eu o imagino um pai sensacional. A falta que o pai fez em sua vida talvez tenha criado em sua mente o ideal de pai que ele gostaria. Isso o tornou o pai que ele queria ter tido. Todos precisam de um pai que cobra na justa medida para que não percamos a rota. Isso é responsabilidade por osmose. Isso é preparar o filho para a vida. Parabéns aos pais que nunca se furtaram à tarefa de ser o mentor de seu filho em tudo o que ele conhece. É uma missão sagrada.
Um texto muito assertivo.
SUPIMPA!!
Parabéns Cláudio. Muitos são os tipos de pais, que bom seria que pudéssemos apresentar apenas as qualidades positivas. Ninguém e perfeito. O ser, ou pelo menos a tentativa de o ser é realmente o que mais importa.