O verdadeiro líder não teme tomar decisões difíceis e dolorosas, nem teme desagradar a quem quer que seja.
Ele está ciente de sua responsabilidade perante a organização que dirige e sabe que o crescimento e a sobrevivência dela dependem de sua atuação e de suas decisões.
A coluna recorre a dois exemplos históricos.
O discurso inaugural de Churchill como primeiro-ministro da Grã-Bretanha diante do Parlamento Inglês, em maio de 1940, (a II Guerra Mundial estava em andamento e os nazistas conquistavam territórios na Europa) foi duro como os tempos que se anunciavam. Ele não fez promessas vãs e nem iludiu ninguém quanto à real situação que viviam e ao que teriam pela frente.
Disse Churchill: “Eu digo à Casa, como disse àqueles que se juntaram a este governo: nada tenho a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor.”
Winston Churchill não recebeu aplausos da plateia mas, de forma corajosa e visionária, preparava os britânicos para o que estava por vir: cinco longos anos de guerra e sofrimento.
Outro caso, também ocorrido durante a II Guerra Mundial, ilustra a importância do líder e de sua coragem de tomar decisões dolorosas. Dolorosas, mas necessárias e em nome da organização.
Após bombardear as posições inimigas no continente, uma esquadrilha da Força Aérea Americana retornava para o porta-aviões de onde partira para o cumprimento da missão. Era uma noite escura, sem lua, e fria de inverno.
Os pilotos retornavam satisfeitos; a missão tivera grande êxito. De repente, ouvem pelo rádio a mensagem do almirante, comandante do porta-aviões, que, em cinco minutos, apagaria todas as luzes do navio.
Os pilotos precisavam da orientação dada pelas luzes do navio para pousar em segurança. Os retardatários se desesperaram, pois não conseguiriam chegar a tempo para efetuar o pouso no navio.
Os pilotos apelaram ao comandante do porta-aviões, que permaneceu irredutível: em cinco minutos, e não mais que cinco minutos, apagaria todas as luzes do navio.
Completados os cinco minutos, o almirante cumpriu o prometido e todas as luzes foram apagadas. Cinco aviões não chegaram a tempo e perderam-se nas águas frias do oceano.
A tripulação do navio, que acompanhara os cinco minutos angustiantes, se revoltou e foi protestar com o comandante. Por que ele fora tão intransigente? Por que não esperara mais cinco minutos? Ele fora o responsável pela morte de cinco pilotos que tinham cumprido sua missão e que não chegaram a tempo de pousar com as luzes acesas.
O velho almirante ouviu os questionamentos sério e impassível. Deixou que todos falassem. Depois que ouviu todas as queixas, o almirante convidou a todos para fazerem silêncio. Neste momento, todos ouviram o ronco surdo em volta do porta-aviões. Era uma esquadrilha nazista que viera em perseguição aos caças americanos.
Foi então que o comandante falou: “Eu tive de decidir entre condenar cinco pilotos ou pôr em risco os milhares de tripulantes deste navio. Se as luzes tivessem permanecido acesas, a esta hora estaríamos sendo bombardeados ou até mesmo teríamos afundado. Eu não titubeei ao tomar a decisão”.
Claro que não foi uma decisão fácil, e o comandante deve ter sofrido ao tomá-la. Mas era a decisão que se fazia necessária no momento e com a qual, por conta do sacrifício de poucos, ele salvou a vida de milhares de tripulantes e da embarcação pela qual era responsável.
Os gerentes não precisam tomar decisões de tamanha gravidade, mas sempre deverão tomar decisões difíceis e devem estar preparados para tomá-las. O planejamento, o conhecimento da situação e o foco no objetivo devem nortear as decisões a serem tomadas.